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STJD muda punição, mas mantém Grêmio fora da Copa do Brasil

Do UOL, em São Paulo

26/09/2014 12h16

O Grêmio está fora da Copa do Brasil. Em julgamento no Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), os auditores optaram de forma unânime por alterar a pena definida em primeira instância, mas mantiveram o clube gaúcho fora competição devido às ofensas racistas de torcedores contra o goleiro Aranha, do Santos, no jogo de ida das oitavas de final.

A punição foi alterada, mas na prática os efeitos são os mesmos. No primeiro julgamento, o Grêmio foi excluído da Copa do Brasil pelos atos racistas. Na nova decisão, tomada pelo Pleno do STJD por sete votos a zero, o clube perdeu três pontos pelo incidente e acaba eliminado do torneio.

"O ato da torcida está levando a isso. As campanhas do Grêmio são louváveis, mas não resolveram o problema", disse o presidente do STJD, Caio Rocha. "O tribunal não está excluindo o Grêmio. O que excluiu o Grêmio foi ter perdido o primeiro jogo, no seu campo, por 2 a 0".

A dúvida fica por conta da realização ou não do segundo jogo entre Grêmio e Santos pelas oitavas de final. Com o time gaúcho já eliminado pela perda de pontos, o confronto seria um mero 'amistoso'. A decisão será tomada pela CBF, que decidirá se haverá a partida ou se manterá o calendário divulgado antes do julgamento, que previa a partida entre Botafogo e Santos pelas quartas de final na próxima quarta-feira (01), no Maracanã.

No início do julgamento, procurador Paulo Schimitt voltou a mostrar imagens dos xingamentos a Aranha, com destaque para a torcedora Patrícia Moreira – flagrada chamando o goleiro de ‘macaco’. Pediu a manutenção da punição ao Grêmio, citando outras manifestações racistas de torcedores do clube gaúcho, e defendeu a punição severa para servir como um marco a casos do gênero.

Em sua defesa, Grêmio alegou que apenas parte dos torcedores fez manifestações racistas e que, através do circuito interno da Arena, ajudou a identificar alguns dos envolvidos, que agora são investigados pela Polícia Civil de Porto Alegre. Ao menos cinco pessoas serão indiciadas. Citou o caso do Paraná Clube, que foi apenas multado pelas ofensas de dois aficionados em jogo da Copa do Brasil.

Defendido pelo advogado Michel Assef Filho, que também presta serviços ao Flamengo, o time gaúcho mostrou uma campanha contra o racismo realizada por ele em 2013, alegando que tem trabalhado para coibir a prática discriminatória. Ainda apresentou depoimento do meia Zé Roberto, que afirma nunca ter sofrido ofensas em seu período no clube. As alegações da defesa gremista foram parcialmente aceitas pelos auditores, mas não foram suficientes para recolocar o clube na Copa do Brasil.

Entenda o caso Aranha

A partida de ida entre Grêmio e Santos, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, ficou manchada pelas ofensas racistas de parte dos torcedores do time gaúcho contra o goleiro Aranha. Indignado, o camisa 1 da equipe paulista relatou os xingamentos ao árbitro Wilson Pereira Sampaio, que não atendeu a solicitação e não relatou o incidente na súmula – posteriormente, fez um adendo incluindo o caso.

Imagens da transmissão de TV, porém, mostraram que a denúncia de Aranha procedia, o que fez com que o Grêmio fosse indiciado pelo STJD. O goleiro ainda registrou boletim de ocorrência em Porto Alegre sobre o caso.

Com ajuda das imagens da TV e do circuito interno do estádio, a direção do Grêmio ajudou a identificar alguns dos torcedores envolvidos – entre eles Patrícia Moreira, flagrada xingando Aranha de ‘macaco’. A torcedora, que será uma das indiciadas, perdeu o emprego e teve sua casa apedrejada e incendiada.

Apesar dos esforços gremistas em isentar o clube de culpa pela atitude dos torcedores, o STJD decidiu em primeira instância por unanimidade punir o clube pelo ato racista contra o goleiro. O time gaúcho acabou excluído da Copa do Brasil e ainda foi multado em R$ 45 mil.

Como agravante para a situação do Grêmio, os torcedores voltaram a criar incidente contra Aranha no reencontro entre as duas equipes, pelo Brasileirão. O goleiro foi intensamente vaiado em todos os lances que pegou na bola, além de ter sido xingado de maneira irônica de ‘branquelo’ e ‘Branca de Neve’.