Topo

Como na seleção, base do Atlético-MG adota cartilha com aval de Levir

Bernardo Lacerda

Do UOL, em Vespasiano (MG)

21/11/2014 06h00

Tornada pública recentemente, a cartilha de conduta da seleção brasileira, adotada pelo técnico Dunga, foi bastante repercutida pela imprensa. Porém, medida semelhante não é novidade no Atlético-MG. Atletas das categorias de base convivem há mais tempo com normas rígidas, destinadas a conter excessos e apontadas como diferencial não só na disciplina mas no bom rendimento das jovens promessas do clube.  

Na seleção brasileira principal, Dunga avalizou uma cartilha com itens relacionados ao comportamento dos atletas. Os jogadores precisam se apresentar utilizando trajes sociais, evitar uso de chinelo e esperar o capitão sair da mesa nas refeições para depois se levantar. No Atlético as regras para jogadores da base são amplas.

Todos os jogadores da base do Atlético, principalmente os que moram no clube, recebem uma cartilha com normas para o bom comportamento. Entre vários itens, que são considerados indispensáveis, se destaca a proibição de brincos, cabelos espalhafatosos e acessórios chamativos.

“Quando eles têm regras na base, são meninos ótimos. Eles têm hora para chegar, não podem usar brinco, o cabelo não pode ser espalhafatoso, não podem almoçar e jantar de boné, e se saírem das regras, pagam uma caixinha”, explicou o gerente da base, André Figueiredo.

As normas são estendidas a todas as idades e a todos os atletas, que também possuem horário para dormir dentro da Cidade do Galo, horário para retornarem ao CT em dias de semana, entre outras recomendações que são fiscalizadas pela diretoria da base.

Os jogadores da base que sobem para o profissional levam o habito das normas para o time de cima. No grupo de 2014, integram atletas que subiram da equipe de baixo, como o goleiro Uilson, o zagueiro Jemerson, o lateral-direito Alex Silva, o volante Eduardo, o meia-atacante Dodô e o atacante Carlos.

Os atletas continuam usando o cabelo discreto, bem diferente de grande parte de jogadores renomados, deixam o brinco de fora do visual no dia a dia de treinos e jogos. “A gente segue as normas, acostumamos, é importante este limite, esta norma na base para que todos sigam”, observou Jemerson.

“Quem não cumpre os horários, as normas, paga uma multa que vai para a caixinha. No fim, todo mundo aprende e segue. Foi muito importante para a minha formação”, observou o jovem atacante Carlos, que usa cabelo raspado e evita roupas chamativas.

A preocupação com a educação dos jovens jogadores é considerado pelo técnico Levir Culpi o diferencial para o alto rendimento dos atletas que chegaram ao profissional nesta temporada.

“É um trabalho que deve ser reconhecido das categorias de base. Alguns jogadores, não tenho preferência para colocar jogadores jovens, mas se tiver necessidade e condição eu coloco. Dar oportunidade para os jogadores jovens é repetitivo no Atlético, eu não tenho receio em colocar e alguns se agarram a oportunidade”, observou.

No time profissional, as regras são mais leves e os jogadores têm mais liberdade em comparação aos atletas da base. Porém, Levir Culpi tem mostrado sempre preocupação com a educação dos comandados em geral. “O problema no país é a educação dos jogadores, eles não são bem educados e isso é refletido quando começam a ganhar dinheiro, fazem fama, não possuem uma base que ajude a suportar a pressão da fama”, disse.

“A formação dos meninos, passa por uma série de análises, a parte educacional, em primeiro lugar, poucos estudam, por isso apanham muito. Aprendem com os profissionais que estão trabalhando. Eles começam a sonhar, o espelho deles são as estrelas, Tardelli, Cristiano Ronaldo, mas tem um caminho para chegar lá e este caminho a gente tenta passar para eles”, acrescentou o treinador atleticano.