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Interesse por Adriano surgiu em jantar com ex-vascaíno, diz cartola francês

Rodolfo, que teve passagem recente pelo Vasco, deu origem ao interesse por Adriano - Marcelo Sadio/Vasco.com.br
Rodolfo, que teve passagem recente pelo Vasco, deu origem ao interesse por Adriano Imagem: Marcelo Sadio/Vasco.com.br

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

24/10/2014 06h00

Christophe Maillol é um ex-empresário de futebol que morou dez anos no Brasil e, em agosto, comprou um clube da segunda divisão francesa. Nos últimos dias, ele virou notícia pela tentativa de contratar Adriano, parado desde a saída tumultuada do Atlético-PR. Em entrevista ao UOL Esporte, ele conta que a ideia surgiu em um jantar despretensioso.

“Eu assinei com o Rodolfo, ex-Vasco [e também Fluminense e Grêmio], que jogou em Kiev e depois no Lokomotiv Moscou. Estávamos falando sobre jogadores do Brasil e um dia ele me falou do Adriano. Quem não gostaria de ter o Adriano dentro do seu time? Eu fui atrás do empresário e consegui falar com ele, me apresentei, falei o que eu queria”, disse Maillol, em conversa por telefone com a reportagem.

Em um português claro, o cartola explica que quer seduzir o Imperador, que não joga em alto nível desde a passagem pelo Flamengo, encerrada em 2010. Desde então, ele fracassou na Roma, no Corinthians e no Atlético-PR, em uma rotina marcada por muitas lesões e confusões extra-campo.

Adriano topou a ideia inicial: vai à França na próxima semana para passar três dias, segundo sua assessoria de imprensa. Maillol diz que vai apresentar a estrutura do Le Havre ao jogador e leva-lo Ocean Stadium, nova casa do Le Havre, inaugurada em 2012 com padrão bem acima do que se pode esperar de um clube da segunda divisão.

“Já tenho tudo na minha cabeça, a condição que ele gosta em um clube. Sexta à noite vai ter um jogo em casa, ele vai ver o estádio. O jogador tem de gostar de tudo. Meu estádio é igual a um estádio de ponta, você pode ver na internet, vai descobrir um estádio muito bonito, uma cidade muito bonita”, disse Maillol.

O jogo em questão é válido pela 13ª rodada do Francês, contra o Arles Avignon. O Le Havre ocupa a sexta colocação em seu sexto ano seguido na Segundona local. Muito pouco para o “decano do futebol francês”, como o clube é conhecido, por ter sido um dos pioneiros da prática do esporte no país – embora nunca tenha ganhado um título da primeira divisão desde que ela foi criada.

Se por um lado há a expectativa por Adriano, por outro há apreensão pela situação do Le Havre, que só trocou de mãos por graves problemas financeiros. Maillol, desde que voltou à França depois de sua empreitada brasileira, já tentou comprar três equipes diferentes nos últimos três anos (Nantes, Grenoble e Nimes). Conseguiu agora com o Le Havre, mas despertando desconfiança.

Jornais como Le Figaro, Le Parisien e Le Dauphine registram que Maillol chegou ao Le Havre prometendo um investimento de 17 milhões de euros (R$ 53,7 milhões) que demorou a chegar. Dois meses depois de fechar o negócio, ele ainda não consta no site do Campeonato Francês como presidente do clube.

“A troca vai ser feita até o fim do mês. É que pela lei francesa demora mais de 15 dias. Está tudo se caminhando, não vai atrapalhar nada a chegada do Adriano”, disse Maillol, que admite que houve problemas no processo de aquisição. 

“É verdade que fiquei atrasado. Agora vai acontecer. Eu demorei, por culpa minha, porque coloquei uma data antes [do que podia] e infelizmente o procedimento ficou mais complicado”, disse o cartola, que comprou 94% das ações do clube por 7 milhões de euros (R$ 22,1 milhões).

Esse investimento inicial, diz ele, já foi feito, embora os jornais cobrem o valor integral prometido. Segundo o cartola, o que falta é a injeção de 10 milhões de euros (R$ 31,6 milhões) que viria de um pool de patrocinadores. As empresas, cujos nomes ele não revela, investiriam nos naming rights do estádio e no patrocínio da camisa do Le Havre.

“Os 10 milhões de euros caem até o fim do ano. Na Europa, no início da temporada, você tem a obrigação dar garantia sobre o orçamento. Isso nós já fizemos, não tem problema nenhum e é por isso que o time está jogando, mas é claro que quando o patrocinador entrar vai melhorar o caixa do clube”, disse Maillol.