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Enderson resolve problema de Damião, mas fase de Gabigol mascara sucesso

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

28/10/2014 06h00

Há menos de uma semana o técnico Enderson Moreira foi chamado de burro por parte da torcida presente na Vila Belmiro após a derrota para o Fluminense, por 1 a 0. Os insultos apareceram porque o treinador resolveu tirar de campo Gabriel Barbosa, o Gabigol, para inserir Leandro Damião. Depois do jogo e da derrota, Enderson teve de justificar a alteração e sair em defesa do centroavante de R$ 42 milhões. Mas o que pode ser difícil de enxergar pela decepção generalizada e pelo bom momento de Gabigol é que Enderson resolveu boa parte do problema que era encaixar Damião no time.

Há uma diferença enorme entre o Santos de Oswaldo de Oliveira com Damião e o Santos de Enderson Moreira com Damião. Em nenhum dos casos o centroavante se firmou como titular, mas, com Enderson, o time tem o mesmo rendimento com e sem o atacante ex-Internacional. Com o antecessor, a equipe praticamente não conseguia jogar com Damião. Pelo menos no Brasileirão.

Oswaldo de Oliveira levou Leandro Damião a campo em nove partidas do Brasileirão. Venceu uma, empatou três e perdeu cinco. Viu o atacante marcar apenas um gol. Em aproveitamento, marcou apenas 22% dos pontos – seis dos 27 possíveis. Com Enderson Moreira, são 11 jogos com Damião, com cinco vitórias, dois empates e quatro derrotas. Aproveitamento de 51% dos pontos, com três gols do centroavante.

As duas versões de Damião se distinguem de maneira destacada porque a diferença geral entre Enderson Moreira e Oswaldo de Oliveira não é tão grande quanto à diferença de rendimento do atacante com um técnico e com outro. Em todas as competições, Enderson marca 58,9% de aproveitamento contra 42,6% de Oswaldo. Nada como a diferença de 51% para 22% da comparação anterior.

O que explica as vaias da torcida a Damião e as críticas a Enderson neste caso são a boa fase de Gabriel e a falta de vagas no ataque. Se Lucas Lima dominou o meio de campo, Robinho não deixa a ponta esquerda. Da mesma forma, provou-se nos números que deslocar Gabigol para a ponta direita não é a alternativa mais eficiente. Assim, o jovem fica com o centro do ataque, função que seria de Damião. Agora, no entanto, o time não depende dele. O centroavante de R$ 42 milhões também tem números similares aos do time, e não mais representa um obstáculo tático.

Em campo, em comparação de jogador por jogador, Gabigol leva ligeira vantagem. O jovem jogou 25 partidas no Brasileirão e marcou sete gols, com média de um gol a cada 252 minutos em campo segundo o portal O Gol. Damião fez 20 partidas e quatro gols, com média de um gol a cada 293 minutos.

A grande diferença entre os dois ainda está no que a equipe jogou com um e com outro, no acumulado, principalmente pela má fase do centroavante sob o comando de Oswaldo de Oliveira. Mas agora, com Enderson, prova-se que Damião não é âncora. Prova-se que o obstáculo de fazer o time render com Damião foi superado. Agora, é uma questão de opção e falta de vagas: Gabigol rende mais, está em evolução e os dois não jogam tão bem quando estão juntos.