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Atlético supera crise financeira, indisciplina de Jô e vive sua melhor fase

Bernardo Lacerda

Do UOL, em Vespasiano (MG)

17/10/2014 06h00

A temporada 2013 foi a melhor para o Atlético-MG, quando o clube conquistou o título inédito da Libertadores. Após o feito, a equipe viveu momentos conturbados e viu a pressão aumentar em 2014. Porém, após um primeiro semestre ruim, o alvinegro mineiro vive, agora na reta final do ano, o seu melhor momento desde a conquista internacional.

Mas para chegar ao auge, embalando vitória sobre o São Paulo, entrada no G-4 do Campeonato Brasileiro, a goleada sobre o Corinthians e classificação para as semifinais da Copa do Brasil, a equipe alvinegra teve de superar momentos conturbados e problemas internos, evitando que essas situações afetassem a confiança e o crescimento atleticano.

A principal dificuldade é financeira. A diretoria convive desde o início do ano com atrasos salariais. Atualmente, os atletas estão com um mês de vencimentos a ser pago e três de direitos de imagem.

“Normal, o presidente (Alexandre Kalil) sempre está tentando passar tranquilidade para a gente, tanto financeira como mental. Estamos passando momento difícil financeiramente, que qualquer clube pode passar. Mas a gente vai dar a vida, temos um comprometimento muito importante com o torcedor e vamos dar a vida dentro de campo e ele vai arrumar as coisas que tem que arrumar. Estamos todos juntos, isso que importa”, afirmou Dátolo.

Os problemas financeiros não estão influenciando em campo. Exemplo disso, foi a disposição de Diego Tardelli para jogar na quarta-feira, mesmo tendo enfrentado 30 horas de viagem de Cingapura para Belo Horizonte, onde chegou a poucas horas do duelo contra o Corinthians e tendo atuado no dia anterior em amistoso pela seleção brasileira contra o Japão.

“Ele fez um esforço muito grande, nós valorizamos o esforço que ele fez e ficamos felizes por ele estar em campo. Na verdade, foi um gesto muito bonito dele de viajar e quis estar com a gente, estar em campo e para nós é muito importante”, destacou Dátolo.

Outro problema extracampo foi em relação a novo sumiço do atacante Jô. O atleta não treina há uma semana com os companheiros e ficou fora dos jogos contra São Paulo e Corinthians, por indisciplina. A expectativa era que a situação do jogador, que é reincidente, teria uma decisão ainda nesta semana. Mas, o presidente Alexandre Kalil não definiu qual será o futuro do centroavante e a sua punição pelas ausências. O atacante está liberado por tempo indeterminado dos trabalhos na Cidade do Galo.

Problemas à parte, na Copa do Brasil, o alvinegro mineiro conseguiu repetir a dramaticidade da Libertadores de 2013 e conquistou a classificação de forma heroica, ao vencer o Corinthians por 4 a 1, na quarta-feira, no Mineirão, depois de sair perdendo na partida de volta do torneio e já ter sido derrotado no jogo de ida, em São Paulo, por 2 a 0.

“Não são só os jogadores que estão subindo com o Levir. É um mérito do treinador, que passa confiança para a gente jogar tranquilo em campo, fazer o que sabemos fazer. Eu agradeço muito ao Levir, ao corpo técnico, Carlinhos Neves (preparador físico) que está com a gente”, disse Dátolo.

O Atlético viveu seu apogeu ao conquistar o título da Libertadores, de forma dramática em 2013. Jogadores como Diego Tardelli, Ronaldinho Gaúcho, Bernard e Jô ganharam projeção com a conquista e passaram a viver fase de idolatria por parte da torcida. Porém, após o título continental, o clube, que era considerado o melhor do Brasil, viveu uma queda de rendimento. Foi apenas coadjuvante no Brasileirão, quando terminou fora até mesmo do G4.

O pior momento, no entanto, aconteceu no Mundial de Clubes, quando a equipe, que foi comandada por Cuca, caiu logo na estreia, para o desconhecido Raja Casablanca, sendo derrotado por 3 a 1. Com futebol ruim e desorganizado, a equipe teve de se contentar em ficar fora da final e apenas com o terceiro lugar, ao vencer o Guanghzou Evergrande.

Após o Mundial, o técnico Cuca deixou o comando da equipe e foi substituído por Paulo Autuori. Jogadores como Gilberto Silva, Richarlyson, Alecsandro e Júnior César também não permaneceram de um ano para outro. Os resultados no começo de 2014 foram ruins, o time teve dificuldades no estadual, onde perdeu o título para o Cruzeiro, depois de dois anos sendo campeão seguidamente.

Na Libertadores, a equipe atleticana teve uma das melhores campanhas na fase de classificação, mas sem conseguir empolgar e mostrar o mesmo futebol apresentado um ano antes. Já nas oitavas de final pegou o Atlético Nacional e foi eliminado de forma precoce. Ainda no primeiro jogo do confronto, Autuori foi demitido e Levir Culpi assumiu em seu lugar. Porém, o comandante teve dificuldades e muitos problemas, não tendo então um início promissor no retorno ao clube, depois de sete anos no Japão.

No pós-Copa do Mundo, em que o Atlético teve mais de 30 dias de intertemporada e viajou para a China, para fazer uma série de amistosos, para divulgar a imagem do clube, Levir Culpi viveu seu primeiro bom momento, ao conquistar o inédito título da Recopa Sul-Americana, ao vencer o Lanús, por 1 a 0, na Argentina e por 4 a 3, na prorrogação, na partida de volta. Porém, a equipe ainda apresentava dificuldades e não agradava ao comandante.

Agora, em outubro, o Atlético repete as boas atuações de 2013 e volta a ser um time regular e vive seu momento de auge depois de mais de um ano. A equipe é a líder do segundo turno do Brasileirão, com 20 pontos somados nos últimos 30 disputados. Está a nove pontos do líder e rival Cruzeiro, mas mais presente no G4 do torneio nacional, brigando ao menos para vaga na próxima Libertadores, que seria a terceira consecutiva do clube.