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Com show de humor e palestra gringa, CBF tenta esclarecer regra de pênalti

Uruguaio Jorge Larrionda concedeu palestra na sede da CBF, no Rio de Janeiro - Pedro Ivo Almeida/UOL
Uruguaio Jorge Larrionda concedeu palestra na sede da CBF, no Rio de Janeiro Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

02/10/2014 16h25

Após uma enxurrada de reclamações e polêmicas por conta das marcações de pênaltis em jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, a CBF resolveu reunir jogadores, dirigentes e integrantes da imprensa para uma palestra do instrutor da Fifa Jorge Larrionda a fim de esclarecer possíveis dúvidas sobre a regra.

E a reunião, realizada na tarde desta quinta-feira na sede da Confederação, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, contou com algumas curiosidades. A primeira delas foi o “show de humor” protagonizado pelo diretor de arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, na abertura do evento.

Ao tentar argumentar que todos devem valorizar o povo brasileiro, ele arrancou risadas de todos os presentes.

“Não podemos ficar aceitando essas críticas. Temos que nos valorizar. Temos os melhores jogadores do mundo, os melhores árbitros, os melhores jornalistas, tudo de melhor”, disse.

“Eu, por exemplo, sou de Guaratinguetá. E tudo que vem de lá é o melhor para mim. É a única cidade onde o Papa foi duas vezes seguidas, é a cidade do time que venceu o Santos de Pelé e ainda é o lugar que tem mais vencedores da mega-sena. Meu cunhado, por exemplo, faturou R$ 23 milhões. É o melhor povo. Isso é para vocês terem uma ideia de como temos que valorizar o que é nosso”, disse, divertindo o público.

Em seguida, ele deixou o humor de lado, e falou sério para criticar a imprensa que analisa os erros de árbitros e auxiliares. “Grande parte da mídia não tem preparo para falar de arbitragem. A grande maioria comete falhas graves por falta de conhecimento técnico. Somente os ex-árbitros, que já estiveram ali dentro, podem falar com tranquilidade. Estes entendem”, disse Corrêa.

Minutos depois foi a vez do uruguaio Larrionda assumir o microfone e protagonizar nova cena curiosa. Com um espanhol acelerado, ele tomou uma leve “chamada” de José Maria Marin, que percebia que alguns jogadores e dirigentes não estavam entendendo as explicações.

Marin olhou para Larrionda, espalmou as duas mãos, movimentando-as de cima para baixo, num claro sinal para que o árbitro uruguaio falasse de maneira mais pausada. “Desculpa. Espero estar sendo claro. Se não entenderem, podem avisar que tento falar um pouco mais devagar. Vamos em frente”, disse o ex-juiz e agora instrutor da Fifa.

Durante pouco mais de uma hora e meia, Larrionda tentou esclarecer as reais orientações da Fifa sobre os lances em que a mão toca na bola dentro da área. Com 27 vídeos de lances da última Copa do Mundo, da Copa das Confederações de 2013 e de recentes edições da Copa Libertadores, o ex-árbitro tentou diferenciar quando o juiz pode marcar pênalti ou não.

“Os jogadores precisam entender que assumem um risco quando abrem os braços dentro da área e ampliam o volume do corpo. Se adotam uma posição que não é natural, abrindo os braços para bloquear a bola, por exemplo, estarão caracterizando uma infração”, esclareceu.

“Se estiverem em um movimento natural, mantendo os braços em suas posições normais, sem procurar o bloqueio da bola, não estarão cometendo o pênalti”, completou.

Sempre como um professor, o uruguaio tentava interagir com os presentes. “Entenderam? Ficou claro? Querem que repita?”, questionava, sendo auxiliado por alguns árbitros que estavam na plateia e buscavam fazer esclarecimentos em português quando a língua do gringo não era compreendida.

Um dos lances apresentados por Jorge Larrionda foi o pênalti marcado a favor do Flamengo no confronto contra o Corinthians, no dia 14 de setembro.

“Não foi pênalti neste caso. O jogador de Corinthians [Fagner] está com o braço em posições normais na hora do chute. Foi bola na mão, e não mão na bola. Ele não foi imprudente”, disse, criticando a marcação do árbitro Sandro Meira Ricci.