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Grêmio inicia processo que trocará cartolas de 7 times; Palmeiras é exceção

Grêmio será o primeiro de sete times que viverão eleições nos próximos meses - Marinho Saldanha/UOL
Grêmio será o primeiro de sete times que viverão eleições nos próximos meses Imagem: Marinho Saldanha/UOL

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

17/10/2014 06h00

Neste sábado, o Grêmio escolherá o substituto de Fábio Koff na presidência do clube. Será só a primeira de várias eleições nos grandes brasileiros. Ao todo, oito dos 12 gigantes do futebol nacional viverão pleitos decisivos nos próximos meses. Em sete deles, necessariamente haverá mudança entre os cartolas. De todos, o único clube onde há chance de reeleição é o Palmeiras.

Além do Grêmio de Fábio Koff, Inter, Vasco, Botafogo, Atlético-MG, Corinthians e Santos trocarão seus presidentes. Nem sempre por nomes novos, é verdade.

Ex-presidentes como Vitório Piffero, no Inter; e Eurico Miranda, no Vasco, estão na briga para voltarem ao comando, agora na oposição. Velhos dirigentes como Wlademir Pescarmona, no Palmeiras; Marcelo Guimarães, no Botafogo, e Roberto de Andrade, no Corinthians, também buscam seu lugar ao sol.

Veja, abaixo, como será a eleição, quem são os candidatos e o que muda para cada um dos clubes envolvidos no processo:

Grêmio

Romildo Bolzan Júnior é o candidato à presidência do Grêmio apoiado por Koff - Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio - Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio
Romildo Bolzan Júnior é o candidato à presidência do Grêmio apoiado por Koff
Imagem: Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio
A primeira das oito eleições será neste sábado. Depois de um primeiro turno no Conselho Deliberativo que cortou três das cinco chapas que se candidataram, os cerca de 40 mil sócios aptos decidirão o futuro do clube - estão aptos os sócios maiores de 16 anos, afiliados há mais de dois anos e adimplentes nos últimos 12 meses.

De um lado está o candidato escolhido por Fábio Koff. Romildo Bolzan Júnior foi vice do veterano cartola nos últimos dois anos e vai ao pleito com a missão de reverter uma tradição recente do clube, que desde 2008 sempre troca de ideologia, o que por vezes causa turbulências ao time de futebol, que não vence nada no âmbito nacional desde 2001.

O jejum, mantido na era Koff, que sequer venceu um Gre-Nal, é a principal arma de Homero Bellini, candidato da oposição. Derrotado na eleição anterior, ele promete foco total no gramado para tentar fazer o Grêmio ser campeão de novo.

Romildon Bolzan e Koff não ignoram o jejum, mas o fracasso acumulado até agora faz com que as ações na Arena sejam os grandes trunfos da dupla. Nesta semana, o Grêmio anunciou a compra da gestão do novo estádio, contrato que eles haviam herdado da administração anterior.

Vasco

Eurico Miranda concede entrevista durante a Soccerex, no Rio de Janeiro - Ítalo Dornelles/Soccerex - Ítalo Dornelles/Soccerex
Eurico Miranda é candidato e pode voltar à presidência do Vasco
Imagem: Ítalo Dornelles/Soccerex

A eleição do Vasco será em 11 de novembro por conta da Justiça, já que inicialmente estava marcada para agosto. A remarcação se deve a uma investigação da Polícia Civil sobre o "mensalão vascaíno" - 3 mil pessoas se associaram em 2013, gerando a suspeita de que teriam sido financiadas por um candidato. Por isso, até dia 25 de outubro, o Vasco fará um recadastramento biométrico para diminuir a incidência de votantes irregulares.

Quem ganhar substituirá Roberto Dinamite, ídolo histórico que assumiu em 2008 e nunca conseguiu repetir como cartola o sucesso dos campos. Um dos possíveis sucessores é ninguém menos que Eurico Miranda, ex-presidente do clube, que chega como um dos acusados no processo do "mensalão".

Além do cartola, outros cinco nomes pleiteiam a presidência do Vasco, nenhum da situação. Desprestigiado, Roberto Dinamite não apontou um sucessor e deve ficar à margem no processo eleitoral.

A eleição no Vasco é indireta. Os sócios aptos montarão o Conselho Deliberativo de 150 membros - 120 da chapa vencedora e 30 do segundo colocado. São os conselheiros eleitos que, uma semana depois, elegem o presidente entre os candidatos. Como não há proporcionalidade na formação do órgão, a tendência é que os escolhidos apenas referendem o candidato que representaram na fase anterior.

O maior rival de Eurico é Julio Brant. Ex-executivo da construtora Andrade Gutierrez, ele é apoiado pelo ídolo Edmundo e promete implantar modelo de gestão similar ao do Benfica, fruto dos anos vividos em Portugal recentemente.

Entre os demais, destaca-se Tadeu Correia, que compôs a sindicância que apurou as irregularidades do mensalão e chegou a ser ameaçado por isso. Roberto Monteiro e Nelson Rocha, também candidatos, reúnem em suas chapas ex-membros da gestão de Dinamite, embora se oponham à gestão do atual presidente. Eduardo Nery, último a se lançar, tem só 43 anos e ancorou seu pleito na parceria com empresários vascaínos.

Botafogo

Thiago Cesário Alvim será candidato às eleições do Botafogo em novembro - Satiro Sodre/SSPress - Satiro Sodre/SSPress
Thiago Cesário Alvim será candidato às eleições do Botafogo em novembro
Imagem: Satiro Sodre/SSPress

O clube vai eleger o sucessor do criticado Maurício Assumpção em 25 de novembro. Quem ganhar terá um cenário caótico pela frente, já que o Botafogo está atolado em dívidas e com 100% de suas receitas penhoradas. São três meses de salários atrasados, sete de direitos de imagem e o risco de rebaixamento é considerável.

Maurício Assumpção está tão em baixa que sequer anunciou apoio a nenhum dos quatro candidatos - dois deles trabalharam na gestão atual, mas não se apresentam como situação.

Thiago Cesário Alvim foi vice de comunicação de Assumpção desde 2009 e apareceu de surpresa na lista de candidatos depois de uma tentativa frustrada de chapa única. Carlos Augusto Montenegro, que tentou costurar o acordo entre todos os grupos políticos alvinegros, fracassou no pleito e acabou lançando Thiago em cima da hora.

Os rivais serão Carlos Eduardo Pereira, Vinícius Assumpção (que não tem parentesco com o atual mandatário) e Marcelo Guimarães. O primeiro é o principal nome da oposição e tenta a presidência do clube pela segunda vez, depois de ter sido derrotado por Maurício em 2011. É apoiado por nomes como Amarildo e Paulo César Caju.

Marcelo Guimarães, por sua vez, é um dissidente da atual gestão, da qual foi diretor de marketing, e chega à eleição com boa relação com as organizadas. Vinícius Assumpção, por último, se candidata sem nenhum histórico de cargos no clube e com um discurso conciliador, falando em "reunir grandes botafoguenses" caso seja eleito.

O pleito ocorrerá em 25 de novembro e a lista de sócios aptos a votar será divulgada só oito dias antes. Pelas regras, só os sócios com pagamentos em dia poderão decidir o substituto de Maurício Assumpção.

Palmeiras

Paulo Nobre visitou o treino do Palmeiras e mostrou bom humor na conversa com o grupo - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação
Apesar da fase complicada do Palmeiras, presidente Paulo Nobre tentará a reeleição
Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

Do grupo que terá eleições em breve, o Palmeiras é o único clube em que o atual presidente pode se manter no cargo. Eleito em 2013, Paulo Nobre tenta o segundo mandato contra Wlademir Pescarmona, ex-diretor de futebol do clube.

Será a primeira eleição direta do clube, conhecido pelo ambiente político turbulento e dependente da força dos Conselhos. No dia 29 de novembro, 10 mil pessoas com direito a voto (mais de três anos como associado e mensalidades em dia) escolherão entre duas grandes forças políticas.

O maior avalista de Paulo Nobre é Mustafá Contursi, ex-presidente que comanda o Conselho Deliberativo e o Conselho de Orientação Fiscal. Pescarmona, por sua vez, conta com o apoio de Luiz Gonzaga Belluzzo, outro ex-mandatário palmeirense.

A situação do time é um agravante para o processo eleitoral. Na briga para não cair, o Palmeiras pode chegar ao dia da votação ainda enrolado na disputa contra a Série B, o que certamente pesaria contra a situação.

A Arena Palestra, prestes a ser inaugurada, é outro ponto-chave na eleição. A gestão de Paulo Nobre está em litígio com a construtora WTorre por discordar de alguns termos do contrato, que foi assinado justamente na gestão de Belluzzo, "patrocinador" de Pescarmona.

Santos

Fernando Silva, ex-diretor do Santos, e Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, ex-presidente do clube, durante campanha presidencial - Bruno Thadeu/UOL - Bruno Thadeu/UOL
Fernando Silva é o candidato apoiado por Luís Álvaro à presidência do Santos
Imagem: Bruno Thadeu/UOL

Como o Botafogo e o Vasco, o Santos tem uma eleição pulverizada, na qual é difícil distinguir situação de oposição. Odílio Rodrigues, atual presidente, herdou o cargo de Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro e viu seu grupo rachar ao longo dos anos - o próprio Laor rompeu com ele.

A eleição está marcada para 6 de dezembro, acontecerá em Santos e São Paulo (possivelmente, também em Campinas) e receberá votos de todos os sócios que estão há mais de um ano no clube. O pleito é para escolher presidente e vice, que por sua vez escolhem os membros do Conselho Gestor.

O candidato da situação é Nabil Khaznadar, empresário do ramo da moda que foi escolhido pela gestão atual. Com Odílio em baixa, porém, não é provável que ele explore muito a imagem do atual presidente. O racha no grupo foi tão grande que dois dos outros quatro candidatos já definidos são dissidentes da atual gestão.

Fernando Silva, ex-superintendente de futebol do clube, lançou sua candidatura apoiado por Luís Álvaro de Oliveiro Ribeiro, presidente do começo da era Neymar e que se afastou por problemas de saúde. Vagner Lombardi, por sua vez, é o representante do grupo Resgate Santista, que ajudou a levar Laor ao poder, mas deixou a diretoria antes do fim do mandato.

A oposição propriamente dita é representada por Modesto Roma. Filho de um dirigente histórico do clube, ele é apoiado por Marcelo Teixeira, presidente que antecedeu a era Laor.

José Carlos Peres, que transita entre os vários grupos e hoje é diretor do G4, grupo que une os quatro grandes paulistas em parcerias comerciais, é o quinto candidato já lançado. Quem completa a lista é Orlando Rollo, espécie de terceira via da política santista, que pode até definir a eleição.

O conselheiro ainda não definiu se vai lançar candidatura própria e é tido como um bom agregador de votos. Caso decida apoiar um dos outros concorrentes, o peso de sua escolha pode definir o pleito.

Internacional

Presidente do Inter, Giovanni Luigi, durante apresentação do projeto de reabertura do Beira-Rio (15/10/2013) - Alexandre Lops/AI Inter - Alexandre Lops/AI Inter
Presidente do Inter, Giovanni Luigi tentará reeleição contra ex-parceiro Vitório Piffero
Imagem: Alexandre Lops/AI Inter

A eleição colorada vai opor dois cardeais da política do clube: o atual presidente Giovanni Luigi e seu antecessor, Vitório Piffero, que romperam em 2010, por divergências sobre a reforma do Beira-Rio. Antes disso, os dois eram membros do mesmo grupo que comanda o Inter desde 2002, capitaneado por Fernando Carvalho, que não escolheu candidato.

O candidato de Giovanni Luigi deve ser Marcelo Medeiros, atual vice de futebol, representando a continuidade. Do outro lado está o próprio Piffero, que tenta voltar ao clube depois de quatro anos longe da presidência.

A disputa será decidida em dois turnos. No primeiro, em 10 de novembro, os 317 conselheiros votam e podem definir a eleição caso uma chapa tenha mais de 85% dos votos. Caso isso não ocorra, em 13 de dezembro os sócios vão às urnas para decidir o novo presidente.

Atlético-MG

Reeleito presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, ao lado do vice-presidente Daniel Nepomuceno (15/12/2011) - Bernardo Lacerda/UOL Esporte - Bernardo Lacerda/UOL Esporte
Apoiado por Kalil, Daniel Nepomuceno deve ser único candidato no Atlético-MG
Imagem: Bernardo Lacerda/UOL Esporte

A eleição, marcada para a primeira quinzena de dezembro, deve ser uma mera troca de bastão. Alexandre Kalil deixará o clube depois de seis anos no cargo, tendo conquistado no período o maior título da história alvinegra: a Libertadores de 2013.

Também por isso, não será difícil para o cartola, conhecido por seu estilo centralizador, escolher seu sucessor. Extraoficialmente, Kalil já deu sua benção a Daniel Nepomuceno, atual vice-presidente. A tendência é que a eleição tenha chapa única, já que ninguém da oposição deve entrar na briga.

A eleição no Atlético-MG é indireta. O Conselho Deliberativo, com seus mais de 400 membros, votará para escolher o presidente e o vice. Em caso de chapa única, porém, o pleito servirá como aclamação.

Corinthians

Roberto de Andrade, no comando do Corinthians por dois meses, posa na sala da presidência no Parque São Jorge - Carlos Padeiro/UOL - Carlos Padeiro/UOL
Roberto de Andrade deve ser um dos candidatos à presidência do Corinthians
Imagem: Carlos Padeiro/UOL

Com o time em crise e a eleição marcada para fevereiro, a sucessão de Mário Gobbi promete muitas emoções. Hoje, não se sabe nem quem são os candidatos. Forças menores do clube, como Bentinho Júnior e Ilmar Schiavenato, já anunciaram pleitos próprios, desvinculados dos principais grupos políticos, que ainda deliberam.

A situação está rachada. Boa parte do grupo liderado por Andrés Sanchez se opõe à gestão de Gobbi, que se absteve de participar do processo de sucessão. O candidato da sucessão, então, será escolhido por Andrés, que tem duas opções principais.

Roberto de Andrade, diretor de futebol campeão do mundo em 2012, é o favorito, mas enfrenta resistência. André Luiz Oliveira, ex-diretor administrativo e braço direito de Andrés, fala abertamente que quer ser presidente e carrega consigo muitos votos da base de sócios do Parque São Jorge. Como Andrés resolverá esse impasse é um mistério.

A oposição assiste a tudo de camarote. Antônio Roque Citadini e Paulo Garcia seriam nomes possíveis, mas ambos só vão se manifestar depois que a situação definir seu candidato. Omar Stábile, outro conselheiro que se opõe ao grupo de Andrés, também pode tentar entrar na briga.

A eleição ocorrerá em fevereiro do ano que vem, de forma direta. O associado com mensalidades em dia escolherá o presidente e a composição do Conselho Deliberativo.