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Torcedor do Palmeiras que foi atropelado respira por aparelho e corre risco

Delegado mostra paus, pedras e outros itens apreendidos durante briga entre membros de torcidas organizadas de Santos e Palmeiras na rodovia Anchieta - CARLA CARNIEL/FRAME/FRAME/ESTADÃO CONTEÚDO
Delegado mostra paus, pedras e outros itens apreendidos durante briga entre membros de torcidas organizadas de Santos e Palmeiras na rodovia Anchieta Imagem: CARLA CARNIEL/FRAME/FRAME/ESTADÃO CONTEÚDO

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

22/10/2014 16h56

O conflito entre torcedores de Palmeiras e Santos no último domingo (19), na rodovia Anchieta, ainda pode ter mais uma vítima fatal. Eli Simão, membro da organizada Mancha Alviverde, está internado em estado grave no Hospital das Clínicas e respira com ajuda de aparelhos. Ele foi atropelado pelo mesmo carro que matou Leonardo da Mata Santos, enterrado na terça-feira (21).

Segundo uma funcionária do hospital, o estado de Eli é “muito grave”, e o torcedor ainda corre risco. A família do rapaz não quis conceder entrevistas, e os médicos, de acordo com a assessoria de imprensa, “não falam sobre casos individuais”.

Assim como Leonardo, Eli é membro da Mancha Alviverde. Os dois fizeram parte de um grupo que foi à Anchieta no domingo com intenção de interceptar o comboio da organizada santista Torcida Jovem, que viajava a São Paulo para acompanhar o clássico entre Palmeiras e Santos no Pacaembu. Armados com pedras e pedaços de madeira, os palmeirenses atacaram um ônibus, que conseguiu passar pelo bloqueio. Eles foram atingidos posteriormente por um Audi A3 prata, que estava logo atrás do veículo.

O Audi A3 está registrado em nome da mãe de André Maceno Apocalypse, 26, membro da Torcida Jovem. Ele se apresentou à Polícia Civil na terça-feira (21), prestou depoimento e disse que não conduzia o veículo. Bruno Richard Clementino, 24, que também faz parte da organizada, foi ao 2º Distrito Policial de São Bernardo do Campo e assumiu a autoria.

Bruno Richard Clementino já havia participado de confronto com uma organizada do São Paulo em 2009, no Anhangabau. Ele chegou a ser detido, mas o inquérito foi arquivado.

Agora, o santista vai ser indiciado por homicídio doloso (com intenção de matar), mas com dolo eventual (sem premeditação) por causa da morte de Leonardo. Ele também responderá por tentativa de homicídio dos outros palmeirenses atingidos.

Eli ainda não foi indiciado ou incluído nessa lista. A polícia aguarda a evolução do caso para tomar uma posição sobre o torcedor palmeirense.

O conflito de domingo já tem seis torcedores detidos (todos palmeirenses). Dois deles estavam hospitalizados, mas tiveram alta e se apresentaram à Polícia Civil. Além disso, Jorge Luiz do Carmo, 27, foi localizado no hospital Cruz Azul na última terça-feira (21), prestou depoimento e foi liberado.

“Foi um depoimento muito eficaz. Ele confessou tudo que havia acontecido, como a organização dos torcedores para encontrar os santistas e até onde eles se encontraram para retirar os materiais que foram usados como armas”, contou o delegado Luís Jesus de Castro.

Jorge não foi detido porque a lei eleitoral veta prisões cinco dias antes e dois dias depois do pleito presidencial, que acontecerá no domingo. As exceções a isso são apenas flagrantes e sentenças condenatórias.

Também por isso, um torcedor que a polícia localizou num hospital de Heliópolis deve se apresentar apenas na próxima semana. O rapaz foi encontrado por causa de uma tatuagem da Mancha Alviverde nas costas, e a identidade ainda não foi confirmada.