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Corinthians vendeu jogo por R$ 1 milhão. E deixou alguns sócios revoltados

Corinthians x Bragantino jogaram recentemente em Cuiabá, com mando do adversário - André Romeu/VIPCOMM
Corinthians x Bragantino jogaram recentemente em Cuiabá, com mando do adversário Imagem: André Romeu/VIPCOMM

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

22/10/2014 12h00

Um acordo comercial entre o Corinthians e a empresa que organiza a partida contra o Vitória, marcada para a noite desta quarta-feira em Cuiabá, deixou membros do programa Fiel Torcedor revoltados. Eles pagam anuidade para ter desconto e preferência na compra de ingressos, mas o benefício não foi estendido para o jogo que é de mando corintiano na capital do Mato Grosso. O acontecimento é raro para os associados.

Punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em função de uma briga de torcedores organizados no clássico contra o São Paulo, o Corinthians conseguiu efeito suspensivo e poderia enfrentar o Vitória em Itaquera, mas optou pela negociação com uma empresa de Cuiabá. Em troca do direito de exploração da bilheteria, o grupo investidor pagará R$ 1 milhão para a direção corintiana.

"Isso foi um absurdo, além do fato de os preços estarem caríssimos. Não tivemos nenhum privilégio, deveriam permitir ver os atletas, fazer um almoço, abrir um treinamento. São maneiras de fidelizar os torcedores. Mesmo de longe, pagamos para o clube", reclama o empresário Joel Fagundes, morador de Cuiabá. Ele paga R$ 600 anuais pelo programa Fiel Torcedor e, sem desconto, pagou mais R$ 100 no ingresso para o jogo com o Vitória.

O caso de Joel é semelhante ao do advogado Raphael Neves, também residente na capital do Mato Grosso. "Me sinto lesado, tendo em vista que pagamos uma anuidade que não é baixa. Logo na visita do time a Cuiabá, não temos nenhum benefício. A vontade é cancelar o plano, mas somos reféns", diz ele, que costuma viajar a São Paulo eventualmente para assistir a algumas partidas do Corinthians.

Em seu Termo de Adesão, o Fiel Torcedor especifica na cláusula terceira que o programa "consiste na concessão de vantagens e benefícios pelo clube aos participantes em jogos de mando realizados em casa". Mais adiante, afirma que o clube "envidará seus melhores esforços para conceder vantagens e benefícios previstos no Fiel Torcedor mesmo em jogos realizados em outros estádios".

Em contato com o UOL Esporte, o Corinthians alegou, sobretudo, questões logísticas. "Nós teríamos que disponibilizar catracas e outras coisas, além de mapear o estádio para a venda de ingressos. Isso inviabilizou", explica Lúcio Blanco, gerente de operações do clube. "Nos jogos em Araraquara (interior de São Paulo), por exemplo, nossa média é de três mil ingressos para Fiel Torcedor. Mas é um deslocamento terrestre, mais simples. Agora não teríamos como levar essa estrutura para um jogo só".

O dirigente ainda afirmou que a ouvidoria do Fiel Torcedor estava à disposição para garantir a compra do ingresso aos associados, mas sem o desconto previsto. Atualmente com pouco mais de 61,7 mil torcedores, o Fiel Torcedor é o quarto colocado entre os programas do gênero no futebol brasileiro, segundo o Movimento Futebol Melhor. Os líderes são Internacional (125,2 mil), Grêmio (79,5 mil) e Cruzeiro (64,2 mil).