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Futebol feminino terá R$ 10 mi e 15% de legado da Copa. Só falta calendário

Caixa apresentou patrocínio à segunda edição do Campeonato Brasileiro de futebol feminino - Guilherme Costa / UOL
Caixa apresentou patrocínio à segunda edição do Campeonato Brasileiro de futebol feminino Imagem: Guilherme Costa / UOL

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

08/09/2014 18h30

A Caixa Econômica Federal renovou contrato com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e vai investir R$ 10 milhões para patrocinar neste ano a segunda edição do Campeonato Brasileiro de futebol feminino. A modalidade também receberá 15% do fundo de legado da Copa do Mundo de 2014, que foi criado pela Fifa e terá aporte inicial de US$ 20 milhões (R$ 45,3 milhões). Ainda assim, o futebol feminino do Brasil vive uma crise. E o principal motivo para isso, na visão de autoridades do esporte, é a falta de um calendário adequado.

A avaliação ficou clara nesta segunda-feira (08), na apresentação da segunda edição do Campeonato Brasileiro de futebol feminino. Em pelo menos cinco momentos do evento realizado em São Paulo alguém usou como exemplo a seleção feminina sub-20, que perdeu para a Alemanha por 5 a 1 na fase de grupos da Copa do Mundo da categoria – o duelo foi disputado no dia 12 de agosto de 2014.
 
“O nosso sub-20 não tem calendário. A seleção se reúne e vai jogar. Faço um apelo para que as pessoas joguem mais futebol feminino no país. Precisamos de um calendário para que a modalidade consiga se desenvolver”, disse Oswaldo Alvarez, o Vadão, técnico da equipe nacional na categoria principal.
 
“De forma muito sábia, o Vadão resumiu o problema do nosso futebol feminino: precisamos jogar. A sub-20 não tinha condições na Copa. Nós vencemos o primeiro tempo por 1 a 0 e fizemos enorme esforço, mas não tivemos regularidade e perdemos para a Alemanha”, completou Aldo Rebelo, ministro do Esporte.
 
“A nossa seleção sub-20 perdeu para a Alemanha por 5 a 1, mas nós estamos de parabéns. As meninas não têm campeonato, não jogam o ano todo, mas chegaram lá e não fizeram feio”, avaliou Michael Jackson, ex-jogadora e atual coordenadora-geral de futebol profissional do Ministério do Esporte.
 
A pasta trata a criação de um calendário como alicerce fundamental para qualquer plano voltado ao futebol feminino. O assunto foi tratado em reunião recente de Toninho Nascimento, secretário nacional de futebol do Ministério do Esporte, em reunião com o Bom Senso FC, grupo que surgiu no segundo semestre de 2013 para defender demandas do futebol masculino.
 
“Precisamos ter um calendário para conseguirmos seguir com levar qualquer discussão sobre a profissionalização do futebol feminino. Isso está muito claro. Hoje em dia não há nem um meio de se fazer contratos anuais, já que as jogadoras só têm atividades em quatro meses. Não dá para pagar o ano todo. Conversamos sobre isso com o [Rinaldo] Martorelli [presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo], e ainda estamos estudando o que se pode fazer”, explicou Nascimento.
 
A consolidação do Campeonato Brasileiro é nevrálgica para esse plano de criação de um calendário. O investimento da Caixa será suficiente para custear toda a logística da competição – viagens, hospedagem, arbitragem e custos operacionais, por exemplo.
 
“Também precisamos fazer um trabalho árduo para criar competições na base. Precisamos incentivar prefeituras para que deem apoio, por exemplo. Hoje nós precisamos nos concentrar no time principal, que vai jogar as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Aí sim, talvez consigamos pensar num calendário para a base”, avisou Vadão.
 
O Campeonato Brasileiro de futebol feminino de 2014 será disputado por 20 equipes e terá quatro fases. O início está marcado para 10 de setembro, e a decisão está agendada para novembro.
 
“Nós tivemos o exemplo recente com o futebol masculino, com a criação da Copa do Brasil sub-17 e sub-20. Temos todo interesse de criar um calendário mais forte para o futebol feminino”, afirmou Virgílio Elísio da Costa Neto, diretor de competições da CBF.
 
Para ele, porém, tem de partir dos clubes o primeiro passo para a consolidação das categorias de base do futebol feminino: “Não é papel da CBF participar da gestão das equipes”.