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Parceria com Juventude rende R$ 30,6 milhões e vira modelo para o Grêmio

Alex Telles foi para o Galatasaray no começo do ano e fazia parte do "pacote" do Ju - Marinho Saldanha/UOL Esporte
Alex Telles foi para o Galatasaray no começo do ano e fazia parte do 'pacote' do Ju Imagem: Marinho Saldanha/UOL Esporte

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

01/11/2014 06h00

No começo do ano passado, o Grêmio causou surpresa e crítica de alguns torcedores e até interna no clube ao contratar cinco jogadores do Juventude. Em seguida, um sexto atleta completou 'pacote' do time da serra gaúcha, que então disputava a Série D. Pouco mais de um ano depois, os números comprovam acerto na estratégia e o modelo de sucesso vira exemplo para futuros negócios. Com jogadores comprados por valores entre R$ 150 e R$ 300 mil, o clube já recebeu aproximadamente 10 milhões de euros [R$ 30,6 milhões]. 

A conta é simples. O Grêmio pagou cerca de R$ 300 mil pelo lateral esquerdo Alex Telles. O vendeu, no começo deste ano, por 7,5 milhões de euros [R$ 23 milhões]. E foi o único que deixou o clube. Os dois outros que completaram a cota de rendimento ainda jogam no Tricolor, e tiveram apenas 50% dos direitos econômicos comercializados. Bressan e Ramiro, juntos, renderam 3 milhões de euros [R$ 7,6 milhões] aos cofres gremistas. No caso de Telles, a venda absoluta ocorreu quando os direitos do atleta já tinham sido fracionados. 
 
E o lucro com Bressan e Ramiro ainda não acabou. O clube segue com percentuais sobre uma eventual venda dos jogadores. Ou seja, a marca atingida pela parceria pode crescer num futuro próximo, já que há um clube interessado em levar os dois na próxima janela de transferências. 
 
A lista do 'pacote' do Juventude é completa por Moisés, Paulinho e Follmann, sobre os quais o clube ainda tem esperança de crescimento e lucro futuro. 
 
"Mais do que pode, tenho convicção de que este modelo deve ser repetido. Mas não banalizado. Tem que ser construída a parceria a partir de uma coleta de informações, de identificação do momento da formação dos atletas, do clube... Começamos a relação com o Juventude desde que assumimos o futebol. Primeiro havia a identificação de um atleta para o profissional, que era o Alex Telles. Na primeira reunião que fiz, indiquei ao técnico [Vanderlei Luxemburgo], assim como o Bressan. E quando trouxemos o Júnior Chávare [diretor da base], ele já tinha uma série de jogadores do Juventude que monitorava há muito tempo. Juntamos isso e o presidente Fábio Koff sugeriu a parceria. O Juventude passava por um momento difícil e fizemos um pacote com valores mensais que manteriam o clube deles por um tempo e eram insignificantes comparados a valorização dos atletas", contou o diretor executivo de futebol do Grêmio, Rui Costa, ao UOL Esporte. 
 
Além de vender os atletas, o Juventude permaneceu parceiro em percentuais dos direitos econômicos. Assim, lucrou com frações vendidas posteriormente dos atletas formados em Caxias do Sul. 
 
Nem todos conseguiram jogar regularmente no time do Grêmio. Alex Telles foi eleito melhor lateral esquerdo do Brasileirão passado, era absoluto até sair para o Galatasaray, da Turquia. Hoje segue titular, só que na Europa. Ramiro é dono de posto no time tricolor desde o ano passado. Bressan foi titular por algum tempo, mas perdeu espaço e atualmente é suplente. Já Follmann, Moisés e Paulinho ainda não conquistaram posto relevante na equipe e os dois últimos foram emprestados para Goiás e Londrina respectivamente. 
 
"É um modelo que tem uma base anterior. Jogadores de excelente nível intelectual, comunitários, com perfil de identificação ao futebol do Rio Grande do Sul. Sem necessidade de adaptação alguma. A região da captação foi estudada. Não é desvalorizar a nossa formação. Mas sim, procurar convênios que te possibilitem fazer outro cenário, criar braços do clube. Chegamos a um momento em que criamos isso e gerou muitas críticas. Mas depois, quase todos deram certo", completou Rui. 
 
Expansão para Europa e rede de captação fora do país
 
Para manter este modelo, o Grêmio está ampliando os horizontes. Neste ano, estabeleceu redes de observação em dois países sul-americanos: Chile e Uruguai. Firmou parceria com um clube japonês, e agora mira Europa. 
 
"É mais comum do que se possa imaginar. É difícil fazer convênio com um clube de ponta da Espanha, por exemplo, porque eles não têm interesse. Mas hoje temos mercados em ebulição, como Bélgica e Suíça. Os jogadores vão lá, viram comunitários, se tornam peças importantes, você tem os clubes estruturados, dinheiro, equilíbrio... Não é de se descartar parcerias na Europa. Temos projetos para isso. Mas sem perder de vista as coisas regionais. Não adianta pensar lá na frente e perder os jogadores gaúchos de vista", salientou Rui. 
 
Por isso, novos clubes do Rio Grande do Sul são alvos para revelação de novos atletas e contribuição direta para o fluxo de caixa do clube. 
 
"Estamos começando a fazer conversas com clubes da região da Serra e da Fronteira, para que tenhamos núcleos de observação de atletas como um braço do Grêmio. É o que fazem os grandes clubes da Europa", finalizou o diretor gremista.