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Flu aperta cintos e pagará 2 Freds por mês para quitar dívidas em 15 anos

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/09/2014 06h00

Enquanto tenta salvar sua temporada com uma boa campanha no Campeonato Brasileiro, o Fluminense se prepara também para apertar de vez os cintos na área financeira. Além dos investimentos cada vez menores da parceira Unimed Rio, o Tricolor agora terá que pagar, no total, o equivalente a dois salários do ídolo Fred por mês para conseguir quitar suas dívidas em 15 anos.

O Fluminense aderiu recentemente ao Refis aberto pelo Governo Federal e irá financiar R$ 52 milhões em dívidas. Serão 179 parcelas mensais de R$ 150 mil até 2029 pelo refinanciamento, somados aos R$ 500 mil fixos da Timemania que serão pagos até 2027 e os cerca de R$ 1,1 milhão do Ato Trabalhista, numa soma de R$ 1,7 milhões mensais. O jogador mais caro do elenco, Fred, recebe – com ajuda da Unimed Rio –  pouco menos de R$ 900 mil, metade deste montante.

E nos primeiros meses, o valor será ainda mais elevado, já que o Fluminense precisará pagar R$ 4,85 milhões para aderir ao Refis, divididos em cinco parcelas mensais de R$ 970 mil. Ou seja, nos próximos meses, serão cerca de R$ 2,5 milhões utilizados pelo Tricolor para quitar suas dívidas. Com esse valor, o clube poderia custear quase três Freds.

A retirada de tamanho montante dos cofres, é claro, prejudica o futebol tricolor. O vice de futebol Mário Bittencourt apontou a necessidade de pagar as dívidas como um dos motivos pelos quais o clube encontra dificuldades para se reforçar para o Campeonato Brasileiro.

“Isso tem um custo de entrada, custo mensal. Você imagina que hoje temos a folha de funcionários, a folha do futebol, uma folha de funcionários do passado, que é o Ato Trabalhista, e uma folha fiscal. Isso nos leva a uma dificuldade financeira. Mas não é porque o clube quebrou. É uma dificuldade porque a atual gestão quer reerguer o Fluminense financeiramente”, explicou Mário Bittencourt.

Embora cause um aperto nas contas no momento, a entrada para o Refis é uma vitória para o Fluminense, que agora terá uma convivência mais tranquila com sua dívida, sem penhoras inesperados. O Tricolor, no entanto, não pode atrasar os pagamentos se não quiser sair do programa aberto pelo Governo Federal.

Além da possibilidade de controlar melhor o fluxo de caixa do clube, o Fluminense conseguiu também um desconto valioso no montante. O Tricolor deixará de pagar R$ 19 milhões do total da dívida renegociada, algo que facilitará bastante o pagamento do montante.

Com o Refis, o Fluminense encerra um momento financeiro delicado acentuado no ano passado, quando ficou sem receber o pagamento do Shakhtar Donetsk-UCR pelo atacante Wellington Nem pela ameaça de penhora. Na ocasião, o clube travava uma guerra com a Procuradoria da Fazenda Nacional, acusada pelo Tricolor de dar tratamento melhor – e um acordo - ao rival Flamengo e prejudicar o time das Laranjeiras.

O pagamento das dívidas tem se mostrado um desafio para o Fluminense. O Tricolor chegou a ser excluído do Ato Trabalhista, que centraliza a cobrança de dívidas em processos judiciais, ao qual retornou em 2011. O clube também teve que retornar à Timemania no fim de 2013 após ser retirado do plano. Quitar as dívidas é uma das bandeiras do presidente Peter Siemsen, que assumiu o cargo no começo de 2011 e foi reeleito em 2013.