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Nobre defende austeridade e critica esforço para ganhar Brasileiro de 2009

Do UOL, em São Paulo

31/10/2014 14h34

Para Paulo Nobre, o Palmeiras não pode cometer irresponsabilidades financeiras em nome de uma possível conquista. Em entrevista ao programa Bate-Bola, da ESPN Brasil, o cartola falou sobre o reflexo que a busca pelo título do Brasileiro de 2009 tem até hoje nas finanças alviverdes.

“Não adianta nada brigar pelo título e passar cinco, sete anos pagando a briga pelo título. A máquina precisa girar, mas se você faz atitude populista trazendo jogadores a qualquer custo... Você pode ganhar ou não, só que fatalmente essa conta vai ter de ser paga um dia. Tem de pensar na instituição, não só no seu governo”, disse Paulo Nobre, respondendo a uma questão sobre o fatídico torneio. 

Em 2009, o Palmeiras gerido por Luiz Gonzaga Belluzzo brigava pelo título nacional e gastou muito para comprar Vagner Love e manter jogadores como Cleiton Xavier e Pierre, além do esforço para contratar o técnico Muricy Ramalho. Em campo, o time perdeu a taça depois de ter disparado na liderança e o projeto naufragou.

Na visão de Nobre, aquele esforço compromete o Palmeiras até hoje. O comentário atende aos preceitos de administração impostos pelo cartola, que desde que assumiu defende gastos responsáveis e austeridade para colocar as contas em ordem, com políticas como os contratos de produtividade para os jogadores.

Ao mesmo tempo, é uma alfinetada política. Belluzzo é um dos maiores avalistas de Wlademir Pescarmona, candidato da oposição às próximas eleições presidenciais do Palmeiras. Nobre, à beira do fim do mandato, tentará a reeleição.

Negociações polêmicas
Na mesma participação, Nobre comentou as saídas de Barcos e Alan Kardec, as transações mais polêmicas de suas gestão.

“Aprendi que não adianta esperar consideração no meio do futebol. É um lugar em que prepondera o individualismo, e isso não é uma crítica. Você apenas precisa saber como lidar com o meio. Aconteceu, e o Alan Kardec é alguém a quem eu desejo muita sorte. Como torcedor, eu fiquei extremamente decepcionado, mas são águas passadas. Prefiro falar do Henrique, que veio e hoje é artilheiro do brasileiro”, disse Nobre, que ainda fez um balanço positivo do caso Barcos.

“É a troca de 70% de um jogador de quase 30 e 66% de jogador de quase 20. Esse foi o saldo da história. Foi a troca do Barcos pelo Leandro. O Leandro caiu super nas graças da torcida. Na renovação do contrato dele, havia a preocupação de perder o Leandro. Hoje ele está numa fase ruim, com certeza vai melhorar”, completou. 

Tropeço em 2014
Paulo Nobre também avaliou o caminho do Palmeiras na atual temporada, a primeira da sua gestão na Série A. Na briga contra o rebaixamento, o cartola não esconde a frustração e aponta a eliminação inesperada no Paulista como o momento-chave para a derrocada. 

"Tudo foi planejado para vencermos o título paulista de 2014, mas teve o Ituano no meio do caminho. Não venha me falar que [o Ituano] ganhou de Santos, Corinthians... O Palmeiras não podia perder do Ituano na semifinal. A partir daí, passou ser um time que ninguém mais acreditava. No começo do Brasileiro, a gente percebeu que o ciclo do [Gilson] Kleina tinha terminado", disse Paulo nobre, explicando a demissão do antigo treinador. 

"O Gareca teve uma aprovação de quase 100%, mas talvez não conhecesse o cenário do futebol brasileiro. Ele daria certo se tivesse mais tempo para trabalhar. O problema é que, se não troca, talvez não desse tempo de salvar do rebaixamento", completou.