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Contrato vira novela e expõe 'cabo de guerra' entre Luxa e cartolas no Fla

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/11/2014 06h10

O técnico Vanderlei Luxemburgo se antecipou e cravou a permanência no Flamengo para 2015. Mas a situação está longe de ser confortável e um rompimento entre as partes ainda pode acontecer ao encerramento do Campeonato Brasileiro. As polêmicas cláusulas em torno do contrato não assinado e a postura do comandante nas entrevistas coletivas transformaram a relação em um autêntico “cabo de guerra”.

São inúmeros problemas de convivência. O principal deles está na novela em que se transformou o vínculo até dezembro do próximo ano. Inicialmente, Luxa solicitou uma cláusula para retirar 15 ingressos e cinco camisas por jogo. O diretor geral Fred Luz não aceitou que a exigência entrasse no documento. No entanto, o treinador tem acesso normalmente aos benefícios a cada partida. Ou seja, o Flamengo não cede oficialmente, mas colabora informalmente com o desejo do comandante.

A aceitação velada incomoda membros do departamento de futebol, que não entendem a demora em formalizar o acordo. Outro aspecto complicador está em duas cláusulas adicionais que a diretoria tenta fazer valer no vínculo. A informação que circula nos bastidores da Gávea é que uma delas obriga o técnico a se reportar ao departamento de comunicação antes de cada entrevista concedida fora das dependências rubro-negras. A mesma foi negada pelo diretor de comunicação do clube em contato com a reportagem.

Vanderlei Luxemburgo está irritado com a demora e o presidente Eduardo Bandeira de Mello prefere não estipular data para a assinatura. A esperada formalização aparenta ter esfriado ainda mais depois da coletiva do técnico no domingo.

Membros do Conselho Diretor não engoliram o fato de Luxa funcionar como o “porta-voz” do clube, além de ter cravado a permanência, cobrado um posicionamento público dos dirigentes e a contratação de um ídolo. A forma de trabalhar do comandante vai contra a filosofia da gestão, que deseja o domínio absoluto da instituição, sobretudo do departamento de futebol.

Pelo menos metade da cúpula ligada ao mandatário Bandeira de Mello é a favor do fim do vínculo ao término do Brasileirão. Porém, dois obstáculos freiam momentaneamente a decisão final. O primeiro envolve o temor por uma ação judicial, já que Vanderlei Luxemburgo trabalha sem contrato há quase quatro meses. O segundo problema está na dificuldade para encontrar um substituto no mercado. Os cartolas também temem a reação da torcida caso optem por demitir o comandante.

O clima está longe de ser dos mais leves na Gávea e no CT Ninho do Urubu. A indefinição segue e o Flamengo ainda não sabe quem será o técnico em 2015. Enquanto isso, Vanderlei responde sobre o assunto quando questionado e deixa claro que não mudará o contrato, conforme aconteceu após a vitória por 3 a 2 sobre o Coritiba.

“É um processo democrático, não uma ditadura. Já disse que são duas cláusulas em discussão. Não existe renovação. Falei que não mudaria uma vírgula do que estava combinado. Falaram que eu queria aumento, que recuei, estava fazendo política. Estou feliz no Flamengo. É publicamente que você fala alguma coisa. Alguém da diretoria deveria vir aqui e falar que existe um consenso para o projeto do ano que vem”, encerrou.