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Fora dos planos, Ximenes fica isolado e já vê Flamengo buscar substituto

Pedro Ivo Almeida e Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

17/09/2014 06h10

Pouco depois das 11h da última terça-feira (16), Felipe Ximenes deixou a Gávea e seguiu de ônibus com a delegação do Flamengo para o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. De lá, o diretor executivo de futebol do Rubro-negro embarcou com jogadores e comissão técnica para São Paulo, onde o time enfrenta o Palmeiras nesta quarta-feira. A cena, corriqueira em qualquer clube, poderia ser apenas mais uma na rotina, mas é quase raridade para o cartola.

Isolado e sem prestígio no futebol do Flamengo, o dirigente não costuma marcar presença nos deslocamentos do elenco para jogos fora do Rio de Janeiro. É comum observá-lo viajar para os locais das partidas depois da delegação e retornar à cidade antes dos jogadores, reduzindo cada vez mais um contato que tem sido conturbado.

Pouco mais de 100 dias após assumir a direção do futebol rubro-negro, o diretor executivo ainda não sabe quanto tempo irá durar sua experiência na Gávea. Questionado e criticado internamente, Ximenes pode embarcar em um voo solo longe do clube carioca ao final da temporada.

Prova disso é que a administração estuda um substituto para o cargo. Sem alarde e em fase de sondagens, o Flamengo conversou com alguns executivos dos times da primeira divisão e viu na figura de Alexandre Mattos, atualmente no Cruzeiro, o perfil ideal para comandar o departamento. O bom momento do time mineiro, no entanto, impede qualquer avanço nas conversas por ora. Mas um acordo para 2015 é visto com bons olhos pelas duas partes e não está descartado.

É fato que a ausência nas viagens desgastou a atuação de Ximenes, ainda que o mesmo argumente que precise ficar no Rio de Janeiro para resolver questões do departamento. Antes, porém, o diretor executivo passou a ser visto com desconfiança pelo grupo quando criticou aos berros no vestiário a atuação do time na derrota por 3 a 0 para o Cruzeiro em 1º de junho. A partir daí, a relação tornou-se complicada.

Felipe tem contato reduzido com atletas e membros do departamento de futebol, desagradando grande parte dos profissionais. Ele nem sequer assiste aos jogos no camarote da comissão técnica ou diretoria no Maracanã.

Os celulares e aplicativos de mensagens e jogos são as principais companhias durante as partidas. Quando o juiz apita, Ximenes acompanha a entrevista coletiva do técnico Vanderlei Luxemburgo e evita maiores incursões pelo vestiário.

Por outro lado, o executivo mantém relação próxima com alguns superiores. O diretor geral Fred Luz é a principal linha direta do profissional atualmente no Flamengo. Apesar de contar com o respaldo do dirigente, Ximenes foi praticamente colocado como carta fora do baralho para 2015 depois de dois episódios recentes.

O primeiro envolveu a condução da rescisão de contrato com André Santos. O vazamento da notícia antes da comunicação ao jogador expôs o clube e foi alvo de críticas internas. Já a transferência de Hernane para o Al Nassr, da Arábia Saudita, sem que o Flamengo recebesse os R$ 7 milhões pela negociação virou alvo de investigação no Conselho Fiscal.

Procurado pela reportagem, o diretor executivo rubro-negro preferiu não comentar o assunto e alegou não ter conhecimento sobre qualquer movimentação interna para a substituição na pasta.