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Herói sumiu após Batalha dos Aflitos e revê vídeo para elevar autoestima

Galatto, herói da Batalha dos Aflitos e hoje na reserva do Criciuma - Heuler Andrey/Agif/Folhapress
Galatto, herói da Batalha dos Aflitos e hoje na reserva do Criciuma Imagem: Heuler Andrey/Agif/Folhapress

José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

15/10/2014 06h00

O dia 26 de novembro de 2005 é daqueles inesquecíveis no futebol. Já imaginou um time vencer uma partida na casa do rival com quatro jogadores a menos?  Foi o que o Grêmio fez, como muitos sabem, na Batalha dos Aflitos. E a heroica vitória por 1 a 0 sobre o Náutico assegurou o acesso não seria possível sem que o primeiro milagre fosse feito no momento mais providencial e crucial: a defesa do pênalti batido aos 14 min do segundo tempo. O herói do jogo? Um torcedor fanático do clube. O goleiro Galatto. Hoje, ele está com 31 anos e na reserva do Criciúma, que luta contra o rebaixamento no Brasileiro.

O arqueiro entrou para a história ao deixar o pé no meio do gol que salvou a bomba do jogador do Náutico na cobrança de pênalti que depois derrubaria psicologicamente os jogadores do time pernambucano. Mas, depois do feito, Galatto não colheu mais louros como esse na carreira.

Virou reserva do Grêmio nos anos seguintes e depois foi para o Atlético-PR. Também não conseguiu se firmar. Se aventurou no futebol da Bulgária, Suíça e no Málaga, da Espanha. Jogou a Série B por América-RN e CRB. Mas ainda sonha em voltar a fazer história como na Batalha dos Aflitos e culpa as contusões pela carreira não ter emplacado. E ainda sonha em um dia voltar ao clube gaúcho, onde viveu sua maior glória e foi revelado.


“É um sonho que sempre mantenho vivo (de voltar ao Grêmio). É meu time de coração e que torço desde criança. Quem sabe um dia não consigo voltar ao Grêmio um dia.”

Se participar de um episódio histórico do futebol como protagonista já é motivo de orgulho, imagine então fazer isso sendo o salvador de seu time de coração. Galatto viveu momentos dignos de filme, literalmente, na Batalha dos Aflitos. E conta que revê o vídeo nos momentos em que tem baixas psicológicas na sua vida.

“Não tenho um número exato [de quantas vezes assistiu ao VT], mas quando estou triste e precisando de uma situação motivacional, sempre coloco esse vídeo para dar uma olhada e elevar a autoestima. Dá uma melhorada, entendeu? Se precisar de superação, é só assistir à aquele jogo”, explicou.

O goleiro deu algumas palestras para crianças meses depois do jogo e conta que um treinador com quem trabalhou anos depois da partida usou o episódio em uma preleção para motivar o elenco. “Comigo uma vez um treinador usou; o Roberto Fernandes quando eu estava no America-RN. Ele separou alguns lances e depoimentos. Quando fez isso, fiquei muito orgulhoso.”

“Logo depois daquele jogo muitas escolas me chamaram pra falar daquele jogo. Fazia visitas a locais, como câmara dos vereadores e outras cidades. Mas nunca tive remuneração, nunca pedi nada em troca disso.”

Se o vídeo do jogo é usado como motivação por Galatto e muitos no futebol, agora é uma chance para isso pelo atual momento de seu time. O Criciúma tem apenas 30 pontos e ocupa a antepenúltima colocação do Campeonato Brasileiro, na zona de rebaixamento.