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Arena Palestra recebe primeiro evento sem rixa, mas Paulo Nobre é vaiado

Danilo Lavieri*

Do UOL, em São Paulo

27/09/2014 20h26

Neste sábado, o reformado estádio do Palmeiras recebe seu primeiro evento-teste: a exibição do filme “12 de Junho de 1993 – O Dia da Paixão Palmeirense”, do jornalista Mauro Beting. A cerimônia exclusiva para 3 mil pessoas, ao contrário do que poderia imaginar, reuniu membros de todas as alas políticas de clube  e a Wtorre, protagonistas de uma rixa que se arrastou pelas últimas semanas. Em uma clima predominante de paz, só destoaram as vaias dirigidas ao presidente Paulo Nobre quando ele apareceu no telão. 

O protesto certamente tem a ver com a má fase do time, que briga contra uma terceira queda e está na zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro. A vaia aconteceu quando Paulo Nobre apareceu no telão em que os convidados estão vendo o documentário. Em coro, a grande maioria dos convidados apupou o cartola, que está presente na Arena. 

Apesar desse protesto isolado, o evento foi bem mais pacífico e conciliatório do que se poderia imaginar, já que o Palmeiras está em litígio com a construtora e chegou a cortar relações ao longo deste ano. A questão principal se refere ao modo de comercialização das cadeiras. Com o estádio cada vez mais pronto, a WTorre preparou um calendário de reinauguração, que estava sendo combatido pela diretoria alviverde. Neste sábado, as partes deixaram isso de lado para celebrar o fim da fila palmeirense nos anos 1990.

O título do Paulista de 1993 é o tema do documentário que será exibido no anfiteatro da Arena. O espaço, na verdade, fica atrás de um dos gols do estádio, onde são colocados 3 mil cadeiras que formam um local apropriado para eventos dessa dimensão. Neste sábado, a estrela da noite é o filme que exalta o fim da fila de 16 anos sem títulos, encerrada justamente no dia 12 de junho daquele ano. 

Todo o evento está sendo tratado como um teste para Arena. Convidados entram somente com o ingresso, que é devidamente colocado na catraca. Bombeiros, estrutura de segurança e de primeiros socorros também estão à disposição, e até o momento tudo corre como planejado. 

Entre os convidados estão políticos de todas as alas do clube, o que dá a medida do clima conciliatório do evento. Paulo Nobre, presidente alviverde, compareceu e foi muito assediado pela imprensa na chegada. O cartola não quis dar entrevistas e chegou a correr para escapar das perguntas de uma equipe de reportagem do Fox Sports. 

Em outro ponto do evento, conselheiros ligados a Luiz Gonzaga Belluzzo mostravam cartazes com a inscrição "Bem-vindo à Arena Belluzzão", uma referência bem-humorada ao papel que o ex-presidente teve na reforma do antigo Parque Antarctica. Além de alas políticas do Palmeiras, torcedores ilustres também foram convidados, como o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. 

"Agora é só esperar um time à altura dessa belíssima arena", cornetou o político. "Vamos espalhar a felicidade, porque daqui para frente, tudo vai ser diferente", disse Walter Torre, dono da construtora. 

Até a realização desse evento-teste, a empresa e o clube tiveram uma incômoda queda de braço. Por discordar do modelo de comercialização das cadeiras, o Palmeiras não quer que a WTorre inicie o calendário de reinauguração. Na visão do clube, abrir as portas facilitaria a vida da construtora na disputa pelos lucros do estádio que as partes estão travando. 

Além disso, houve sérias discordâncias em relação à data do evento, que foi adiado duas vezes. Em um primeiro momento, o filme seria exibido em 13 de setembro, mas teve de ser adiado para o dia 20 do mesmo mês. O problema é que essa segunda data marca o aniversário da Arrancada Heroica, campanha histórica de 1942 que seria celebrada em um Jantar dos Veteranos. 

A construtora, então, se viu obrigada a mudar de novo, agora definitivamente, para este sábado. Pela programação oficial, Paulo Nobre fará um discurso antes da exibição do filme e depois os responsáveis pelo evento comparecerão a uma entrevista coletiva. 

*Atualizada às 21h16