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Oposição acusa Nobre de usar entradas de adeus de Ademir para ganhar votos

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

28/10/2014 06h01

A distribuição de ingressos para a primeira partida de futebol da Arena do Palmeiras virou motivo de briga interna no clube. Oposicionistas e sócios-torcedores reclamam do critério usado pela diretoria para escolher quem teria direito aos cinco mil ingressos que foram repassados à diretoria alviverde pela gestão do estádio para a despedida de Ademir da Guia no último sábado (25). O número foi confirmado pela assessoria de imprensa da WTorre, construtora responsável pelo estádio. 

O foco da reclamação fica por conta do uso da chamada máquina eleitoral. De acordo com conselheiros, Paulo Nobre distribuiu ingressos para ganhar a simpatia de sócios do clube. Em 2014, pela primeira vez na história, são eles que vão definir quem será o presidente do clube. E ele concorre à reeleição contra Wlademir Pescarmona.

Por meio da sua assessoria de imprensa, o Palmeiras confirmou que diretores escolhidos por Nobre foram responsáveis pela distribuição de ingressos.

"Palmeiras e WTorre acordaram que a construtora ficaria com 4 mil, o clube com 5 mil e outros mil para staff. Como não haveria comercialização e as entradas que corresponderam a S.E.P. foram entregues somente na quinta-feira na parte da tarde, os ingressos foram distribuídos para sócios do clube por meio de conselheiros e diretores", afirmou por e-mail. 

Vídeos nas redes sociais mostram conselheiros ligados ao atual presidente distribuindo ingressos na frente do estádio. O UOL Esporte ainda ouviu relatos que a prática também era comum nas alamedas palestrinas, com diretores com dezenas de entradas para o evento.

Cada um dos quase 300 conselheiro teve direito a dois ingressos, o que significa que, dos 5 mil repassados à diretoria, cerca de 600 ficaram nas mãos deles. O restante foi distribuído pela gestão.

Durante o evento, quando teve seu nome anunciado, Paulo Nobre ouviu uma mistura de vaias e aplausos. No primeiro teste, com três mil ingressos distribuídos exclusivamente pela WTorre, a maioria vaiou nas vezes em que o dirigente aparecia no telão do filme.

Outro ponto levantado foi o fato de cambistas estarem comercializando a entrada para o evento nas entradas das ruas Turiassu e Padre Antônio Tomás. O UOL Esporte presenciou homens pedindo R$ 100 por um ingresso que, em tese, deveria estar nas mãos só de convidados.

Além dos cinco mil ingressos distribuídos para o clube, outros quatro mil foram repassados pela WTorre para seus funcionários, parceiros e patrocinadores e mil bilhetes ficaram com o estafe da partida.

Por fim, outro grupo que reclama bastante da atitude de Paulo Nobre é o associado do Avanti. Vários sócios-torcedores, que pagam mensalmente uma quantia para ter benefícios na hora de comprar ingresso, afirmaram que não foram procurados para saber se haveria interesse de assistir ao jogo. Nas redes sociais e internet em geral também foi possível ver reclamações de associados.