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Você largaria tudo para jogar na Tailândia? Jovens celestes encaram desafio

Atacante Hugo Sanches, revelado pela base do Cruzeiro, defende o BEC Tero, clube da Tailândia e parceiro celeste - Cruzeiro/Divulgção
Atacante Hugo Sanches, revelado pela base do Cruzeiro, defende o BEC Tero, clube da Tailândia e parceiro celeste Imagem: Cruzeiro/Divulgção

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

08/10/2014 06h00

Promissor atacante da base do Cruzeiro e com nome em homenagem ao craque mexicano, que brilhou no Real Madrid, Hugo Sanches não pensou duas vezes quando foi convidado pela diretoria do Cruzeiro para se transferir ao futebol da Tailândia, concretizando parceria com BEC Tero Sasana, da primeira divisão local. Ele e o também atacante Rodrigo Dias, ambos com 20 anos, embarcaram numa viagem para o outro lado do mundo em busca de dinheiro e experiência, que possam alavancar suas carreiras no futuro.

Os garotos jogavam no time sub-20 do Cruzeiro. Estavam prestes a estourar idade e sem perspectivas de aproveitamento imediato no profissional, foram incluídos na parceria firmada com o clube tailandês, concretizada em 17 de setembro último, quando se apresentaram oficialmente. Ambos assinaram contrato com três meses de duração, mas com opção de renovação.

“Conversei com meus pais e meu empresário e resolvemos que era hora de seguir um novo caminho. Estou feliz pelo acerto e acredito que fiz uma boa escolha. É um sacrifício, mas sei que vai valer a pena lá na frente”, explicou Hugo, em entrevista, por telefone, ao UOL Esporte.

Sacrifício é uma palavra usada também por Rodrigo para justificar a empreitada em um país para lá de secundário no mapa do futebol mundial. Sem sucesso, a seleção tailandesa tenta se classificar para a Copa do Mundo desde 1974. Mas não chegou nem perto de um Mundial.

Forte lá é o turismo. País budista, situado no sudeste asiático e que faz fronteira com Laos, Camboja, Malásia e Mianmar, a Tailândia é importante destino turístico. E isso acontece exatamente por ter cultura, hábitos e culinária muito diferentes em relação ao mundo ocidental. Os atrativos vão de belas praias ao sul, como Koh Phi Phi e Phuket, com a espiritualidade presente em cidades sagradas, como Ayuttaya e nos tempos de Chiang Mai.

Morando ali há três meses, Hugo não tem dúvidas que acertou em sua decisão. “Nunca escondi que meu desejo era jogar no profissional do Cruzeiro, mas como não tive espaço nesse momento, tenho que ter paciência, trabalhar duro para quem sabe um dia conquistar esse sonho”, destacou.

Parceria do Cruzeiro com clube tailandês - Cruzeiro/Divulgação - Cruzeiro/Divulgação
Diretor do Cruzeiro, Pedro Moreira (ao centro), durante evento de oficialização da parceria do Cruzeiro com o futebol da Tailândia
Imagem: Cruzeiro/Divulgação

Ao contrário do companheiro, Rodrigo manifesta receio misturado com a empolgação de finalmente conseguir a grande chance que tanto buscou desde que deixou sua casa e foi morar sozinho aos 14 anos de idade. Quando foi convidado pelo gerente do Departamento de Negócios Internacionais do Cruzeiro. Pedro Moreira, o jogador teve dúvidas e chegou a ser aconselhado pelo empresário a recusar a oferta.

Mudou de ideia dias depois, convencido pelas informações a respeito da boa estrutura do Bec Tero Sasana, que ele confirmou ao chegar a Bangcoc. Até o momento o garoto não se arrependeu. “Às vezes bate uma carência, por ficar sozinho, mas temos que superar isso. É difícil, pois é um lugar muito longe, uma cultura diferente”, observou.

Para suportar a distância de 16 mil quilômetros e a ausência das pessoas queridas, Hugo e Rodrigo utilizam as redes sociais, mensagens e o telefone. Eles moram no mesmo condomínio, na capital da Malásia, em apartamentos separados, oferecidos pelos tailandeses.

“A adaptação nos primeiros dias foi complicada, tensa, agora já estou um pouco mais acostumado ao país e à cultura local, incluindo a alimentação. O que está mais difícil é o idioma, que é bem complicado. O técnico é brasileiro e isso ajuda bastante, mas quando não estamos dentro de campo passamos aperto”, disse Hugo Sanches, entre sorriso e sem perder o bom humor.

Na Tailândia, em que o fuso horário é de dez horas à frente em relação ao Brasil, o idioma oficial é o tailandês ou siamês e a base da culinária local é formada por peixes, arroz e macarrão. O diferente é o modo de preparado, com a combinação de sabores salgado, doce, azedo, amargo e ardido. É o caso, por exemplo, do macarrão frito phad thai..

Responsável pelo envio de Hugo e Rodrigo para a Tailândia, Pedro Moreira explica que a parceria entre Cruzeiro e BEC Tero Sasana é uma forma de internacionalização da marca. “Já tivemos jogadores que atuaram pela a Europa, na Suécia, e hoje estamos investindo no mercado asiático. Futuramente pretendemos fazer a mesma parceria nos Estados Unidos”, disse.

O acordo prevê também intercâmbio de atletas e integrantes das comissões técnicas. Além disso, a equipe tailandesa participará de torneios da categoria de base aqui na Toca da Raposa no fim do ano. Existe a possibilidade de o Cruzeiro construir uma academia na capital do país asiático e uma futura excursão por lá.