Neymar se livra de má fama de Ronaldinho e vive noite privê em Barcelona

Festas em casa, discoteca com passagem secreta, disfarces, jantar em restaurante refinado e muita segurança. Neymar é adepto da vida noturna em Barcelona e consegue se divertir com privacidade, bem diferente do alvoroço provocado por Ronaldinho enquanto o mesmo esteve na cidade.

O UOL Esporte foi à discoteca e restaurante preferidos do jogador na capital catalã e conversou com os envolvidos para que Neymar consiga desfrutar da noite com poucos rastros. A estratégia serve para tirar a fama de baladeiro deixada por Ronaldinho.

"O Neymar vive como os demais clientes Vips da casa”, garante o catalão Antonio Cano, dono da Sutton, a discoteca mais famosa em Barcelona, conhecida pela frequência dos jogadores do Barça. “Ele tem o camarote particular e o aluga por um preço que varia entre 500 a 2.000 euros (de R$ 1.600 a R$ 6.400) de acordo com o número de convidados que traz. Aqui garantimos que ele não será incomodado", explicou.

Neymar é presença constante na casa noturna, assim como Daniel Alves e outros jogadores do time como os espanhóis Jordi Alba e Piqué. Na tarde do último sábado, o atacante brasileiro participou com gol na vitória fora de casa por 2 a 1 do Barça contra o Almeria. Horas depois foi o único da equipe que ao retornar da cidade andaluz desfrutou a madrugada na balada em questão.

O estafe do atacante contata diretores da casa para preparar o terreno. Sempre com muitos amigos, e algumas vezes o pai, ele conta com uma entrada secreta subterrânea vinda do estacionamento, assim não passa pela rua. A balada tem como norma interna não divulgar imagens do jogadores do Barça.

"Em Barcelona não convivemos com a imprensa rosa, a fofoqueira, como a de Madrid. E é uma cidade com poucas celebridades. Logo, o Neymar, os jogadores do Barcelona, são nossos principais clientes", contou o brasileiro André Pedroso, de 39 anos, morador de Barcelona há mais de 10 anos e responsável pela promoção da Sutton.

André ganhou fama na noite pelo bom relacionamento com os brasileiros que passaram pelo Barça.  Ronaldinho era presença constante em festas que promovia. 

É fácil ouvir relatos em Barcelona de uma época em que Ronaldinho transitava pela balada sem se preocupar com a repercussão. Belletti, Edmilson e Deco são nomes que muitas vezes o acompanhavam. Até mesmo Messi antes da grande fama, claro, era visto no mesmo grupo pelas festas em Barcelona despreocupado em ser notado.

“Em 2004 quando começamos a organizar festas e eventos, por sermos brasileiros, o acesso era mais fácil com os jogadores e eles também se sentiam à vontade com a gente. Nessa época, estivemos muito próximo de jogadores como Ronaldinho, Deco, Belletti, Thiago Motta, Edmilson, Eto'o, Valdez, Rafa Marquez. Na época, e acredito que até hoje o assedio não é tão grande em cima deles, bem diferente do Brasil. Aqui eles podem sair tranquilamente, sem comparações com o Brasil que seria impossível”, relatou o brasileiro César Fujita, de 33 anos que mora há 10 em Barcelona. Ele é sócio de André em organizações de festas pela cidade.

“Foram inúmeras festas e casos, mas acredito que isso nunca tenha atrapalhado eles, pois eram sempre vistos em dias de folga. Uma das festa que organizávamos, um amigo me ligou dizendo que levaria o Messi para lá. Fizemos esquema especial para ele, mas foi descoberto. A festa parou, ninguém conseguia entender como o melhor jogador do Mundo estava lá. Para dar andamento na festa tivemos que coloca-los em uma área vip fechada com cortinas, mesmo contra a vontade do mesmo”, contou.  

Neymar tem grande cuidado para não carregar fama ruim. O local em que sempre fica na Sutton é central e no mais alto ponto da discoteca. É aí que entra a eficiência da equipe de segurança. Não existem vídeos no youtube do jogador na balada.

"Tenho uma lanterna potente. Posso te garantir que se eu botar essa luz na sua cara você não fará nenhuma imagem”, conta o segurança da casa, Alex Delgado, outro brasileiro que vive há mais de anos em Barcelona.  “Se aparecer um vídeo pode ter certeza que eu não trabalho mais na Sutton", complementa.

Para ter privacidade, Neymar colabora com a segurança. O traje serve como disfarce. Quase sempre ele vai ao local com um agasalho para colocar o capuz sobre o boné. Até ao banheiro o jogador evita ir, segundo os funcionários da casa.

"Outros dão mais trabalho. O Dani (Alves) desce sem segurança e vai para a pista. O Piqué sobe no lugar mais alto, pula, e não quer que ninguém tire foto. Aí no primeiro flash vem reclamar com a gente", comentou Alex.

O que também facilita o trabalho dos seguranças da casa noturna é o fato de Neymar não ter o hábito de tomar bebida alcoólica em festas. A prática faz com que o jogador seja na grande maioria das vezes o motorista do carro com amigos na saída da balada.

O gosto pela vida noturna, e o receio de ter a imagem prejudicada, fizeram com que o atacante montasse uma pequena discoteca em casa. Neymar sempre recebe muitos amigos como visitas, e alguns deles hoje estão realizando cursos em Barcelona, tendo assim visto de estudante para morar junto com o atacante.

Além da discoteca e das festas em casa, Neymar também tem como lazer noturno preferido o jantar no restaurante URA. O estabelecimento com capacidade para 180 pessoas fica próximo à casa do jogador e é frequentado pela alta classe de Barcelona. Lá, ele não sofre com assédio mesmo sem a presença de seguranças dentro do salão.

"Já pediram para tirar foto com ele, mas é raro. Aqui jantam Piqué, Shakira, Neymar, os diretores do Barcelona, empresários. Nunca tivemos nenhuma queixa por parte de qualquer jogador", destacou Christian Dalmau, o responsável pelo local.

Neymar vive há 15 meses em Barcelona e até o momento não teve nenhum problema no Barça por conta do hábito noturno. A maneira com que curte a noite o ajuda para a preservação da imagem.

"Temos históricos ruins por aqui de jogadores brasileiros, criaram fama de festeiros. O Neymar gosta, mas o vejo muito mais preocupado do que quando era o Ronaldinho aqui, por exemplo. Esse caia na noite e todo mundo sabia no dia seguinte. Isso foi o prejudicando aos poucos no clube", destacou Bruno Alemany, da rádio espanhola Cadena Ser.