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Musa em xeque na seleção após acusação de violência doméstica nos EUA

Do UOL, em São Paulo

07/10/2014 17h34

Em 21 de junho, Hope Solo, ídolo e titular da seleção americana feminina de futebol, foi presa sob acusação de agredir a irmã e um sobrinho em Kirkland, nos Estados Unidos. Pouco mais de um mês depois, está em preparação para a Copa Concacaf, competição que garante três vagas para a Copa do Mundo do Canadá, em 2015. Como exemplo – dentro e fora de campo -, ela merece manter o status adquirido em anos de carreira? Comentaristas e jogadoras acreditam que ela precisa ser usada como exemplo. Hope Solo está em xeque neste momento.

"A Federação Americana de Futebol (USSoccer) precisa mandar a mensagem correta", cobrou Jill Loyden, goleira do Sky Blue FC e que dividiu a função com Solo na seleção americana. "Eles precisam comunicar que violência doméstica nunca é correta e que não vai ser tolerada", acrescentou, ao jornal USA Today. A própria Solo já fez acusações por ter sofrido agressão do noivo, em 2012, mas retirou a queixa e negou o ocorrido dias depois.

A pressão parte principalmente de comentaristas esportivos e jornais, que pedem punição para acabar com a sensação de impunidade causada pela goleira e a ideia implícita de que violência doméstica só é válida quando parte de homem para mulher. Solo, 33 anos, agrediu a irmã e o sobrinho de 17 anos em uma festa familiar. Em diversos outros casos – principalmente no futebol americano -, escândalos como esse renderam suspensão e até banimento.

"Quando Ray Rice, Greg Hardy e Adrian Peterson foram detidos, houve apelos sonoros à sua suspensão. A resposta ao caso de Solo? O som de grilos – menos em dia de jogo, quando o que se ouve são aplausos. Isso é inadmissível", escreveu o New York Times. "Em que medida é que estes casos são tão diferentes? As futebolistas não são modelos de conduta como os jogadores de futebol americano?", indagou o Washington Post.

Solo, enquanto isso, não só manteve o status inalterado como foi homenageada na última semana, na vitória da seleção americana por 4 a 0 sobre o México: usou a braçadeira de capitão e, em sua 154ª partida na equipe, alcançou o recorde de 73 jogos sem ser vazada. "Hope Solo é uma distração que a US Soccer não precisa", apontou mais recentemente o USA Today. Inabalavelmente, ela está entre as convocadas para a Copa Concacaf.

Foram os casos de violência doméstica que aumentaram a vigilância, nos Estados Unidos, sobre os ídolos esportivos, principalmente o episódio em que Ray Rice, do Baltimore Ravens, nocauteou a esposa no elevador de um cassino. Ele está suspenso da NFL por tempo indefinido. Na segunda-feira, o nadador multicampeão olímpico Michael Phelps foi suspenso por seis meses após ser pego dirigindo bêbado. Além disso, ele não vai poder competir no Mundial em Kazan, na Rússia, em agosto de 2015.

Os Estados Unidos estreiam na Copa Concacaf em 15 de outubro, contra Trinidad e Tobago. No Grupo 1, ainda vão enfrentar Guatemala e Haiti. A chance de sucesso é enorme, já que as americanas estão entre as mais fortes do mundo: foram campeãs em seis das oito edições da competição. Bicampeã olímpica, Hope Solo é parte primordial, mas ainda aguarda julgamento do caso, em novembro.

"Como atletas profissionais, temos influência na vida das pessoas. As pessoas nos escutam e se inspiram em nós. Nós somos modelo de conduta e deveríamos ser campeões tanto dentro como fora de campo. Temos a responsabilidade de fazer nossa voz ser ouvida e valer", explicou Jill Loyden. Até agora, o maior problema de Solo, além da prisão pela agressão, foi ter fotos nuas vazadas na internet. Mas ela continua em xeque.