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Polícia prende suspeito de incendiar casa de gremista acusada de racismo

Marinho Saldanha*

Do UOL, em Porto Alegre

12/09/2014 18h10

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu na tarde desta sexta-feira um homem suspeito de atear fogo na casa da torcedora gremista Patrícia Moreira, flagrada em atos racistas contra o goleiro Aranha, do Santos, em duelo entre as duas equipes no último dia 28. Ele foi identificado por uma testemunha como responsável por incendiar a casa de Patrícia durante a madrugada. De acordo com a polícia, o suspeito é Elton Grais, de 28 anos. Segundo os policiais ele admitiu ter cometido o ato motivado pela atitude da jovem torcedora.

Elton foi detido próximo a 14ª Delegacia de Polícia no início da noite desta sexta. De acordo com o delegado Tiago Baldin, Grais alegou que estava bêbado e 'com nojo' da gremista por conta dos atos racistas. A prisão preventiva será solicitada ainda nesta sexta-feira. Ele já tinha passagens na polícia por tráfico de drogas e porte ilegal de armas.

O caso assustou os moradores do bairro Passo das Pedras, na zona norte de Porto Alegre. Vladimir Brum, de 37 anos, foi o primeiro a ver a residência com foco de incêndio próximo ao registro de água, perto do portão, logo na entrada. O que gerou o fogo foi lixo arremessado já em chamas na casa da jovem de 23 anos, que deixou o local depois da repercussão do caso de injúria racial contra o goleiro do Santos. As chamas atingiram um banco que abrigava o cão de estimação da família, panos, a porta do porão e subiu a parede até a caixa de luz. Se alguma parte da casa fosse de madeira, o estrago seria bem maior.

Brum relata que um homem estava próximo ao foco de incêndio e fugiu do local tão logo os vizinhos se aproximaram. "Ele é conhecido, mora na região, mas não posso afirmar que foi ele. Conheço desde criança, nos criamos aqui. Não tenho como dizer se foi ele que ateou fogo ou tentou apagar", explicou Vladimir.

A polícia foi avisada nesta sexta-feira e um Boletim de Ocorrência registrado. Os bombeiros estiveram na casa e ajudaram a apagar o fogo durante a madrugada. Mas a análise do local tornou-se pouco útil. Sidney Moreira, irmão de Patrícia, já havia limpado as cinzas. O que restou foi o registro de água queimado, uma mancha preta no chão e marcas de fogo próximos a caixa de luz. O cachorro, que não se feriu, foi recolhido pela polícia.

A vizinhança acredita que a tentativa de incêndio tenha relação com o caso de racismo na Arena do Grêmio. "Acho que tem a ver. Todos aqui sabem que a casa está vazia. Quem fez isso não queria machucar ninguém, porque não tem ninguém na casa. Quem fez isso queria novamente chamar atenção para isso, para o que aconteceu", finalizou Vladimir.

Por volta das 16h30, o Instituto Geral de Perícias esteve no local. Um relatório será firmado em até 30 dias para esclarecer as condições da tentativa de incêndio.

Patrícia Moreira e outros quatro torcedores do Grêmio deve ser indiciados pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul assim que as investigações sobre os atos de injúria racial contra o goleiro Aranha tenham fim. Tal prazo deve vencer no fim da próxima semana.

*Atualizado às 19h52