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Sul-africanos cobram seriedade russa contra racismo pré-Copa de 2018

Jefferson Bernardes/Preview.com
Imagem: Jefferson Bernardes/Preview.com

Do UOL, em São Paulo

21/11/2014 14h15

Presidente da Federação Sul-Africana de Futebol, chefe-executivo da Copa do Mundo de 2010 e ex-ativista anti-apartheid, Dani Jordaan cobrou, em entrevista à CNN, um endurecimento da política russa contra o racismo no futebol no período que antecede o Mundial de 2018, que será sediado pelo país europeu. Ele quer que os russos banam definitivamente os racistas do esporte.

"Dada a nossa história sul-africana como país e dada a nossa luta contra o apartheid e o racismo, essa é uma questão que a Rússia deveria prestar atenção de forma muito séria", cobrou o dirigente. "Isso deve ser lidado com severidade. Deve haver ações decisivas e fortes quanto a isso", reforçou.

O último caso registrado na Rússia aconteceu no início do mês, quando o técnico do Rostov FC, Igor Gamula, afirmou que não gostaria de contratar outro atleta camaronês porque há atletas negros suficientes no elenco: "nós temos seis dessas coisas". A polêmica terminou com punição de cinco jogos, considerada fraca por ativistas como Dani Jordaan.

Não é incomum, no entanto, que o racismo parta das arquibancadas, principalmente nas partidas das competições europeias, quando atletas negros de outros clubes jogam contra times russos. O racismo se une a outras questões ligadas a direitos humanos que já causaram problemas em eventos esportivos - as leis anti-gays, por exemplo, viraram polêmica no Mundial de atletismo de 2013 e na Olimpíada de Inverno, em 2014.

Jordaan, que começou a luta contra o apartheid - regime de segregação que imperou na África do Sul de 1948 e 1994 - na década de 1970, prometeu tomar ação para que a Rússia seja mais severa nas punições, de modo a evitar que o racismo se torne uma questão na Copa de 2018 - principalmente diante das seleções africanas que eventualmente se classificarem.

"Você já viu a resposta de alguns jogadores de liderança no continente africano. Nós com certeza vamos, por meio da Confederação Africana de Futebol e da Fifa, levantar essas questões, porque nós não podemos permitir que os times estejam sujeitos a abusos raciais e ameaças", afirmou o dirigente.