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Torcedor do Grêmio leva amigos negros para depoimento e nega racismo

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

03/09/2014 17h31

Fernando Ascal foi o último torcedor do Grêmio a depor nesta quarta-feira sobre o caso de racismo envolvendo o goleiro Aranha, do Santos. Ele falou por cerca de uma hora na 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre e não esteve sozinho. Dois amigos negros do rapaz serviram de testemunha contra atos de injúria. Aos policiais, ele negou participação e disse que não ouviu os chamados de 'macaco' ao jogador rival. 

"A Geral não é racista, olhem a minha cor", gritou um dos amigos de Fernando, já no carro que o levou da delegacia. De cabeça baixa, ele tentou se desvencilhar dos repórteres presentes e não falou coisa alguma. Foram dois amigos negros frequentadores da Geral que aguardaram na antessala da 4ª DP o julgamento de Fernando. Enquanto esperavam, eles comentaram que não há racismo entre os aficionados gremistas, mas preferiram não se identificar.
 
Segundo o comissário Lindomar Souza, ele foi bastante direto e não auxiliou na busca pelos responsáveis pelos atos. 
"Ele foi direto. Disse que não viu, não ouviu e nem praticou nenhum ato de racismo. Foi isso", simplificou o comissário. 
 
Fernando foi o terceiro torcedor do Grêmio que se manifestou nesta quinta-feira. Antes, Rodrigo Ryskyd, o Alemão da Geral, falou pela manhã, e à tarde, Éder Braga, que também é negro, compareceu na polícia para esclarecer as imagens em que aparece. 
 
Patrícia Moreira fala na quinta-feira
 
A jovem Patrícia Moreira, de 23 anos, virou símbolo dos atos racistas contra o goleiro Aranha. Flagrada nas imagens de transmissão do jogo chamando o camisa 1 de 'macaco', a torcedora do Grêmio irá se manifestar na manhã desta quinta. 
 
Mais dois mandados foram expedidos nesta quarta, um deles a Bruno Pasini Garcia. E um terceiro torcedor será chamado a se manifestar. Juliano Franczak, conhecido como Gaúcho da Geral, que é suplente no Conselho Deliberativo do Grêmio, também precisará se explicar. 
 
Após a análise das imagens, os investigados que forem considerados suspeitos de injúria racial contra o atleta santista serão indiciados. Ao todo, 9 pessoas já foram selecionadas para se manifestar sobre o caso.