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Ingresso está caro? Corinthians dá 2 mil cortesias por jogo no Itaquerão

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

04/09/2014 06h00

O torcedor comum faz protestos e pede preços mais acessíveis no Itaquerão, que só oferece 11 mil bilhetes populares. Em áreas mais nobres de sua nova casa, porém, o Corinthians distribui, em média, 1,9 mil tíquetes gratuitos por jogo para “convidados, parceiros e patrocinadores”.

As entradas são discriminadas como “promocionais” ou de “venda proibida” nos borderôs do jogo, emitidas com valor de face de R$ 25. Nos oito primeiros jogos do Itaquerão, analisados pelo UOL Esporte (o da última quarta, contra o Bragantino, não foi considerado), foram 15,4 mil convidados em áreas mais nobres do estádio.

O número é considerável para o tamanho do Itaquerão. No jogo entre Corinthians e Bahia, por exemplo, das 30.819 pessoas que foram ao estádio, 2.204 não pagaram. Significa que 7% do público total do estádio não gerou renda ao clube em termos de venda de ingressos.

A prática ganha importância diante da polêmica que cerca a lotação do Itaquerão. Torcedores comuns têm se organizado para combater o que entendem ser uma “elitização” do clube, historicamente associado às camadas mais pobres da população. Em sua nova casa, o Corinthians só oferece 3,5 mil lugares populares a torcedores comuns – dos 11 mil assentos dessa modalidade, 7 mil estão reservados às organizadas.

Na prática, então, o Corinthians dá, em forma de cortesia, metade dos ingressos que coloca à disposição de seu torcedor que não pode pagar mais de R$ 50 por um bilhete (menor valor praticado no Itaquerão). Essas pessoas que entram gratuitamente ficam nas arquibancadas Leste, Oeste ou nos camarotes, as mais nobres do estádio.

“Nós fazemos tudo da forma mais correta possível. Nós emitimos esse bilhete com o menor valor de bilheteria do estádio para efeito de contabilização. Ele entra no borderô e nós pagamos o imposto referente a ele abatendo da renda total do jogo”, disse Lúcio Blanco, gerente de arrecadação e um dos gestores do estádio, ao UOL Esporte.

A prática é antiga e já acontecia no Pacaembu, mas se intensificou no Itaquerão. O departamento de arrecadação alvinegro explica que as cortesias são parte de acordos do clube com seus diferentes parceiros comerciais. Cada uma das empresas que mantêm relação com o clube, além de dirigentes e jogadores, podem levar convidados ao estádio. Recentemente, uma parceria em especial teria pesado para fazer o número de cortesias ser tão alto.

“Nós estamos terminando um acordo feito com a Prefeitura por conta da Copa. Nós cedemos ingressos para todos os profissionais que trabalhara na limpeza urbana da cidade durante o Mundial. Esse compromisso deve terminar de ser cumprido nos próximos jogos e esse número deve cair”, disse Lúcio Blanco,

A projeção do dirigente é que o número de cortesias caia de 2 mil para cerca de 1,2 mil, média que era praticada nos tempos de Pacaembu e que pode variar de acordo com a demanda da partida. Ainda assim, o número é considerável, principalmente pela perda financeira.

Quem vai aos setores nos quais o Corinthians oferece cortesia paga, em média, R$ 100 por cada bilhete. Sem cobrar nada dessas pessoas, o clube deixou de arrecadar, no mínimo, R$ 1,5 milhão. Como normalmente quem recebe a cortesia usa o prédio Oeste, cujo tíquete médio é maior que R$ 100, o valor poderia ser ainda maior.