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Dirigente francês ironiza lei brasileira e ratifica expectativa por Adriano

Guilherme Costa e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

06/11/2014 15h06

O atacante brasileiro Adriano foi denunciado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro na última terça-feira (03) e pode responder por tráfico de drogas e associação ao tráfico. No entanto, isso não diminuiu a expectativa do Le Havre, da segunda divisão francesa, de contar com o jogador a partir do início de dezembro. E a principal razão para o otimismo da equipe é a experiência de vida de Cristophe Maillol, que já viveu no Brasil e negocia a compra do clube. Ele tem sido o principal articulador da negociação com o “Imperador”.

“Eu sei como funcionam as leis do Brasil e já vi essa notícia em 2008, quando eu vivia no país. Não estou preocupado com o que vai acontecer daqui a algumas semanas. No início de dezembro ele estará conosco, e eu vou cuidar dele até maio para colocar o Adriano em campo, que é o que ele faz de melhor”, explicou Maillol.

O caso de Adriano será avaliado pela 29ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, que terá de decidir se acata ou não a denúncia dos promotores. O jogador pode ser condenado a até 15 anos de prisão por tráfico e dez por associação ao tráfico.

“O advogado dele falou sobre isso ontem [quarta-feira] e mostrou que está tranquilo. Essa história vai ser encerrada, a menos que apareça outra informação. Eu não vou contra a lei do Brasil e vou respeitar o país, mas acredito que ele estará conosco”, disse o empresário.

Maillol viveu no Brasil durante dez anos e acertou em agosto a compra do Le Havre – o negócio ainda não foi oficializado. Ele contratou Rodolfo, jogador com passagens por Vasco, Fluminense e Grêmio, e a ideia de fazer uma proposta a Adriano surgiu num jantar com o brasileiro.

Adriano, 32, está sem clube desde o término de uma tumultuada passagem pelo Atlético-PR, em 2014. O jogador também passou por Roma e Corinthians desde 2010, período em que teve uma série de problemas fora de campo.

A denúncia do Ministério Público destaca a amizade entre Adriano e o traficante Paulo Rogério de Souza Paz, conhecido como Mica. O processo cita que os dois foram companheiros de escola e se tornaram amigos depois disso.

O texto também diz que Adriano seguiu frequentando a Vila Cruzeiro, comunidade do Complexo da Penha em que Mica vive, e que “se envolveu em episódios escusos”. Segundo a denúncia, o jogador deu seu cartão de crédito e seus documentos para o traficante comprar duas motos em 2007.

O promotor não pediu prisão preventiva de Adriano, mas solicitou que o passaporte do jogador seja recolhido por “possibilidade de fuga”. “Se isso acontecer, o acordo será desfeito. Não temos como contrariar a legislação brasileira”, reforçou Maillol.

No entanto, o empresário disse que a apreensão do passaporte de Adriano ainda é apenas uma possibilidade: “O advogado dele disse que está bem tranquilo. Nós estamos acompanhando, mas acreditamos que ele estará aqui”.

O estafe de Adriano corrobora essa versão. Segundo advogados que trabalham na defesa do atacante, o fato de o Ministério Público ter sugerido apreensão de passaporte não quer dizer que isso aconteça de fato. Os juristas argumentam que o jogador é uma pessoa pública e que não poderia fugir se apenas viajasse a outro país. Eles também lembram que o atleta não teve qualquer problema com a Receita Federal nesta semana, quando voltou ao Brasil.

Maillol disse até que outros atletas acompanham com interesse o desenrolar do caso. “Alguns estão olhando essa novela para saber. Eles querem jogar com o Adriano”, encerrou.