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Jefferson 'adota' Jobson e usa igreja para tentar evitar novas escapadas

Bernardo Gentile e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/10/2014 06h00

Balada, drogas e polêmica. Tão presente na vida de Jobson em um passado recente, essas palavras estão cada vez mais distantes do atacante do Botafogo. Pelo menos é isso que ele tenta mostrar em sua quarta oportunidade no clube de General Severiano. E desta vez ele tem um grande aliado.

Capitão da equipe, Jefferson ‘adotou’ o companheiro e usa a religiosidade para mostrar um outro lado ao camisa 10. E, claro, o afastar de novos problemas.

Jefferson e Jobson são velhos conhecidos. Todas as vezes em que o atacante defendeu o Botafogo teve o goleiro como companheiro. Foi assim na reta final de 2009, quando a dupla ajudou o time a fugir do rebaixamento. Desde então, o atacante, entre idas e vindas, acumulou brigas e muitas polêmicas em General Severiano.

O goleiro e ídolo do Botafogo fala com propriedade sobre Jobson. Pouco mais de duas semanas após o atacante ser novamente reintegrado, Jefferson consegue perceber alguma melhora na conduta do parceiro. Maturidade encontrada após muitas pancadas da vida. Mas ele deixa uma coisa clara: o companheiro precisa ser supervisionado de perto e o convite para a igreja pode ajudar nesse processo.

“Ele está ouvindo bem mais agora. Quando o chamamos pela primeira vez, ele foi para a Igreja todo animado. Ninguém o obrigou a nada. Ele falou que gostaria muito de ir. E é claro que temos de ficar perto dele. Às vezes o Jobson dá uma escapada. Não podemos deixar isso. Vamos lá e puxamos. Sinto ele com uma cabeça melhor agora”, disse Jefferson ao UOL Esporte.

“Sabemos como ele é. Em todas as vezes, pegamos ele aqui e procuramos orientá-lo e o chamar para coisas boas. Chamo ele para ir para a igreja sempre. Para chamar para balada e coisa ruim, tem um monte. Temos de levar para as coisas boas. Tentamos levá-lo para o melhor caminho, mas isso vai muito dele. Não sou babá de ninguém”, completou o goleiro.

Jefferson tenta passar para Jobson que a vida sempre colocará pedras em seu caminho. A primeira delas já surgiu na semana passada, quando o atacante se aquecia no vestiário para fazer sua reestreia pelo Botafogo, quando a CBF aconselhou o clube a não utilizar o atacante por um problema de antidoping na Arábia Saudita.

“Ele ficou muito chateado na semana passada quando ficou fora do jogo em cima da hora. Ficamos preocupados, pois isso mexeu com a cabeça dele. É um jogador que repete a todo instante a vontade de ajudar esse grupo. Ele não quer ver o Botafogo nessa situação ruim, gosta muito do clube e das pessoas”, afirmou.

“Esperamos que ele possa ter cabeça para mais uma oportunidade que Deus está dando para ele. Poucas pessoas têm tantas chances quanto ele. Precisa aproveitar. Ele pode contar com a minha força e do elenco para isso”, finalizou.

Jobson se recusou a fazer um teste antidoping quando defendia o Al-Ittihad, da Arábia Saudita. Ele havia sido afastado pela diretoria por ter salário alto e estava no hotel quando um suposto funcionário da federação saudita, que só falava árabe, o intimou a ser testado. Ele foi suspenso por quatro anos pelos árabes, que demoraram a liberar seu retorno ao Brasil.

De volta ao Botafogo, ele passou a treinar com jogadores fora dos planos. A Portuguesa se interessou e entrou em contato para trazer o atacante. Neste momento, o Alvinegro cedeu a um pedido do técnico Vagner Mancini e decidiu reintegrar o atleta. Ele se destacou nos treinamentos e logo passou a ser opção para os jogos.

Relacionado para enfrentar o Goiás, Jobson teve sua expectativa frustrada quando já fazia o aquecimento no vestiário do Maracanã. A CBF aconselhou o Botafogo a não relacionar o atacante por conta dessa polêmica, o que foi acatado pelo clube. O atacante tem treinado normalmente e espera o fim da novela para retornar aos gramados.

A suspensão de Jobson se deu em abril desse ano e até o momento a Fifa ainda não foi informada pela Agência Antidoping da Arábia Saudita sobre a situação. Tal fato não ocorre normalmente, visto que esse trâmite é realizado em poucos dias. Assim, os advogados do jogador contestam a validade da punição, o que o deixaria livre para atuar.