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Botafogo tem a fama, mas livro mostra que outro time começou chororô no Rio

"Jogo do Senta" foi amplamente noticiado pela mídia na época - Reprodução/arquivo
"Jogo do Senta" foi amplamente noticiado pela mídia na época Imagem: Reprodução/arquivo

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/09/2014 06h07

O Botafogo ficou rotulado como time do ‘chororô’ após a final do Campeonato Carioca de 2007, quando todos os atletas do elenco, o então treinador Cuca e o presidente Bebeto de Freitas foram para a coletiva de imprensa reclamar dos erros de arbitragem de Marcelo De Lima Henrique. Entretanto, o escritor alvinegro Paulo Cezar Guimarães lançará na próxima terça-feira o livro “Jogo do Senta: a verdadeira origem do chororô”, que acirra a rivalidade com o Flamengo, dizendo que o Rubro-negro foi o primeiro a reclamar efusivamente do homem de preto durante clássico entre as equipes.

O autor deixa claro que o livro é totalmente baseado em fatos históricos, com reportagens de jornais da época. Paulo Cezar Guimarães explica o objetivo do “Jogo do Senta”, da editora Livros de futebol: trazer ao conhecimento do público uma partida tão polêmica que pouco é comentada nos dias de hoje. “Até mesmo alguns botafoguenses fervorosos desconhecem a história. É o caso do Montenegro [presidente do Alvinegro na conquista do Brasileiro de 1995]”, explica ao UOL Esporte.

Em 10 de setembro de 1944, o Botafogo de Heleno de Freitas venceu o Flamengo por 5 a 2, em General Severiano. A partida entrou para a história porque o Rubro-negro não duelou até o apito final. Inconformado com a validação do ultimo gol alvinegro, o time sentou no chão e se recusou a levantar. O time da Gávea se recuperou na sequência da competição e faturou o Carioca daquela temporada. O "Jogo do Senta" completa 50 anos na próxima quarta-feira, um dia depois do lançamento do livro, que será lançado na terça, às 19h, na sede do Alvinegro.

“Vi que faria 70 anos e que o jogo era pouco conhecido. O Montenegro foi um dos primeiros entrevistados de um total superior a 30 personagens. Foi um jogo de meio de campeonato e o Botafogo ganhava de 4 a 2. No quinto gol, os jogadores do Flamengo reclamaram que a bola não teria entrado. Incentivado pelos dirigentes, os rubro-negros sentaram e disseram que não jogariam mais. Pouquíssimos foram contra, caso do então técnico Flavio Costa. Apenas dois atletas se recusaram a sentar, entre eles o pai do Jayme de Almeida [técnico de futebol]”, disse.

Na época, o futebol já despertava a paixão do povo e o caso teve grande repercussão na época. Evidentemente, os desdobramentos sequer se comparam ao capítulo do “chororô” do Botafogo. Segundo Paulo Cezar Guimarães, os tempos são outros e isso contribui para o ‘esquecimento’ do “Jogo do Senta”.

“A torcida do Botafogo presente no jogo foi à loucura. Gritavam: “Senta, senta, para não apanhar de mais”. Ficou conhecido como “Jogo do Senta”. O futebol já mexia muito com as pessoas naquela época. Não tinha uma mídia com a mesma repercussão de hoje em dia. Contei a história dessa partida de forma extrovertida, mas tudo é fato, é historia. Tudo noticiado pelos maiores jornais”, afirmou.

“É uma resposta ao “chororô”. Quem chorou antes foi o Flamengo. Falam muito do Botafogo, mas a historia mostra ao contrario. Já escutei muito que estou querendo mudar a história, mas na verdade quero apenas mostrar os fatos como eles são. Tudo começou com o próprio Flamengo muito antes. Meu sonho como jornalista é que as pessoas tomem conhecimento desse fato. Mostrar quem é o verdadeiro chorão no futebol carioca”, encerrou.