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STJD alivia, e Cruzeiro e Atlético-MG perdem um mando de campo

Do UOL, em Belo Horizonte

01/10/2014 16h03

Julgados pela terceira comissão disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD, nesta quarta-feira, Atlético-MG e Cruzeiro foram punidos com a perda de um mando de campo cada um, além de multa de R$ 50 mil, por causa de problemas causados entre parte de seus torcedores durante o clássico entre os rivais, no dia 21 de setembro, no Mineirão, pelo Brasileirão. Os clubes podem recorrer da decisão.

Os times conseguiram desqualificar a denúncia por arremesso de objetos, mas foram enquadrados por "deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto”.

O caso foi julgado por três auditores, em vez de cinco. Ivaney Cayres, que seria o relator, não compareceu por problema de saúde e foi substituído por Gustavo Teixeira. Francisco Pessanha Filho alegou ter uma ação na Justiça contra o Cruzeiro e não participou da sessão.

Os dois clubes contaram com as presenças de seus presidentes Alexandre Kalil, do Atlético, e Gilvan de Pinho Tavares, do Cruzeiro, que prestaram depoimento durante a sessão. Em vez de trocarem acusações, os rivais se uniram e adotaram a mesma linha de defesa.

Os advogados Theotônio Chermont, do Cruzeiro, e João Avelar, do Atlético, disseram que as bombas partiram da Polícia Militar, também criticaram a corporação por não ter conseguido prover a segurança no estádio e alegaram que tudo que estava ao alcance dos clubes foi feito.

Os presidentes também criticaram as organizadas. “Torcida organizada, hoje, pelos bandidos que se infiltram nela, virou caso de polícia. Eles só estão ali pelas receitas que ela gera. Por isso mandamos parar de usar símbolos do Cruzeiro. Mais que isso não dá para fazer. Estamos fazendo o máximo para que as organizadas não atrapalhem o espetáculo”, disse Gilvan de Pinho Tavares, como testemunha única do Cruzeiro.

Alexandre Kalil afirmou que não irá requerer mais a carga de 10% dos ingressos nos clássicos e também disparou contra as facções organizadas. “Eles não soltam só bomba não, fumam maconha, usam crack. Mas é crianças que são impedidas de entrar com jogadores. As organizadas continuam lá, isso é que eu não entendo”, criticou. Em seguida, o advogado Lucas Ottoni, que depôs como informante, disse que as bombas partiram apenas dos policiais.

O procurador Rafael Vanzin lembrou que, pelo regulamento, os clubes respondem pelos atos de seus torcedores e considerou grave o incidente ocorrido no Mineirão. Ele pediu a condenação com a perda de mando de campo e que a pena seja cumprida com portões fechados. Os advogados dos rivais atribuíram o arremesso de bombas à Polícia Militar.

O relator Gustavo Teixeira votou pela perda de um mando de campo e multa de R$ 50 mil para os clubes, que foi seguido pelo auditor Fabricio Dazzi. O auditor Luís Felipe Procópio de Carvalho pediu multa de R$ 100 mil e sem perda de mando.

Cruzeiro e o Atlético foram denunciados por infração dupla ao artigo 213, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), por deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto e o lançamento de objetos no campo ou local da disputa do evento esportivo.

A denúncia utilizou como prova a súmula do árbitro Marcelo de Lima Henrique, que paralisou o jogo aos 41 minutos da primeira etapa alegando que "ouviu estouros de artefatos explosivos" originários da divisão das duas torcidas e de que, segundo informações da Polícia Militar, teriam arremessado objetos uma contra a outra, além de nota divulgada pela Minas Arena, que citou aproximadamente 100 cadeiras quebradas.

Na segunda-feira, por recomendação do Ministério Público de Minas Gerais, foram suspensas por seis meses as torcidas organizadas Máfia Azul e Pavilhão Independente, do Cruzeiro, e Galoucura, do Atlético, por envolvimentos em atos de violência no clássico, não apenas no Mineirão, mas em vias públicas de Belo Horizonte.

De acordo com a decisão, integrantes das três organizadas não poderão frequentar estádio de futebol em todo o país e nem se aproximar deles em um raio de cinco quilômetros por seis meses, prazo ampliado para cinco clássicos Cruzeiro e Atlético, independentemente da data em que forem disputados.

Os dois clubes são reincidentes. Por causa de incidentes em clássico disputado no estádio Independência, pelo returno do Brasileirão do ano passado, o Cruzeiro foi punido coma perda de dois mandos de campo e o Atlético, com um, além de multas de R$ 40 e R$ 20 mil, respectivamente.