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Gabigol não terá a Libertadores que Robinho e Neymar tiveram. E isso pesa

Do UOL, em São Paulo

07/11/2014 06h00

Depois de ser eliminado da Copa do Brasil na quarta-feira pelo Cruzeiro, na Vila Belmiro, o único caminho para voltar a disputar a competição continental é a vaga pelo Brasileirão. Mas depois de tantos tropeços nas primeiras e últimas rodadas, não está exatamente fácil. São oito pontos de distância do G-4, zona de classificação, apenas seis jogos pela frente e 0,5% de chance de sucesso, segundo apontado pelo portal Chance de Gol. Ruim para o Santos e, principalmente, para Gabigol.

Não ter uma Libertadores em sua segunda temporada como titular, no ano em que completa 19 anos, tira o atacante Gabriel Barbosa do caminho trilhado por Robinho e Neymar. O ídolo mais velho, de 30 anos, hoje companheiro, apareceu para o mundo aos 18, em 2002, e explodiu. No ano seguinte, foi jogar a Libertadores e chegou perto do título. Perdeu só na final, para o Boca Juniors (ARG). O ídolo mais jovem, hoje no Barcelona (ESP), também apareceu como titular incontestável um ano antes de jogar a competição sul-americana. Em 2011, foi o dono do time que acabou campeão.

Em 2003, no ano seguinte às pedaladas ao encarar o lateral direito Rogério, do Corinthians, Robinho fez uma boa campanha na Copa Libertadores. Marcou quatro gols e levou a equipe à final. Tivesse sido campeão, poderia ter até status maior dentre os ídolos santistas. No mesmo ano, Robinho foi à seleção brasileira pela primeira vez, acompanhado de suas boas atuações na Libertadores.

E esse deve ser o principal ponto de diferença. Em ano de Copa América, com Diego Tardelli como titular e Ricardo Goulart no banco da seleção brasileira, Gabigol só terá o Paulistão para mostrar para Dunga que pode atuar no mesmo nível dos atuais convocados do futebol brasileiro. E, no nível do estadual, parece ser mais difícil convencer do que no nível da Libertadores, competição mais respeitada entre os clubes da América do Sul.

Em 2011, Neymar teve a Libertadores como o principal ponto para amadurecer. No fim do primeiro semestre de 2010, viu ao lado de Paulo Henrique Ganso o clamor popular por sua presença na Copa do Mundo da África do Sul. Não foi e, logo no início do segundo semestre, recebeu a primeira convocação com Mano Menezes. A partir desse momento, demonstrou total transformação de comportamento. Passou a se mostrar irritado, sem tanto espírito coletivo, em reação que culminou na briga com o técnico Dorival Júnior em plena Vila Belmiro. Em 2011, com Muricy Ramalho, foi outro jogador: passou de menino a adulto, e virou o protagonista da equipe que levaria o Santos ao título. Em 2011 já se sabia que Neymar seria importante para o futuro da seleção brasileira e para o cenário mundial do futebol.

Gabigol, também, poderia usar de tal amadurecimento. Algo que a Libertadores provocou em Neymar. No clássico entre São Paulo e Santos em agosto, pelo Brasileirão, no Morumbi, Gabigol simulou que o goleiro e capitão rival Rogério Ceni, de 41 anos, teria lhe agredido com uma cotovelada ao proteger a bola. Chegou a discutir com o veterano, trocou insultos. Depois, marcou gol e pediu silêncio à torcida da casa.

Mas ainda há uma pequena chance para o Santos. No domingo tem clássico contra o Corinthians, no Itaquerão. Depois, Cruzeiro, Atlético-PR, São Paulo, Botafogo e Vitória. Possibilidade é remota, mas que pode representar o diferencial para que Gabigol atinja o nível de importância que Robinho e Neymar tiveram para o clube.