Topo

Emboscada na Anchieta teve 150 palmeirenses no meio da pista, diz delegado

Do UOL, em São Paulo

20/10/2014 13h19

O incidente que terminou com a morte de um torcedor no último domingo, na rodovia Anchieta, foi uma emboscada de cerca de 150 palmeirenses contra veículos que transportavam santistas. A informação é do delegado Luís Jesus de Castro, responsável pela investigação pelo 2º Distrito Policial de Sao Bernardo do Campo.

A briga na altura do km 18 da Anchieta paralisou a pista central e acabou na morte de Leonardo da Mata Santos, de 21 anos. O torcedor do Palmeiras foi atropelado quando tentava impedir o deslocamento de um carro. Mais dois homens foram atingidos pelo veículo. Outro envolvido, também palmeirense, foi alvejado com um disparo de revólver. Todos estão internados em hospitais do ABC e de São Paulo.  

"Foi cerca de 150 indivíduos que invadiram a pista", disse delegado Luís Jesus de Castro em entrevista à rádio Jovem Pan.

"Essa torcida Mancha Alvi Verde deve ser totalmente responsabilizada. A maioria que participou do confronto é de moradores do bairro do Grajaú, na Zona Sul de São Paulo, longe do Pacaembu [local da partida de domingo]. Vieram com um arsenal, com rojões, pedaços de madeira, cabo de picareta, vieram na intenção do confronto, de fazer uma agressão", acrescentou o delegado.

O incidente aconteceu quando dois ônibus com torcedores do Santos subiam a serra sem escolta policial. O comboio foi surpreendido pelos rivais armados com enxadas, rojões e facas. Dois carros de santistas acompanhavam os ônibus e houve o atropelamento que causou a morte palmeirense Leonardo da Mata Santos.

A briga e o resgaste do torcedor morto provocou a interdição da pista central da Anchieta, das 12h30 às 14h. Por causa do confronto, o tráfego foi direcionado para a pista local, que apresentou lentidão de cinco quilômetros.

Quatro torcedores do Palmeiras estão presos e mais duas pessoas envolvidas na briga (que estão internadas) receberam voz de prisão depois do incidente de domingo, em São Bernardo do Campo. Um sétimo suspeito também está sendo monitorado.

Os envolvidos devem responder por crimes como tentativa de homicídio, associação criminosa e provocar tumulto. A polícia trabalha com a hipótese de vingança, já que há três meses, na data do jogo de primeiro turno do Brasileiro entre Santos e Palmeiras, integrantes das facções Mancha Alvi Verde e Torcida Jovem se enfrentaram na Baixada Santista. Na ocasião, o conflito não deixou mortos. 

A polícia também tenta identificar os torcedores organizados do Santos envolvidos no incidente. Por enquanto só palmeirenses foram detidos. 

Ouvido pela reportagem do UOL Esporte, o promotor da Defensoria do Patrimônio Público, Marcelo Milani, se manifestou sobre o caso, com críticas ao planejamento policial para o deslocamentos das torcidas em dias de clássicos.  

"Essa questão é parte criminal. Não é muito a nossa parte. Mas é claro que reforça o nosso posicionamento sobre a necessidade de outra postura da própria federação e dos clubes nesse sentido. Reforça o que a gente já vinha falando. É mais um capítulo de um filme que a gente já viu", comentou o promotor.

"A gente precisa interceder sobre essa situação na Justiça como um todo. A gente pode se posicionar é sobre o policiamento. Por que esse policiamento não acompanha, não só dentro dos estádios? Como ele é feito? Por que não houve uma presença? Precisamos responder a essas questões", acrescentou o promotor.