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Estratégia não funciona, e Flu atinge só 5% de meta de sócios para 2014

A torcida do Flu aderiu menos que o esperado ao plano de sócio-torcedor em 2014 - Matheus Andrade/Photocamera
A torcida do Flu aderiu menos que o esperado ao plano de sócio-torcedor em 2014 Imagem: Matheus Andrade/Photocamera

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro*

14/11/2014 06h00

O Fluminense começou o ano de 2014 com uma expectativa bastante otimista sobre o aumento no número de sócios-torcedores, com uma ousada meta de angariar 28 mil novos clientes para o plano durante a temporada e chegar a um total de 50 mil. O número alcançado, no entanto, foi bem abaixo disso: apenas cerca de 2.200 adesões (pouco mais de 5% do total esperado inicialmente).

A meta de 50 mil já havia sido revisada para baixo no meio deste ano para 35 mil (apenas 13 mil novos sócios em 2014), mas nem assim chegou perto de ser atingida. Além disso, o principal atrativo oferecido pelo plano perde bastante força a partir da próxima semana, quando os novos associados não terão mais tempo hábil para cumprir os dois anos de adimplência necessários para participarem da eleição presidencial de 2016.

O Fluminense passou por mudanças no seu departamento de marketing durante 2014. O ex-vice da pasta, Idel Halfen, deixou o cargo e foi substituído por Marcelo Gonçalves, que ocupa a posição desde julho. Rodrigo Terra também assumiu o lugar do ex-diretor Alexandre Vasconcellos, que se afastou do Tricolor por motivos pessoais. Hoje, o clube vê a escassez de recursos atual nas Laranjeiras um dos motivos pelas poucas campanhas publicitárias e baixa adesão ao plano.

“O sócio futebol é, talvez, um dos produtos mais importantes do clube”, classifica o diretor de marketing Rodrigo Terra. “Cheguei ao clube no meio deste ano, e o que estamos fazendo agora é um trabalho de reestruturação. Melhorando a comunicação, atendimento, novos pacotes. Em breve, vamos lançar novos pacotes e esperamos uma movimentação maior”, complementa.

A diretoria evita adiantar detalhes desta nova etapa do projeto que será iniciada em breve. A tendência é que sejam lançados planos com preços menores (hoje existe somente a opção de R$ 29,90) e novos benefícios, principalmente voltados para aqueles que não podem acompanhar o Fluminense nos estádios. O clube espera que isso possa suprir a “perda” da eleição como atrativo para novos sócios.

“A boa notícia é que hoje está estabelecido que somos um dos mais democráticos do brasil. O direito ao voto é um benefício relevante, mas estamos criando outros benefícios que também vão gerar atratividade. Descontos no Tricolor em Toda Terra, eventos no clube... Já temos um número grande de benefícios independente disso e vamos lançar outros”, analisou Terra. “Queremos garantir um crescimento de qualidade. E, para isso, era muito importante trabalharmos antes na infraestrutura do projeto”, concluiu.

Segundo o gerente de marketing corporativo esportivo da Ambev, Rafael Pulcinelli, o direito ao voto é um benefício importante, mas pode ser compensado por outros fatores. A Ambev é a principal incentivadora dos planos de sócio-torcedor no futebol brasileiro e responsável pelo Movimento por um Futebol Melhor.

“O direito ao voto é claro que ajuda. O sucesso do sócio varia de acordo com benefícios. Mas, da mesma forma que existem pessoas que querem votar, outros têm menos interesse nisso. O cara tem que ter como conseguir retorno do investimento feito”, explicou Pulcinelli.

“Você precisa mostrar que é conveniente pagar independentemente do voto. Esse novo departamento de marketing me deixou muito otimista com essa reformulação que estão fazendo. Está se reestruturando para mudar essa quantidade de sócios”, analisou Rafael.

Apesar de ter ficado distante de sua meta, o Fluminense teve o melhor desempenho entre os clubes cariocas. O Flamengo perdeu pouco menos de 2 mil sócios após a eliminação precoce da Libertadores no primeiro semestre, enquanto o Botafogo teve seu plano esvaziado com a saída de Seedorf no começo do ano e uma temporada de frustrações que ainda pode resultar em rebaixamento. O Vasco, por sua vez, se manteve praticamente estável durante a disputa da Série B.

O diagnóstico, no entanto, é de que o Fluminense ainda está bem abaixo de seu potencial. Se considerado o número de torcedores, o Tricolor poderia ter 79 mil sócios se tivesse adesões na mesma proporção que o Internacional, líder nacional neste quesito, com 2,2% de sua torcida associada. A esperança tricolor é de que isso comece a mudar a partir de 2015.

*Atualizada às 12h50

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