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Odílio rebate oposição e diz que pagará 80% da dívida deixada por rival

Presidente Odílio Rodrigues rebateu críticas do oposicionista Modesto Roma - Divulgação/Santos FC
Presidente Odílio Rodrigues rebateu críticas do oposicionista Modesto Roma Imagem: Divulgação/Santos FC

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

27/09/2014 06h00

O presidente do Santos, Odílio Rodrigues, rebateu as criticas do candidato à presidência do clube, Modesto Roma Júnior, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte na última sexta-feira. Entre elas, o mandatário alega que Modestinho não sabe ler o balanço anual do clube e, por isso, apontou uma dívida de R$ 400 milhões.

Odílio disse que “não se confundir endividamento com dívida liquida” e fez questão de citar que o ex-presidente Marcelo Teixeira, que apoia a candidatura de Modesto Roma, deixou em 2009 uma dívida de R$ 70 milhões junto a bancos e a Universidade Santa Cecília, em Santos, que pertence à família Teixeira.

O atual presidente do Santos, que não concorrerá às eleições e não confirmou quem será o candidato pela situação, prometeu que até o final do mandato, a diretoria santista vai liquidar 80% da dívida com o ex-presidente do clube. A intenção é pagar R$ 55 milhões dos aproximadamente R$ 70 milhões.

“Tem de entender que os aproximadamente R$ 70 milhões de dívidas, deixados pelo ex-presidente junto a bancos e a Instituição Santa Cecília, estão sendo pagos, comprometendo o fluxo de caixa do clube e gerando muitas dificuldades. A atual gestão deve, até o final do mandato agora em dezembro, liquidar R$ 55 milhões. Portanto, quase 80% da dívida por nós assumida”, afirmou Odílio.

As eleições do Santos prometem ser a mais acirrada da história do clube. Além de Modesto Roma e o candidato que será indicado por Odílio Rodrigues e o Comitê Gestor, mais de dez grupo oposicionistas acenam em concorrer ao cargo. No entanto, antes do dia 16 de novembro, data estipulada para registro das chapas, muitos grupos devem fazer composição.

Confira as respostas de Odílio Rodrigues após questionamento do UOL Esporte na noite da última quinta-feira:

O Santos loteou e integrou o clube a investidores?

Odílio Rodrigues: A dura realidade dos clubes brasileiros mostra que os mesmos lutam com imensas dificuldades para bancar os custeios normais de qualquer instituição e, consequentemente, não conseguem reservar recursos para os necessários investimentos. Diante desta grave situação, os clubes brasileiros, bem como clubes da maioria dos outros países, com exceção da Inglaterra, passaram a utilizar, há mais de 20 anos, o capital de investidores para contratação de jogadores. Estes investidores, constituídos por empresas, clubes de oportunidade e fundos de várias origens e nacionalidades, dirigem seus recursos visando retorno e lucro do capital empregado em várias atividades econômicas e inclusive na compra e venda de atletas. A atividade destes fundos e empresas no futebol brasileiro é antiga e praticamente a maioria dos clubes utiliza esses recursos. Estudos recentes da KPMG mostram que 80% dos jogadores brasileiros são divididos entre investidores, empresas e clubes. A situação reinante deverá ser alterada por uma decisão estimulada pela UEFA e agora adotada pela FIFA, que visa proibir a participação de terceiros em direitos dos atletas. Para clubes de países como o Brasil e tantos outros, esta medida necessitará de tempo para adaptação às mudanças. Outras formas de receitas devem ser criadas para os clubes de futebol. Não entender esta realidade atual do futebol é desconhecer os problemas que os clubes têm que enfrentar.

O Santos possui R$ 400 milhões de dívida?

Odílio Rodrigues:
Quando se fala em números não pode existir falta de entendimento na leitura de um balanço. Não se pode confundir endividamento com dívida liquida. A dívida liquida do clube não é a apontada pelo candidato apoiado pelo Marcelo Teixeira. Ele tem que saber ler um balanço. Ele tem que conhecer que na dívida líquida existem valores já consolidados pela Timemania. Tem de entender que os aproximadamente R$ 70 milhões de dívidas, deixados pelo ex-presidente junto a bancos e a Instituição Santa Cecília (de propriedade do ex-presidente), estão sendo pagos, comprometendo o fluxo de caixa do clube e gerando muitas dificuldades. A atual gestão deve, até o final do mandato agora em dezembro, liquidar R$ 55 milhões. Portanto, quase 80% da dívida por nós assumida. Fazemos isso com a responsabilidade e honrando os compromissos que assumimos com o ex-presidente, numa negociação que teve a aquiescência e boa vontade das partes envolvidas.

Crise entre diretoria e ídolos do Santos

Odílio Rodrigues: Algumas pessoas, por não viverem o clube, desconhecem todos os esforços que foram feitos para a permanência dos atletas citados no Santos FC pelo maior tempo possível. Neymar e Paulo Henrique saíram do clube pelas normas vigentes que regulam o mercado do futebol. Com o advento da Lei Pelé, acabou a escravidão no futebol e quando um atleta deseja sair do clube, pelos mais diversos motivos, como proposta irrecusável, ganhos maiores e mesmo pela participação dos seus empresários, só resta ao clube cedente buscar as melhores condições possíveis de remuneração na negociação.

Importância do Comitê Gestor

Odílio Rodrigues: O Comitê de Gestão representa em uma empresa, que adota práticas atuais de gestão, o equivalente ao Conselho de Administração destas empresas. O Comitê de Gestão, além de ser uma determinação do Estatuto, a meu ver constitui uma necessária evolução da gestão dos clubes que como o Santos investem na profissionalização e medidas atuais de gestão. O nosso Comitê de Gestão é formado por pessoas que amam o Santos e também têm grandes experiências profissionais e de vida. São vários pontos de vistas, isso num colegiado enriquece as discussões e faz com que a experiência de cada um se some a dos outros, tornando as decisões mais embasadas. Os membros do Comitê de Gestão são conselheiros eleitos pelos sócios e a indicação deles é feita pela presidência e são homologadas pelo Conselho Deliberativo. É nitidamente salutar e melhor que as macro decisões de um clube de grande expressão sejam determinadas por um colegiado, minimizando os erros oriundos de decisões soberanas e individuais.

Presidente sem poder devido ao Comitê Gestor.

Odílio Rodrigues
: Esta afirmação mostra desconhecimento da gestão atual do clube. Uma gestão que além de profissional, transparente é extremamente moderna e democrática. Muitos clubes gostariam de ter um modelo assim. O Santos adota o presidencialismo como forma de representação e o presidente preside o Comitê de Gestão e é o seu porta voz. Assumo todas as responsabilidades e obrigações que se exige de um presidente e não me sinto em nada diminuído ao poder ouvir outras opiniões de pessoas que também assumem responsabilidades civis e criminais pelo amor ao clube. A participação voluntária de mais santistas na gestão, que amam tanto o clube como o presidente, associados e torcedores tem que ser vista como fator de enriquecimento das decisões do clube, que são tomadas sempre que necessárias a tempo das suas realizações. A visão distorcida que o clube só toma decisões quando o Comitê de Gestão se reúne presencialmente uma vez por semana mostra um grande desconhecimento de como podemos trabalhar nos tempos atuais, com todas as ferramentas que temos em termos de comunicação.

Negociação envolvendo a transferência de Neymar ao Barcelona

Odílio Rodrigues: Todos os órgão legais previstos pelo Estatuto, quer executivos, quer de fiscalização, auditorias independente, bem como o Conselho Deliberativo, conhecem através de todos os documentos comprobatórios a íntegra da negociação do atleta Neymar e a aprovaram. As pessoas precisam tomar cuidado para não acreditar em informações maldosas e até levianas.   Hoje é muito comum o comportamento maledicente de pessoas que desconhecem completamente o que ocorre no clube e apenas emitem opiniões desinformadas. 

Teto salarial no Santos

Odílio Rodrigues:
Imaginar que um clube isoladamente pode regulamentar o mercado é pura poesia. Num esporte tão competitivo, onde todos buscam vitória e títulos impor limites a um só clube consiste em comprometer a sua competitividade. Somos a favor da regulamentação do mercado nas atividades de agentes, comissões, salários etc. Entretanto, isso só funciona se for uma decisão a ser observada por todos e fiscalizada por uma entidade autônoma e com poderes concedidos pelos clubes.

Readequação administrativa e excesso de funcionários

Odílio Rodrigues:
A informação de que o clube possui 450 funcionários administrativos é totalmente equivocada e mostra desconhecimento do Santos. Provavelmente, este número nasce de uma simples e simplória soma de 39 atletas profissionais, 176 atletas da base e funcionários administrativos.

Relação entre Luis Alvaro e Odílio Rodrigues

Odílio Rodrigues:
Considerei a resposta um tanto desrespeitosa com relação ao Luis Alvaro e a mim. Erros e acertos existem em todas as gestões. Pertenço a uma administração que inicialmente foi presidida pelo Luis Alvaro e que por motivos de saúde acabou renunciando ao mandato. Como vice-presidente assumi o clube e juntamente com o Comitê de Gestão implantamos o nosso modelo de trabalho. Tenho um profundo respeito por todos os ex-presidentes do Santos e ex dirigentes, afinal, de maneira voluntária se dedicaram com muito sacrifício pessoal e familiar, cada um a seu modo e com as dificuldades de cada momento. Esta tarefa é muito difícil e devemos respeitar a cada um que contribuiu com o clube.