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Homenagens a Fernandão seguem apenas no papel 4 meses após sua morte

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

18/10/2014 06h00

Fernandão ainda mobiliza os colorados quatro meses após seu falecimento. Segue sendo ídolo. Mas 133 dias depois da tragédia que vitimou o ex-atacante, a maioria das homenagens não saiu do papel. De todas as ideias e promessas feitas logo após a morte do antigo camisa 9, a única que avançou foi a elaboração de uma estátua em tamanho real que será colocada no Beira-Rio, em dezembro.

A rua que deverá levar o nome de Fernandão, no entorno do estádio do Inter, segue anônima. O memorial informal, forjado pela despedida de milhares de torcedores, continua a céu aberto e sem futuro certo. E o livro de memórias do ex-jogador também não saiu ainda.

Estabelecida em Porto Alegre desde o acidente com o helicóptero, no interior de Goiás, naquele fatídico 07 de junho, a família de Fernandão acompanha de perto o desenrolar das homenagens. O filho Enzo tem contato ainda mais direto com a imagem do pai fora de casa. Ele continua no time sub-11 do Internacional.

O impasse sobre a rua é, na verdade, fruto de um entrave político. A Câmara de Vereadores de Porto Alegre recebeu mais de um projeto de lei pedindo a homenagem. O Inter também se movimentou no mesmo sentido, mas antes outros nomes já haviam sido apresentados pelo clube. A saída: organizar uma reunião para acomodar os homenageados nas três vias abertas após a reforma do Beira-Rio.

“Quando o Fernandão faleceu surgiram os projetos. E o Inter depois se manifestou, também pedindo a homenagem. Criou-se uma animosidade entre os vereadores, os que criaram o projeto e tal. Vamos fazer uma reunião e bater o martelo no nome das três ruas. A ideia é aprovar ainda este ano”, disse o vereador Professor Garcia (PMDB), presidente da Câmara.

A reunião entre os vereadores e a diretoria do Inter ainda não tem data para ocorrer. O plano é que o encontro seja feito no começo de novembro. Depois dele o projeto precisa cumprir o caminho burocrático e ser votado no plenário. Mais tarde, será entregue ao prefeito José Fortunati para ser sancionado. A corrida contra o tempo, deflagrada tardiamente, não deve impedir que a rua ganhe nome somente em 2015.

Enquanto isto, a homenagem mais palpável avança. Dois artistas plásticos de Porto Alegre já finalizaram a primeira das três etapas para criar a estátua de Fernandão. Até a viúva, Fernanda Costa, foi consultada para aumentar o realismo da peça de bronze, a ser inaugurada em 17 de dezembro. A imagem do camisa 9 terá dois metros de altura e ficará em cima de um globo. Uma base anda sustentará tudo, deixando o monumento com quase três metros. O plano do Inter é fazer uma pequena praça, com bancos e gramado para os torcedores usufruírem do espaço contíguo à Avenida Padre Cacique.

O memorial de Fernandão, criado em uma das paredes da 'casa do torcedor' - local erguido pela construtora Andrade Gutierrez durante a reforma do Beira-Rio, ainda tem futuro incerto. Com um toldo dando proteção mínima para mensagens e cartazes, oferendas e fotos, o local pode ser demolido. O clube estuda transportar somente a parede com as manifestações da torcida para o Museu do Inter, alguns metros dali. Lá, será criada uma exposição para celebrar a passagem e as lembranças do antigo capitão no Beira-Rio.

Por decisão da família, o ídolo dos colorados não terá uma biografia. Os entes e o antigo assessor de imprensa de Fernandão, Marcelo Campos, trabalham em um livro de memórias com centenas de fotos e depoimentos de amigos e ex-companheiros do futebol e até jornalistas. O lançamento deve ser marcado para março de 2015, mês em que o capitão do Inter no Mundial de Clubes completaria 37 anos.