M. Silva mostra otimismo com futebol brasileiro, mas ataca base deficiente
O momento do futebol brasileiro pode ser difícil, mas está longe de ser desesperador. Pelo menos é assim que pensa Mauro Silva. Campeão do mundo em 1994, o ex-jogador e agora assistente técnico pontual de Dunga fez uma análise otimista da situação do esporte nacional após estar com a seleção nos amistosos contra Colômbia e Equador.
Mesmo ciente de que o país precisa melhorar em alguns aspectos após a eliminação por 7 a 1 na Copa do Mundo, o ex-volante vê potencial para uma seleção brasileira “fortíssima”.
“O momento é difícil, mas não é tão grave como pode dar impressão aqueles 7 a 1. Claro que a gente sempre pode melhorar, e deve. É importante ter o diagnóstico sobre nossos pontos fortes, o que fazemos bem o que não fazemos, onde temos margem para melhorar”, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta segunda-feira.
“A questão do planejamento, da organização, da disciplina. É uma questão que não está só no futebol. Está relacionada à cultura do brasileiro. A gente tem potencial gigante e poderia ter uma seleção fortíssima. Revelar muitos jogadores, mas precisa rever certas coisas para isso”, aumentou.
Apesar do otimismo, Mauro Silva fez duras críticas à base do jogador no futebol brasileiro, definida por ele como “deficiente”. Hoje com 46 anos, o assistente técnico da seleção acredita que os atletas precisam permanecer no país por mais tempo antes de encarar a Europa.
“Sim (é deficiente). Às vezes na base também tem uma demanda grande por resultado, por ganhar. É preciso definir o que se quer na base. A gente quer ganhar ou formar jogadores? Se quer cuidar do aspecto técnico, tático, lapidar e ter esse carinho com os jogadores. A base depois chega na seleção, afeta o nível do campeonato brasileiro, afeta tudo. É preciso ter um projeto esportivo na base para formar jogadores para o time principal”, analisou.
“Quando fui para a Espanha tinha 24 anos e uns 30 jogos pela seleção. Numa situação dessas, você está preparado. Está formado técnica, tática e emocionalmente. Quando o jogador vai com 17, 18 anos .... temos casos de sucesso, mas muitos de insucesso. O jogador não está maduro para dar o passo. Mas acha que vai ganhar mais dinheiro. Encontrar o futebol mais organizado. Acaba que a formação dele lá fora não é tão boa, o jogador não consegue atingir o ápice de seu potencial e isso prejudica a todos. Acaba prejudicando a seleção brasileira na ponta final”, completou.
Mauro Silva também falou sobre os primeiros amistosos da seleção brasileira após a Copa, vitórias sobre Colômbia e Equador. Para ele, o mais importante foi recuperar a autoestima do grupo e transmitir experiência.
“Foram dias intensos, de muito trabalho, numa fase importante para reconquistar autoestima do grupo. Conversei com os jogadores, em grupo e individualmente. Procurei transmitir a eles minha experiência, minha vivência, e falar sobre como superamos momentos difíceis”, disse.
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