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Pode parecer estranho, mas o Grêmio tem uma estrela. De verdade

Reprodução do antigo site que indicava a posição da Estrela Grêmio - Reprodução
Reprodução do antigo site que indicava a posição da Estrela Grêmio Imagem: Reprodução

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

22/09/2014 06h00

Clubes de futebol tem patrimônios recheados de benfeitorias. Sedes com piscinas, parques, academias, centros de treinamentos, prédios que abrigam os mais diversos departamentos, tudo dentro das posses das grandes agremiações esportivas. Mas o Grêmio tem algo peculiar, diferente dos demais. Uma estrela. E não é no símbolo, ou mesmo na bandeira. É de verdade.

Localizada no pé do guerreiro que desenha a constelação de Órion, a Estrela Grêmio foi adotada em 2008 numa ação inédita do departamento de marketing do clube chefiado à época pelo então vice-presidente César Pacheco. A ideia era celebrar os 25 anos da conquista do título mundial de 1983.

"Foi uma ideia que partiu da direção do clube. Muito boa, por sinal. Comemorou o aniversário do título. A astronomia é algo muito importante. E não é algo que vá desaparecer. É uma estrela, no céu, para quem quiser ver, do Grêmio", contou Pacheco.

O astro gremista tinha inclusive um site próprio, desativado anos mais tarde. Lá, o torcedor poderia observar uma foto da estrela tricolor e tinha auxílio para encontrá-la no céu. Segundo a publicação, era visível de qualquer lugar do mundo. Além de uma série de outras ações para divulgar a Estrela Grêmio. Sem grande impacto.

"Fizemos canetas, uma grande ação de divulgação, mantivemos um site com as coordenadas. Além de distribuir uma localização em material para os torcedores. Assim eles poderiam ir a qualquer observatório, como o Planetário [em Porto Alegre] e de acordo com as coordenadas encontrar a estrela do Grêmio", disse.

Mas a ação não teve a repercussão esperada. A estrela do clube caiu em desuso. Hoje, poucos gremistas lembram da existência dela. Tanto que o site saiu do ar e sequer há citação no site oficial do clube.

"O Grêmio ainda deve ter os documentos. Tínhamos uma espécie de registro. Mas as coisas mudam e com o tempo deixou-se de falar na estrela. Ela está lá. E a adoção é para sempre", completou Pacheco.

O investimento foi pequeno. O Grêmio adotou 'para sempre' a estrela, garantindo [ou ao menos tentando] que o nome do clube conste em atlas estelares pelo mundo a fora. Mesmo que isso não signifique muito, de fato. "Pagamos pouco, mas pagamos sim. Não me lembro quando, mas foi quase nada", finalizou.

O processo de 'adoção' de uma estrela funciona por meio da compra de um registro feito com a NASA. Há uma série de empresas que vendem este tipo de documento e uma destas serviu de ligação entre o clube e a agência espacial. A partir da adoção é repassado um certificado que hoje está entre os ofícios do clube.

A ação não atingiu o objetivo. A torcida foi indiferente, o site criado praticamente não teve acesso algum e nada que remeta ao astro hoje é presente no Grêmio.

"Na minha opinião não deu certo. Foi uma ação que a resposta do público praticamente inexistiu. Hoje não se fala, na época já não se falava. Passou em branco, não teve nenhuma repercussão, foi zero", disse Haroldo Santos, diretor de comunicação do Grêmio na época.

Se a estrela gremista ainda brilha, não se sabe. No clube, ninguém lembra da existência dela. Mas, sim, o Grêmio ainda dá nome a uma estrela fora da bandeira ou do símbolo. Localizada no pé do Guerreiro, em Órion.