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Thiago Silva cria incógnita na seleção. Entenda o que diz a lista de Dunga

Do UOL, em São Paulo

23/10/2014 19h04

Dunga não pôde convocar nesta quinta-feira (23) a seleção que ele queria. Pressionado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o técnico da equipe nacional preteriu jogadores que atuam em times brasileiros na lista para amistosos contra Turquia (12/11, em Istambul) e Áustria (18/11, em Viena). Ainda assim, o grupo que ele formou diz muito sobre o atual momento do time. A começar pelo enorme ponto de interrogação chamado Thiago Silva.

Reserva na Copa de 2010, na primeira passagem de Dunga pela seleção, Thiago Silva virou titular e capitão no Mundial de 2014. Ele ainda não tinha reunido condições físicas para estar nas listas anteriores de Dunga, e isso coincidiu com um período de afirmação da defesa brasileira, que ainda não foi vazada em quatro partidas.

O período pós-Copa também marcou uma transição da braçadeira de capitão. Neymar assumiu a faixa, e a CBF anunciou nesta quinta-feira (23), horas depois da convocação, que ele manterá esse status a despeito do retorno de Thiago Silva ao grupo.

A questão da faixa de capitão, contudo, é apenas um aspecto sobre o papel que Thiago Silva terá no retorno à seleção brasileira. O defensor é a maior incógnita de um grupo que, mesmo com os limites impostos, mostra alguns pontos importantes sobre o trabalho de Dunga. Veja abaixo, posição por posição, o que a convocação representa sobre o atual momento da seleção:

Goleiros

Rafael Cabral, goleiro da seleção brasileira - Rafael Ribeiro/CBF - Rafael Ribeiro/CBF
Imagem: Rafael Ribeiro/CBF

Jefferson foi titular nos quatro jogos realizados depois da Copa. No terceiro deles, brilhou ao defender um pênalti cobrado por Lionel Messi na vitória do Brasil por 2 a 0 sobre a Argentina – o placar estava 1 a 0 quando o lance aconteceu. Sem o jogador do Botafogo, Dunga chamou Diego Alves e Neto para os próximos amistosos. Ambos terão suas primeiras chances com o treinador.

No entanto, os jogos contra Turquia e Áustria representarão um teste ainda maior para outro goleiro. Rafael Cabral esteve em todas as listas de Dunga até aqui, mas ainda não entrou em campo com o treinador. Ele já havia sido elogiado pelo preparador de goleiros Cláudio Taffarel antes da primeira convocação da atual comissão técnica, mas terá em novembro a grande chance de se consolidar como opção.

Laterais

Alex Sandro, lateral da seleção brasileira - Terceiro Tempo - Terceiro Tempo
Imagem: Terceiro Tempo

Foi a posição em que a seleção mais mudou depois da Copa de 2014. Na versão original da primeira lista, o único remanescente do Mundial foi Maicon, cortado posteriormente por ter chegado atrasado à concentração – Marcelo também foi chamado, mas apenas após o corte de Alex Sandro.

Na convocação para os jogos contra Argentina e Japão, Dunga levou Danilo, Mário Fernandes, Filipe Luís e Dodô, o único que não foi lembrado também para os amistosos contra Turquia e Áustria. Com o retorno de Alex Sandro, o treinador começa a mostrar quais atletas estão à frente na briga por essas posições.

Zagueiros

Thiago Silva, zagueiro da seleção brasileira - Terceiro Tempo - Terceiro Tempo
Imagem: Terceiro Tempo

Miranda foi titular nos quatro jogos de Dunga. David Luiz também teria sido, mas perdeu dois por problemas físicos. Marquinhos também só não participou das partidas contra Argentina e Japão porque estava lesionado. No início do trabalho, os três despontam como opções consolidadas no grupo.

A questão agora é Thiago Silva. O jogador não tinha condições físicas quando Dunga elaborou as listas anteriores. De volta à seleção, já sabe que não retomará o status de capitão. Mas será que o treinador vai deixá-lo no banco de reservas?

Thiago Silva pode voltar à seleção como uma liderança técnica ou pode exercer papel similar ao de Kaká e Robinho nas convocações anteriores – jogadores que tinham ascendência sobre os demais, mas que nem por isso eram donos de suas posições.

Há ainda um terceiro caminho: Thiago Silva pode ser apenas uma alternativa de Dunga para o veto a jogadores de clubes brasileiros. Nas quatro partidas anteriores, o técnico havia chamado Gil, do Corinthians.

Volantes

Casemiro, volante da seleção brasileira - Terceiro Tempo - Terceiro Tempo
Imagem: Terceiro Tempo

Na primeira lista pós-Copa, Dunga manteve três dos quatro jogadores usados por Luiz Felipe Scolari no Mundial (a exceção foi Paulinho, substituído por Elias). A convocação para os próximos amistosos sinaliza a primeira mudança de perfil na posição.

Ramires foi titular nos dois primeiros jogos, mas estava machucado e não participou das vitórias sobre Argentina e Japão. Foi substituído por Elias, que tem velocidade e chegada ao ataque. Para os próximos amistosos, Dunga não chamou nenhum volante similar a isso. Casemiro, Fernandinho, Luiz Gustavo e Rômulo são atletas de força física, e todos eles atuam na proteção da zaga em suas equipes.

Os quatro jogadores chamados por Dunga também já atuaram como segundos volantes, é verdade, mas são mais altos e menos rápidos do que Paulinho, Ramires ou Elias.

Meias

Lucas Moura, meia da seleção brasileira - STEPHANE MAHE / REUTERS - STEPHANE MAHE / REUTERS
Imagem: STEPHANE MAHE / REUTERS

Oscar, Philippe Coutinho e Willian estiveram em todas as convocações de Dunga. Lucas (Paris Saint-Germain) foi chamado para o lugar aberto por Éverton Ribeiro, que tem sido usado aberto pelo lado direito.

A convocação desta quinta-feira (23) mostra que há pelo menos três posições fechadas entre os meias (Willian é titular na direita, e Oscar e Philippe Coutinho são as opções para o outro lado do campo – a seleção tem usado dois armadores abertos e dois atacantes).

Atacantes

Luiz Adriano, atacante da seleção brasileira - VASILY FEDOSENKO / REUTERS - VASILY FEDOSENKO / REUTERS
Imagem: VASILY FEDOSENKO / REUTERS

A lista para os próximos amistosos tem três novidades (Douglas Costa, Luiz Adriano e Roberto Firmino), mas a maior delas é Luiz Adriano. O centroavante do Shakhtar Donetsk, que ainda não havia tido chances na seleção principal, tem um perfil que Dunga havia limitado na seleção.

Nas primeiras listas, Dunga havia chamado apenas Diego Tardelli como opção mais aguda de ataque. O jogador do Atlético-MG, contudo, não é um homem de área. Ele atua aberto pela direita em muitas partidas no clube, por exemplo, e foi segundo atacante no amistoso contra o Japão – Neymar foi o homem mais adiantado.

“Temos que criar alternativas de jogo, não só na forma e no sistema. O Luiz Adriano despontou muito bem no Inter, está jogando bem. Não é fácil atuar em um país que tem neve quase o ano todo, tendo sempre um rendimento altíssimo”, elogiou Dunga após a convocação desta quinta-feira (23).