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Calendário transforma convocação de Dunga em quebra-cabeça

Dunga obteve duas vitórias nos dois primeiros jogos de seu novo ciclo como treinador da seleção brasileira - AP Photo/Julio Cortez
Dunga obteve duas vitórias nos dois primeiros jogos de seu novo ciclo como treinador da seleção brasileira Imagem: AP Photo/Julio Cortez

Danilo Lavieri e Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

16/09/2014 06h00

A comissão técnica da seleção brasileira fará reunião na tarde desta terça-feira (16), no Rio de Janeiro, para definir os jogadores que serão convocados para amistosos contra Argentina (11/10) e Japão (14/10). Podia ser um encontro de rotina, mas o calendário do futebol nacional mudou drasticamente isso. Atletas chamados perderão rodadas decisivas do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, e times já pediram para não ter representantes no grupo. Entre a montagem de seu time e os efeitos que isso pode causar nas equipes locais, o técnico Dunga tem um quebra-cabeça para resolver até 11h de quarta-feira (17), quando a lista será anunciada.

O jogo contra a Argentina, válido pelo Superclássico das Américas, acontecerá em Pequim às 9h05 de 11 de outubro. Três dias depois, o Brasil de Dunga enfrentará o Japão em Cingapura às 7h45 (nos dois casos, horários de Brasília). A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ainda não anunciou programação para as duas partidas, mas é provável que os convocados percam duas rodadas do Campeonato Brasileiro (a 27ª e a 28ª) e as partidas de volta das quartas de final da Copa do Brasil.

Além das datas concomitantes, é necessário considerar que são deslocamentos longos e que há uma grande diferença de fuso horário. O cenário da viagem é bem diferente do que os jogadores do futebol brasileiro tiveram nos dois primeiros amistosos do novo ciclo de Dunga na seleção brasileira (vitórias por 1 a 0 sobre Colômbia e Equador nos dias 5 e 9 de setembro, ambas em Miami).

As diretorias de Corinthians e Cruzeiro fizeram pedidos à CBF para que nenhum de seus atletas seja chamado. Outros clubes também manifestaram preocupação com a lista que Dunga vai anunciar na próxima quarta-feira, mas não falaram abertamente sobre negociação para evitar isso.

“Vamos ter uma reunião e vamos definir quem vai ser convocado. Muitos clubes pediram para não terem os atletas convocados, mas nós ainda vamos analisar o que fazer”, disse Gilmar Rinaldi, coordenador-técnico das seleções brasileiras, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

A reunião desta terça-feira pode criar quatro cenários para a convocação da seleção:

1 – Veto a jogadores que defendem equipes brasileiras

Dunga pode preterir jogadores que defendem clubes brasileiros. A lista da seleção para os amistosos contra Colômbia e Equador tinha seis representantes de equipes nacionais: Jefferson (Botafogo), Gil (Corinthians), Elias (Corinthians), Everton Ribeiro (Cruzeiro), Ricardo Goulart (Cruzeiro) e Diego Tardelli (Atlético-MG).

No entanto, o período dos próximos amistosos da seleção é de datas-Fifa. Ainda que Dunga faça um acordo para não desfalcar os times brasileiros, outras seleções poderiam convocar jogadores que atuam no país.

Caso Dunga preserve os times nacionais, por exemplo, o Cruzeiro pode entrar em campo no dia 8 de outubro desfalcado apenas do lateral esquerdo paraguaio Samudio. Mas o Corinthians, que enfrentará os mineiros em Belo Horizonte, correria risco de ficar sem o uruguaio Lodeiro e o peruano Guerrero.

2 – Limite de convocados por clube

Na primeira lista, Dunga respeitou um limite de dois jogadores por clube brasileiro – os amistosos contra Colômbia e Equador também foram disputados em meio ao calendário nacional. O técnico pode repetir essa regra na próxima convocação ou restringir o grupo a um representante de cada equipe.

Essa regra obrigaria Dunga a escolher Gil ou Elias (Corinthians) e Everton Ribeiro ou Ricardo Goulart (Cruzeiro), jogadores presentes na última convocação. Também restringiria o espaço para destaques do atual Campeonato Brasileiro.

3 – Limite apenas para quem pediu

Publicamente, apenas Corinthians e Cruzeiro admitiram terem feito pedidos à CBF para que seus jogadores não sejam convocados. No último domingo (14), em entrevista coletiva depois da vitória por 2 a 0 sobre o Cruzeiro no Morumbi, o técnico Muricy Ramalho negou apelo semelhante no São Paulo.

E se Dunga respeitar apenas os pedidos de Corinthians e Cruzeiro, mas convocar jogadores das outras equipes? A seleção poderia ter os quatro jogadores do setor ofensivo do São Paulo, por exemplo, e o time tricolor ficaria sem Alan Kardec, Alexandre Pato, Kaká e Paulo Henrique Ganso para partidas contra Atlético-PR e Atlético-MG.

4 – Convocação sem restrições

Dunga pode montar uma lista sem questionar de que clubes vêm os jogadores. A convocação poderia ter, por exemplo, quatro ou cinco representantes do Cruzeiro, campeão de 2013 e atual líder do Brasileiro. Além de Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, chamados anteriormente, ele poderia levar o zagueiro Dedé, o lateral direito Mayke e o volante Lucas Silva.