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Mesmo com elenco estrelado, São Paulo vive carência de jogador

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

05/09/2014 06h00

Paulo Henrique Ganso, Kaká, Alan Kardec, Alexandre Pato, Luís Fabiano... Poucos clubes podem contar com nomes com esse peso em seu elenco. Mesmo assim, o São Paulo está sofrendo com carência de jogadores, de acordo com o discurso do técnico Muricy Ramalho. No último jogo, contra o Criciúma, o treinador disse que sentiu falta de atacantes para reposição.

Pato pegou uma virose de última hora. Ademílson foi convocado pela seleção brasileira sub-21. Luís Fabiano ainda se recupera de lesão. E Muricy não tinha ninguém no banco para mudar o ataque de sua equipe. “Tinha o menino Ewandro, mas ele ainda sente um pouco quando entra”, afirmou o treinador.

Há carência também na lateral esquerda. Michel Bastos, que é meia, jogou improvisado na posição. Muricy admitiu que teve “receio” ao colocar o reserva Reinaldo no lugar de Bastos, numa tentativa de variação tática durante o jogo. “Se eu perdesse o Reinaldo, não teria ninguém para botar ali, nem pra improvisar”, lamentou. O titular da posição, Álvaro Pereira, está a serviço da seleção uruguaia.

Há poucos jogadores e muitas partidas.

O último jogo do São Paulo havia sido no domingo. Venceu o Criciúma na quinta. E voltará a campo no próximo domingo. Nas três partidas, terão jogado praticamente os mesmos atletas. “É muito difícil a recuperação. Vamos fazer o possível para recuperá-los. Não dá para manter o mesmo ritmo em dois jogos seguidos.”

O treinador não quis escalar um time misto para enfrentar o Criciúma porque precisava da vitória para se manter vivo na Sul-Americana. Deu certo – o São Paulo ganhou por 2 a 0 e avançou na competição. Mas a maratona que está por vir, que o técnico batizou de “jogo domingo-quarta-domingo-quarta”, já o preocupa e ele vai apelar a atletas verdes da base para compor o grupo.

“Eu tenho problema até para formar banco. Amanhã [na sexta], vamos chamar alguns garotos da base para treinar conosco. Temos que dar uma oportunidade a eles porque vamos precisar.”

Além do reforço dos jovens, Muricy espera contar com a volta de Luís Fabiano e Antônio Carlos, ambos se recuperando de lesão. O zagueiro é que tem mais chance de voltar a estar disponível no domingo, contra o Sport. Já o atacante, que vivia a expectativa de ser relacionado neste fim de semana, vai ter que esperar um pouco mais. De acordo com Muricy, Luís Fabiano ainda não tem “a mínima condição” de jogar.

Nos bastidores do São Paulo, não se fala em contratações de última hora, ainda mais porque o clube botou a mão no bolso na janela de transferência passada e gastou bastante para se reforçar. Muricy terá de ser virar com o que tem.

Poupar seus principais jogadores mesmo em momentos decisivos é uma realidade palpável. Ele deu o exemplo de Kaká. “O Kaká é um dos que mais corre, porque se dedica muito, mas também é um dos que mais se desgasta. Temos que ficar atentos para evitar lesões.”

“Dizem que jogador é pago para jogar, que tem que jogar sempre, isso e aquilo. É um discurso muito bonito, muito romântico, mas na prática, a realidade é dura. Eu não sou romântico.”

Apesar do discurso do técnico parecer pessimista, ele lembra que o desgaste físico é um problema de todas as equipes do Brasil. “Não é só o São Paulo. Hoje tudo é mais. Você corre mais, viaja mais, cansa mais. E temos poucos jogadores. É assim para todo mundo.”

O jogo contra o Sport será apenas o último do primeiro turno do Brasileiro. Na Sul-Americana, o São Paulo entrou só agora nas oitavas de final. O clube tem menos de 30 profissionais no elenco. E no mínimo mais 22 jogos pela frente.  A maratona ainda está longe do fim.