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Não se engane, a maior disputa da "super terça" é pela Bola de Ouro

Do UOL, em São Paulo

18/11/2014 06h00

Espanha x Alemanha e Portugal x Argentina lideram um desfile de seleções em campo por todo o mundo, fechando a temporada com uma “super terça” para o futebol internacional. Serão duelos importantes entre grandes times, com diversos craques em campo, rivalidades e promessas de boas partidas. Só não se engane. O que está em jogo mesmo é a Bola de Ouro.

O prêmio de melhor do mundo motiva boa parte dos jogadores de elite envolvidos nos amistosos, que colocará em campo todas as seleções que ganharam a Copa em um mesmo dia. Além dos dois principais jogos, Brasil, Itália, Uruguai, Inglaterra e França também estarão em campo (veja a lista completa aqui e acompanhe a cobertura completa no Placar UOL Esporte).

A maior parte das atenções, porém, ficara voltada para Espanha x Alemanha e Portugal x Argentina, que reúnem a maior parte dos favoritos ao maior prêmio individual do futebol.

Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, para começar, se enfrentam em Manchester, na Inglaterra, com as respectivas seleções. O campeão da Liga dos Campeões e atual Bola de Ouro contra seu maior rival, eleito (ainda que sob críticas) o melhor jogador da Copa. Portugal e Argentina? Os envolvidos na partida precisam se esforçar muito para convencer alguém de que o duelo particular não é o mais importante.

Fernando Santos e Tata Martino, técnicos das duas seleções, mostram isso muito bem. Um dia antes do duelo, os dois disseram exatamente a mesma coisa em suas entrevistas: “O jogo não decide a Bola de Ouro”. Fugir do tema, porém, é impossível, ainda mais quando eles mesmos são eleitores do pleito organizado pela Fifa.

“Léo é minha fraqueza, votaria sempre nele para a Bola de Ouro”, disse Tata Martino, técnico da Argentina, para relativizar o tema em seguida. “Já votei e votei no Cristiano Ronaldo, por mim está decidido”, disse Fernando Santos.

A proximidade com a eleição faz toda a diferença – a lista com os três finalistas sai em menos de 15 dias. Capitães e técnicos das seleções já deram seu voto ou estão em vias de fazê-lo. Além de serem convidados a opinar sobre a disputa, muitos declaram seus escolhidos. Outros, se incomodam com o tema.

“A Bola de Ouro é um tema que me incomoda e me cansa. Eu já decidi meu voto e a Fifa o tornará público no momento adequado”, disse Iker Casillas, capitão da Espanha. O nervosismo, diriam os mais ácidos, pode ter a ver com a ausência de compatriotas na lista de favoritos. Xavi e Iniesta, habitués do prêmio nos últimos anos, não devem brigar de igual para igual – o primeiro sequer está na lista de 23 indicados.

Ainda assim, Casillas pode escolher os espanhóis Iniesta, Diego Costa e Sergio Ramos ou os companheiros de Real Madrid Bale, Benzema, Kroos, James Rodriguez e Cristiano Ronaldo. Para seu treinador, porém, a Fifa poderia olhar menos para a individualidade para quem, sabe, premiar algum dos vencedores da Copa.

“A Bola de ouro poderia ser de um jogador alemão. Não podemos esquecer que o futebol não é uma questão individual, mas uma questão coletiva, e os alemães têm sido um time de bons elementos”, disse Vicente del Bosque, em entrevista ao AS.

Os alemães têm seis indicados na lista de 23 que estão na briga: Gotze, Lahm, Schweinsteiger, Muller, Kroos e Neuer. De todos, quem está melhor cotado é o goleiro. Só que ele não tem o mesmo espírito esportivo de Del Bosque na hora de avaliar a disputa. Questionado sobre suas chances, ele chutou o balde.

“Sou um esportista, não embaixador de uma marca, ainda que seja o primeiro goleiro da Adidas. Não sou um cara que posa de cueca”, disse Neuer, em referência a Cristiano Ronaldo e seus dotes de modelo. “Não gosto do tapete vermelho, prefiro o gramado verde”, completou ele, em entrevista à revista Kicker.

A profusão de falas sobre a Bola de Ouro só confirma a tese: esse é o assunto principal do futebol internacional. Quem tem boca, opina. Para azar de Messi e dos demais concorrentes, poucos discordam do favoritismo de um certo atacante português.

“Cristiano Ronaldo ganhará a Bola de Ouro. Está está claro para todo mundo, não?”, disse o francês Paul Pogba, ele mesmo um concorrente, em entrevista à France Football. 

“Quando ele [Messi] vir que Ronaldo marca muito mais gols que ele, seu moral diminuirá. Jogando pelos lados, ele não vai poder manter sua média de gols. A longo prazo, não será feliz”, ratificou Arsene Wenger, técnico do Arsenal, à emissora Bein Sports, mesmo sem jamais ter trabalhado com o argentino.

“Sou português, sou suspeito, mas penso que o Cristiano é o melhor”, disse o zagueiro Ricardo Carvalho. “Tudo de Léo, por tudo que representa, repercute muito mais para melhor e para pior”, disse Mascherano ao Olé, relativizando a má fase do companheiro de seleção.