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Ídolo Edu Marangon diz que já pagou diesel do bolso e critica fase da Lusa

Edu Marangon quando comandou o Juventus, em 2006 - Almeida Rocha / Folha Imagem
Edu Marangon quando comandou o Juventus, em 2006 Imagem: Almeida Rocha / Folha Imagem

José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

08/11/2014 06h00

Prata da casa e ídolo nos tempos de jogador. Mais tarde, treinador das divisões de base, com título da Copa São Paulo, e depois também do time profissional. Muito da história de Edu Marangon está ligada à Portuguesa. E ver o time descender para a Série C do Brasileiro é algo que o magoa muito. Mas não surpreende.

Longe de equipes profissionais do futebol há quatro anos, quando deixou de ser técnico, Edu diz conhecer a fundo como funcionam as coisas no time do Canindé e afirma que a bagunça administrativa culminaria nesta descendente atual da equipe.

O ex-meio-campista vice-campeão paulista de 1985 pelo time lusitano entende que a briga política entre situação e oposição não deixam profissionais trabalharem tranquilo. “Dá pra entender, claro que dá para entender (a crise). Sou muito amigo do Ilídio Lico (presidente) e fui almoçar no começo do ano com eles. Falei pra ele que tem que começar tudo do zero, fazer auditoria e mostrar tudo que aconteceu pra ver como a situação chegou até o patamar que está”, falou.

“A Portuguesa tem uma coisa que é simples. Tem a oposição e a situação. E desde os meus tempos de jogador, a oposição faz tudo para derrubar a situação. Joga contra, paga torcida, faz o diabo. Aí chega a eleição, e a oposição ganha. E aí a situação vira oposição e eles se implodem”, prosseguiu.

“A situação do clube agora está aí, eu achava que um dia chegaria no fundo do poço. Demoraram alguns anos, foram 12 anos (desde a última vez que esteve lá). (A Portuguesa) não tem dinheiro pra nada, não tem perspectiva de receber dinheiro de ninguém, não tem credibilidade nenhuma. Sinceramente, não sei o que vai acontecer. Cada um foi minando seu próprio pedaço.”


A Portuguesa já teve seu rebaixamento decretado e é a atual lanterna da Série B, com apenas 21 pontos em 33 jogos. A equipe disputou a Série A ano passado e não caiu, mas acabou rebaixada pela escalação irregular do meia Héverton.

Depois de ser campeão com o time sub-20 da Taça São Paulo de 2002, torneio de categoria de base de maior prestígio no país, Edu comandou a equipe principal em parte do Campeonato Brasileiro daquele ano. Depois que já havia saído, o time foi rebaixado naquele torneio. E o ex-jogador lembra que desde aquela época já passou perrengues com o time pela falta de estrutura.

“Naquele campeonato ficamos seis rodadas entre os quatro primeiros. Fiquei oito meses sem salário, e teve jogadores que ficaram quatro, cinco; seis meses sem receber. E aí você vai chegar no treino e dar uma dura como no cara pela ´inhaca´ que ele está pra treinar?. Falava pro cara e ouvia que ele tinha criança de 6 meses em casa e cortaram luz da casa dele”, desabafou.

“Aí eu falava ´passa na minha sala depois´. Depois, sabe o que eu fazia? Pagava conta de luz dos caras. Sabe quantas vezes eu coloquei diesel no ônibus da Portuguesa? Quer saber?”, prosseguiu.  “Já tive que invadir o campo pra poder treinar porque o estádio estava trancado Depois entramos e arrebentamos mangueiras de borracha com água no campo para treinar.”

Por essas e outras, Edu demonstra desânimo quando fala sobre o futuro do clube. “Depois perguntam porque a Portuguesa chegou até onde está. Por causa de todos esses problemas.”

Depois de ser um dos destaques da Portuguesa na década de 80, Edu Marangon foi vendido ao Torino, da Itália, e depois passou pelo futebol português, sendo campeão nacional e da taça local pelo Porto. Atualmente, o ex-meia de Portuguesa, Palmeiras, Santos e Flamengo, entre outros, trabalha em uma empresa de marketing esportivo em parceria com sua mulher.