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Cruzeiro projeta "vida longa" para Marcelo, mas eleição adia renovação

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

10/09/2014 06h00

Marcelo Oliveira chegou ao Cruzeiro rodeado de desconfiança por parte dos torcedores por seu passado ligado ao rival Atlético-MG, mas superou essa questão com o título brasileiro do ano passado e a manutenção do bom trabalho nesta temporada faz os dois lados projetarem “vida longa” para o treinador. Apesar disso, a antecipação da renovação de contrato do técnico, que se encerra no final do ano, não está nos planos da diretoria, por dois motivos: manter o foco na campanha do bicampeonato e a eleição para a Presidência do clube, em dezembro próximo.

O mandato do presidente Gilvan de Pinho Tavares termina nesta temporada e ele já admitiu publicamente que se candidatará à reeleição no fim do ano. Pelo bom rendimento em campo e a boa relação com o Conselho Deliberativo, o atual mandatário não deverá ter dificuldades para se reeleger. Tanto que se candidatou ao cargo de deputado estadual para conciliar o cargo político, caso seja eleito, com os prováveis mais três anos de mandato.

Questionado pelo UOL Esporte sobre o interesse em renovar o vínculo com o técnico Marcelo Oliveira por mais uma temporada, o presidente cruzeirense adotou um tom precavido, mas evidenciou o desejo em continuar com treinador ao fim da temporada.

“As renovações de contrato da comissão técnica e dos jogadores só serão tratadas ao fim do Campeonato Brasileiro. Não queremos que nada nos tire o foco da disputa. Mas o Cruzeiro se mostra muito satisfeito com o trabalho de todos e, se for possível, vai manter os profissionais no clube”, disse Gilvan.

O trabalho do treinador vem sendo muito bem avaliado pela diretoria do Cruzeiro, que acena com a continuidade de Marcelo Oliveira, mesmo em caso de reviravolta no Brasileirão e da não confirmação do título. O Cruzeiro foi campeão simbólico do primeiro turno, com 43 pontos, sete a mais do que o segundo colocado, São Paulo. A identificação criada por Marcelo com o clube nos dois últimos anos e o bom ambiente, que é muito valorizado por todos os profissionais na Toca da Raposa, são as justificativas usadas pelos cartolas.

“O trabalho está sendo feito é de agrado da diretoria, dos jogadores, dos torcedores. Temos a máxima confiança que vamos chegar ao título mais uma vez. Mas caso não aconteça, não seria por isso que o Marcelo não deverá permanecer no Cruzeiro. As três partes se dão muito bem, o clube, a comissão técnica e o grupo de jogadores. Não vejo motivo para um divórcio em um futuro próximo”, disse o gerente de futebol, Valdir Barbosa, ao UOL Esporte.

O treinador foi uma escolha pessoal do presidente Gilvan em um planejamento pensando em um time que jogasse um futebol ofensivo e envolvente, que acabou rendendo frutos como o título nacional após 10 anos. “Para nós nunca existiu essa questão de clubismo, nós acreditamos no profissional e por isso o Marcelo foi contratado, mesmo com algumas pessoas rejeitando por causa de sua origem. O Cruzeiro o manteve e ficou comprovado que o presidente e o restante da diretoria estavam com a razão”, destacou Barbosa.

Os maiores trunfos de Marcelo Oliveira para seguir à frente do clube são a proposta de jogar um futebol ofensivo que na visão dos dirigentes está “encantando todo o Brasil” e a capacidade de gerir um grupo qualificado com diversos atletas que foram titulares por outras equipes. Não aconteceram atos de indisciplina, pelo menos que tenham se tornado públicos, e jogadores descontentes já deixaram o grupo, como o volante, Souza, por exemplo.

Vida longa na Toca  - Washington Alves/Light Press - Washington Alves/Light Press
Marcelo comanda treino do Cruzeiro na Toca, em dia a dia cuja tranquilidade é garantida por campanha no Brasileirão
Imagem: Washington Alves/Light Press

A posição da diretoria coincide com o pensamento do treinador, que igualmente projeta vida longa na Toca da Raposa como objetivo de carreira. “A minha projeção é canalizada no tempo de Cruzeiro e melhorar o trabalho a cada temporada. No Brasil é pouco comum o técnico ficar muitos anos num clube. Talvez seja um sonho ampliar esse vínculo com o Cruzeiro”, afirmou.

Ele garante que não há nenhum tipo de desgaste com o grupo após dois anos no comando. Seguir na Toca tem outra vantagem para Marcelo: continuar morando em Belo Horizonte ao lado da família. “Temos um ambiente saudável, com jogadores unidos. Quero cumprir meu contrato e fazer parte da história desse clube. O importante é que eu esteja feliz e que o Cruzeiro esteja feliz com meu trabalho também”, comentou.

O treinador ainda vê a continuidade do trabalho com a manutenção da comissão técnica e grande parte do grupo de jogadores como chave para o sucesso do Cruzeiro e a grande campanha no Brasileirão. “Esse é um dos grandes problemas do futebol brasileiro. Uma equipe tem três, quatro técnicos no ano e não tem uma filosofia de jogo. Muda-se o treinamento, muda-se os jogadores. O Cruzeiro teve a competência de manter os principais jogadores e a comissão técnica também. Isso permite que o trabalho seja bem feito e gere resultados”, ressaltou.