Aranha diz que perdoa gremista, mas nega revê-la: "Que pague pelo que fez"

O goleiro Aranha disse que “como cristão e ser humano” perdoa a torcedora do Grêmio que o chamou de macaco durante um jogo, mas afastou completamente a possibilidade de reencontrá-la, como Patrícia gostaria. O jogador do Santos disse que aceitou o pedido de desculpas que ela fez no momento em que foi depor na delegacia em Porto Alegre, mas espera que as leis sejam duras com ela.

Patrícia responderá pelo crime de injúria racial.

“Da minha parte, como cristão, como ser humano, eu precisava de um pedido dela de desculpas para poder desculpá-la. Isso não quer dizer que eu não quero que a justiça seja feita. Ela errou, tem as consequências, só assim, a sociedade vai se conscientizar. Que pague pelo que ela fez.”

Ele foi enfático ao ser questionado por jornalistas, mais de uma vez, se aceitaria se reencontrar com a torcedora: “Acho que não é necessário. Não a conheço, não sou amigo, e não tenho interesse em conhecê-la. Poderiam dizer que nós queremos nos promover, o que não é o caso.”

Muito sereno após a vitória do Santos sobre o Vitória, o goleiro agradeceu à imprensa e às pessoas que se solidarizaram com ele e começaram a discutir sobre racismo. “Estou satisfeito com muitas coisas, satisfeito com a mobilização pela causa. Agradeço a imprensa por divulgar tudo, a gente tem que ter coragem para falar dessas coisas.”

O goleiro também disse que está chateado com a reação desproporcional da reação de alguma pessoas contra Patrícia. Ele criticou particularmente aqueles que apedrejaram a casa da torcedora, em Porto Alegre.

“Estou chateado pela que aconteceu com a casa da garota, porque não foi só ela [que disse xingamentos racistas no estádio], tinha muita gente. Apedrejaram, ameaçaram... eu até entendo a mágoa de muita gente que estava com isso engasgado, quis extravasar, mas um erro não justifica o outro. Se queremos um país mais justo e igual, temo que respeitar o próximo.”

Aranha deu um recado para aqueles que estão tentando tornar a vida de Patrícia Moreira um inferno. “Peço pra tomarem cuidado porque às vezes de vítima podemos passar a agressor.”

Exclusão do Grêmio da Copa do Brasil

Questionado sobre se concordava com a exclusão do Grêmio da Copa do Brasil, medida tomada pela Justiça desportiva para punir o clube pelo comportamento de sua torcida, o jogador preferiu não opinar. Mas deixou claro que a punição vai ter fator pedagógico nos estádios.  A diretoria gaúcha vai recorrer da decisão.

“Sobre a lei, tem outras pessoas mais competentes que eu para falar. Eu agradeço o empenho de todos para que as coisas fossem adiante. Se eu gostei ou não da decisão que o STJD tomou, isso não cabe a mim. Agora, a lei está aí justamente para isso. Claro que preferíamos ganhar [do Grêmio] no campo, mas o nosso time não procurou essa situação”, disse Aranha.

“O que eu espero é que as pessoas de bem, quando ouvirem um xingamento racista, abafem com vaias, tirem essas pessoas do seu meio. Só assim vamos conseguir ter um clima bom e de família nos estádios.”