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Candidato do Santos quer dispensar Damião e Zinho e promete 'nova Vila'

Orlando Rollo é o candidato com maior identificação com os torcedores de arquibancada - Divulgação/Facebook
Orlando Rollo é o candidato com maior identificação com os torcedores de arquibancada Imagem: Divulgação/Facebook

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

27/11/2014 06h00

Orlando Rollo, candidato a presidência do Santos, é policial, ex-vice-presidente do Conselho Deliberativo do Santos e ex-dirigente da Federação Paulista de Futebol. Aos 36 anos, o líder do grupo “Pense Novo Santos” é um dos candidatos mais polêmicos que concorre ao pleito.

Em entrevista ao UOL Esporte, Rollo já declarou que pretende negociar Leandro Damião e dispensar o técnico Enderson Moreira e o gerente de futebol, Zinho, que para ele, é bom dirigente para Palmeiras e Flamengo, onde possui identidade.

Entre os seus principais projetos para o clube em 2015, Orlando Rollo quer ampliar e modernizar a Vila Belmiro para receber entre 25 e 30 mil torcedores e, inclusive, trocar os camarotes térreos pela “antiga geral”. Rollo também explica as polêmicas envolvendo os “sócios fantasmas” do Santos e o que pretende fazer para esclarecer a transferência de Neymar ao Barcelona.

Confira na integra a entrevista com Orlando Rollo:

UOL Esporte: Por que você quer ser presidente do Santos?
Orlando Rollo:
Por alguns motivos, principalmente pela minha história com o clube, sou associado desde 1993, tenho 36 anos, são 21 como sócio, tenho a experiência de seis mandatos como conselheiro do Santos, fui vice-presidente do Conselho, vice da Federação Paulista de Futebol, e me entendo como o candidato mais preparado e experiente para tirar o Santos dessa crise administrativa que hoje se encontra. Tendo visto o momento de dificuldade do clube, eu e meus pares resolvemos lançar a candidatura.

UOL Esporte: O clube possui 400 milhões entre dívidas e endividamentos. Como dá para ser presidente do Santos na atual situação financeira que o clube vive?
Orlando Rollo:
Quem convive com o futebol sabe que vai ter que conviver com essas condições adversas, estamos preparados para isso. Sabemos que vamos encontrar o clube na pior condição possível, mas já temos um planejamento pronto para poder tirar o clube dessa crise. O Santos Futebol Clube é uma instituição que prevê de arrecadação no ano que vem de R$ 200 milhões, ou seja, não é que o Santos não tem dinheiro, o Santos tem dinheiro, mas esses recursos são mal administrados. Entendemos que administrando o clube bem com recursos que já possuimos, firmando formas criativas e novas de arrecadação e renegociando as dívidas, principalmente as de curto e médio prazo, que atingem diretamente a folha salarial e o futebol, especificamente, não só dá para administrar o clube com uma tranquilidade financeira como montar equipes que visem a disputa de títulos.

UOL Esporte: E de onde vem esses R$ 200 milhões?
Orlando Rollo:
Faz parte da previsão orçamentária, são todas as formas de arrecadação do clube no que tange a marketing, patrocínios, parcerias, é valor total que o clube arrecada que está previsto.

UOL Esporte: Espera pegar o clube com os salários dos atletas atrasados?
Orlando Rollo
: A gente espera, sim. Eu, o Vagner Lombardi (candidato a vice) e a nossa equipe espera pelo pior. Por isso já temos um planejamento. A nossa preocupação não é só a campanha eleitoral. Lógico que a preocupação é a eleição, temos que ganhar, mas já tem uma equipe no planejamento do futebol.

UOL Esporte: Ao assumir em dezembro e já pegar os salários atrasados, o que fazer? Esses R$ 200 milhões não vão aparecer em janeiro.
Orlando Rollo
: Não, eles aparecem gradativamente no transcorrer do ano. Não são R$ 200 milhões que caem de uma vez como se tivéssemos ganho na loteria, ele chega gradativamente.

UOL Esporte: Então como vai resolver a situação em janeiro?
Orlando Rollo:
Ainda bem que nós já temos algumas parcerias direcionadas. Em janeiro, esses empresários, parceiros, já vão nos dar uma estrutura. Porque é um absurdo um clube como o Santos não ter um patrocinador máster. Tanto é que na receita para o ano que vem já colocaram os R$ 18 milhões previstos com o patrocínio, um valor que é variável, pode ser menos, pode ser mais, a gente trabalha até com números superiores. Sabemos que quando trouxermos esse patrocinador máster vamos ter uma grande folga para poder trabalhar no aspecto financeiro.

UOL Esporte: Sobre o caso Leandro Damião. Todos empurram ou falam superficialmente sobre o tema. Como resolver isso?
Orlando Rollo:
Vou ser direto, não tem como resolver. O atleta já deu prejuízo, ele ficando ou indo embora o Santos já arcou com o prejuízo. O que vamos ter que fazer? Vamos ter que estudar as consequências de um prejuízo menor para o Santos, com uma saída satisfatória. E nesse caso é uma verdadeira caixa-preta. Existem diversas cláusulas e condições confidenciais no contrato que precisam ser estudadas para sabermos o destino que vamos dar para ele e isso nós só vamos ter conhecimento formal no dia 1º de janeiro. O atleta, como eu disse, já deu prejuízo. Esperamos entrar em uma resolução que dê menos prejuízo para o Santos, infelizmente. É uma contratação que qualquer criança de dois anos sabia que não ia vingar. Todo mundo sabe que o atleta vinha em decadência de três anos para cá, ainda mais com esses valores exorbitantes? Não sei a quem interessou essa negociação.

UOL Esporte: A ideia é perder menos, então? Resolver a situação dele é uma das suas prioridades?
Orlando Rollo:
Agora é perder menos porque não podemos ser utópicos e enganar o torcedor. O Santos já perdeu. Uma das prioridades de resolução é o Leandro Damião. O nosso candidato a vice, Vagner Lombardi, conhece o contrato dele e está estudando com o nosso pessoal que provavelmente estará a frente do futebol uma solução rápida e imediata para o caso Leandro Damião. A princípio não interessa, mas podemos chegar a um acordo em que o Santos tenha menor prejuízo do que já teve e se, talvez, algum fator externo motive o jogador e ele comece efetivamente a jogar, o que eu não acredito, também, não posso ser demagogo. A princípio não interessa, mas outros fatores podem mantê-lo no time.

UOL Esporte: Só vai ficar com ele se não conseguir negociar. A verdade é essa?
Orlando Rollo:
É verdade.

UOL Esporte: Com relação a reforços, o que você tem de ideia. Trazer reforços tops ou investir no bom, barato e eficiente?
Orlando Rollo:
Temos uma metodologia de trabalho que queremos implantar a partir do ano que vem. Queremos alavancar a base, incentivar que sejam promovidos e, para isso, vamos aumentar ainda mais a exploração do nosso trabalho de base, porém queremos mesclar esses jovens atletas com outros experientes de renome, com passagens por seleções, e não precisa ser necessariamente a seleção brasileira. A gente entende que esse tipo de trabalho mesclando jovens recém promovidos da base com jogadores de renome, experiência,servem de fator emocional e evolutivo na carreira dos jovens atletas. Gosto de citar o caso do Neymar, em 2010. Todo mundo sabe que o Neymar ia evoluir, e muito, mas o fato de estar com o Robinho no time em 2010, em alta, em um ótimo momento, serviu para a evolução dele se dar de uma maneira mais rápida. Então queremos adotar essa filosofia de trabalho, por exemplo.

UOL Esporte: A ideia entre os experientes é trazer alguém de fora, repatriar alguém?
Orlando Rollo:
É manter o Robinho, a nossa prioridade, estamos fechando um planejamento estratégico visando o pós-agosto, que é justamente para mantê-lo, que é a prioridade, o grande ídolo, não podemos pensar em perdê-lo. Além de tentar repatriar algum jogador com grande identidade com o clube.

UOL Esporte: Então você concorda que o Robinho foi um acerto da atual diretoria?
Orlando Rollo:
Olha, em 1 milhão de erros eles tinham que pelo menos ter um acerto. Em um gráfico percentual estão muito abaixo da média, mas eles têm que acertar uma.

UOL Esporte: O Robinho diz que o futuro pertence ao Milan, pois se receber uma proposta em janeiro pode sair. Você acha que dá para fazer alguma coisa de diferente do que foi feito por essa diretoria para mantê-lo?
Orlando Rollo:
Não é só manter. É manter e mantê-lo motivado. Em 2010 ele estava aqui e estava muito motivado. Então, o que impulsiona esse aspecto motivacional? De onde vem? Pagamento de salários em dia é um fator preponderante e o outro é ter uma equipe competitiva para que ele possa desenvolver o seu grande futebol. Pelo que temos notícias nenhum desses dois fatores estão sendo alcançados. Isso, eventualmente, pode vir a desmotivar o atleta. Então, pagando o salário em dia, tendo um plantel bom para que possa desenvolver o seu futebol ele vai fazer muita força para ficar no pós-agosto.

UOL Esporte: Você deseja acabar com o Comitê Gestor, é isso?
Orlando Rollo:
É, não deveria nem ter sido instituído. É uma forma errônea de se administrar o clube, burocrático, letárgico. A política e administração do futebol exigem decisões ágeis, dinâmicas, sérias, então não dá para ficar se reunindo uma vez por semana, ou uma vez a cada 15 dias, para decidir questões que precisam ser tomadas em frações de segundos. Queremos manter uma estrutura profissional no clube, com gerentes, supervisores, porém que volte ao modelo tradicional adotado nos principais clubes do Brasil, em que exista um presidente, um vice-presidente e um diretor de futebol. Aí sim começa a hierarquia dos funcionários, com gerentes, superintendentes e etc.

UOL Esporte: Com relação ao Zinho, o que acha dele? Dá pra mantê-lo ou não?
Orlando Rollo
: O Zinho é um excelente profissional, mas para o Palmeiras, para o Flamengo, porque tem um bom trânsito nesses clubes, tem o conhecimento desses clubes, conhece de futebol, mas para o Santos podemos trazer um profissional que tenha identidade com o clube, além de ter experiência e vivência, isso agregaria mais. Um exemplo: temos um projeto de jogos estratégicos em locais geográficos onde o Santos tem grande representatividade de sua torcida. Sempre cito Maringá, Londrina, Presidente Prudente, região do grande ABC. O Santos, eventualmente, pode mandar jogos em outras praças. Por que? Porque estamos cansados de saber que o Santos tem torcida ali. Em Cuiabá, com todo o respeito aos moradores, mas todo mundo sabe que a torcida do São Paulo lá é maior que a do Santos. Então, o Santos nunca poderia ter mandado um Santos x São Paulo lá. A torcida preponderante no estádio foi a do São Paulo. Depois, o Zinho deu uma entrevista dizendo que não sabia que tinham tantos são-paulinos lá. Como um profissional que é gerente do Santos não sabe que o rival tem maior torcida, é um absurdo. Se fosse um profissional com identidade com o Santos nunca cometeria uma gafe dessa. Eu até faria eventualmente algum jogo do Santos em Cuiabá, mas qual jogo que eu mandaria por lá? Um que eu sei que a torcida do Santos seria superior, como em um Santos x Portuguesa ou Santos x Paraná. Privilegiaria dessa maneira os torcedores do Santos que são de Cuiabá com a torcida preponderante no estádio.

UOL Esporte: O Santos teve problemas com os ídolos recentemente: Giovanni, Léo, Elano... Você tem alguma ideia para eles?
Orlando Rollo:
Temos, sim, a gente quer recuperar a nossa imagem com esses ídolos que saíram chateados com as últimas administrações do clube. Os ídolos têm que ser preservados, louvados pela nossa torcida, e não foi isso que ocorreu. Temos alguns planejamentos específicos, principalmente no que tange ao marketing, ao futebol, de uso de imagem desses ídolos, ações pontuais em que se façam presentes. Então, esses ídolos terão bastante espaço durante a nossa administração, serão valorizados efetivamente. Vamos trazer todos de volta ao nosso clube.

UOL Esporte: Com relação a Vila Belmiro, você quer retirar camarotes térreos e promover a volta da geral. Você chegou a ver se realmente poderá ser feito isso?
Orlando Rollo:
É que o termo que eu uso serve apenas para ilustrar na cabeça do torcedor do que queremos como destinação daquela área. O nome, claro, não seria a geral da Vila Belmiro, seria na verdade um setor mais popular para que se objetivasse a volta do efeito alçapão. É possível, sim, a retirada desses camarotes, estamos analisando caso a caso na questão contratual e jurídica e já vimos que é possível. Na verdade, alguns camarotes serão extintos, enquanto outros serão realocados para outros setores do clube, mas é possível, sim, a instituição da volta do efeito alçapão.

UOL Esporte: Mas como seria isso? O torcedor ficaria de pé? Teriam cadeiras no local?
Orlando Rollo
: Depende do lado da Vila Belmiro. Para ilustrar, atrás do gol do placar o pessoal fica de pé, não tem como sentar, como já é feito hoje tradicionalmente. Em baixo do associado, também. Atrás do outro gol em baixo do retão, torcedores sentados.

UOL Esporte: E você tem alguma outra ideia com relação a Vila Belmiro? Levantar ela como La Bombonera?
Orlando Rollo:
O Santos não pode ficar para trás com relação aos outros grandes clubes do futebol brasileiro. Hoje não podemos mais pensar em nivelar a Vila Belmiro a Caio Martins, Laranjeiras, Gáveas, que são estádios de grandes clubes que ficaram ultrapassados. A Vila Belmiro tem que ser modernizada. O Santos Futebol Clube perdeu a oportunidade com o advento da Copa do Mundo de modernizar a sua arena. E isso não é culpa só da última gestão, não. A Copa do Mundo foi deliberada que seria jogada no Brasil em 2007, sob administração do Marcelo Teixeira. Então, desde 2007, ele já deveria ter se preocupado com o aspecto Vila Belmiro. Passaram-se as gestões Marcelo, Luis Álvaro e Odílio Rodrigues e nada foi feito, mas ainda há tempo. Existem três formas de viabilizarmos a modernização e ampliação da Vila: por meio de uma parceria pública, com a iniciativa privada ou recursos próprios. A última é a que mais me agrada, porém vamos decidir democraticamente de que forma faremos. A única coisa que posso lhe garantir é que a Vila Belmiro será ampliada e modernizada.

UOL Esporte: E isso você consegue fazer em quanto tempo?
Orlando Rollo:
A primeira parte queremos entregar no centenário da Vila, em 2016. É muito importante, pois em 2012 o centenário do clube foi mal aproveitado em questão de marketing, de futebol, e não queremos desperdiçar 2016, que é o centenário do estádio. Queremos dar uma cara nova para a nossa casa que tanto amamos e temos orgulho.

UOL Esporte: A capacidade aumentaria para quanto?
Orlando Rollo:
O ideal através de estudos de especialistas ligados a esse quesito seria de 45 mil pessoas, mas sabemos que ainda não é possível. Então, trabalhamos em uma ampliação real e concreto entre 25 mil e 30 mil espectadores coberto.

UOL Esporte: E o Santos jogaria aonde no período?
Orlando Rollo:
Aí que te falo do uso de jogos estratégicos em regiões onde o Santos tem grande aglomeração de torcedores. Jogaríamos, principalmente, em São Paulo, no Pacaembu, mas também em São José dos Campos, no ABC, mais especificamente em São Bernardo, tem Presidente Prudente, Maringá, Londrina, faríamos um grande rodízio. Mas no período a maioria dos jogos se daria em São Paulo.

 

UOL Esporte: Você falou que o grupo não é de promessas mirabolantes. Você não considera essa estratégia para a Vila uma promessa mirabolante?
Orlando Rollo:
Não, é uma proposta muito simples e de fácil execução, é só querer fazer. Na minha opinião a proposta mirabolante é a construçã de uma outra arena em Cubatão, Diadema... isso é mirabolante, mas a ampliação da nossa casa, modernização, não vejo assim.

UOL Esporte: Como vê a questão do espaço com os moradores?
Orlando Rollo:
Eu quando assumi quando vereador na câmara municipal de Santos apresentei um projeto de desafetação parcial das três ruas do entorno do Estádio Urbano Caldeira, com exceção a rua Princesa Isabel, que é a via principal de acesso ao estádio, ali não teríamos como desafetar porque interferiria na locomoção dos torcedores, mas as outras três ruas é totalmente viável, possível, já acontece normalmente nos dias de jogos do Santos. A única diferença é que ela ficaria permanente. Sendo assim poderíamos erguer as estruturas que vão possibilitar a ampliação da Vila Belmiro.

UOL Esporte: Quais são os seus planos para a base? A base do Santos corre riscos hoje, ou não?
Orlando Rollo
: Apesar de estar com bons resultados dentro de campo, fora dele estamos perdendo de goleada. Tem notícias que foram veiculadas pela imprensa de que nossos atletas ficam sem alimentação nos finais de semana, sem o devido acompanhamento psicológico e técnico. O que pretendemos possibilitar? Uma nova estrutura não só técnica e física, mas de assistência a esses jogadores, a parte educacional e cultural. Queremos ampliar o modelo de fisica dos centros de treinamento da base, temos que reformar esse CT atual da base, pois não tem condições técnicas e físicas adequadas e queremos criar projetos que são os nossos CTs decentralizados em regiões grande formadoras de atletas. Sempre cito o exemplo de Brasília, Distrito Federal. Ali é um celeiro de atletas, mas ali não existe uma visibilidade porque vão muito jovens para os clubes grandes do futebol brasileiro. Você pode reparar que todos os grandes clubes de futebol e nas últimas seleções sempre tem jogadores do distrito federal. Então, tendo essa informação das regiões onde surgem os grandes atletas, vamos fazer os centros de treinamento descentralizados lá, em parcerias, provavelmente, com o poder público e a partir do momento que esses atletas se destacarem virão para o nosso CT. Isso vai aumentar a curto e médio prazo o número de jogadores capacitados para estar na equipe principal.

UOL Esporte: E com relação ao CT Rei Pelé, ele já está ultrapassado? Você tem planos?
Orlando Rollo:
Tenho, sim, mas não posso ser um demagogo de plantão que fala que vai assumir e em janeiro vai revitalizar a chácara Nicolau Moran, ampliar a Vila Belmiro, reformar os CTs, isso faz parte do nosso planejamento, uma ampla reforma do CT Rei Pelé, mas não nesse momento. A Vila é a prioridade.

UOL Esporte: O Enderson não faz parte dos seus planos. Você tem em mente um treinador?
Orlando Rollo:
O Enderson é um profissional que eu respeito muito, mas, no momento, não faz parte dos nossos planos, talvez no futuro venha a fazer. O nosso treinador vai estar de acordo com a nova filosofia de trabalho. Queremos um treinador experiente, com nome internacional, que faz parte daquilo que falei um pouco antes, que goste de trabalhar com a base e que tenha autoridade para trabalhar com treinadores de alto nível.

UOL Esporte: Você foi dirigente da FPF. Quais são os seus planos com relação a entidade? Você saiu fazendo críticas. Dá para bater de frente? Haverá uma reaproximação?
Orlando Rollo:
Essa questão da Federação Paulista de Futebol nós vamos sempre defender os interesses do Santos Futebol Clube, é a nossa prioridade. Se tivermos que bater de frente, se o Santos for prejudicado, vamos bater. O grande problema, convivi um ano lá, é que o Santos de algumas décadas para cá tem uma sucessão de dirigentes que foram subservientes ao poderio dos coroneis do futebol paulista e aos barões do futebol brasileiro, e é esse quadro que queremos mudar. Não podemos mais aceitar isso de dirigentes do Santos, não temos esse perfil e quando for necessário, somente quando for necessário, vamos bater de frente.

UOL Esporte: Com relação aos sócios fantasmas, você é herói ou vilão?
Orlando Rollo:
Nem herói, nem vilão. Denuncio o que está errado, vou continuar denunciando sempre sendo conselheiro, associado ou presidente. Você pode reparar eu sou conselheiro mais jovem do Santos, desde 1999, só ficando de fora no mandato 2008/2009. E como conselheiro sempre fiz denúncias. Em 2008 e 2009 não fui e continuei fazendo denúncias, voltei para o Conselho, as faço. O que tiver de errado nós vamos fiscalizar, o que importa o Santos Futebol Clube.

UOL Esporte: Com relação as denúncias, você que apresentou e, de repente, parece que te deram um contra-ataque.
Orlando Rollo
: Eu sou policial. Bacharel em direito, mas policial civil. Então, estou acostumado a lidar com criminosos e digo que 90% das prisões que a polícia efetua contra mal-feitores os criminosos acusam os policiais pelas suas mazelas. Então, estou acostumado a lidar com criminosos e isso não me abala.

UOL Esporte: E o que dá para trazer da sua experiência como policial para ser presidente do Santos?
Orlando Rollo:
Acho que tem muito a ver, se for ver grande parcela dos clubes do Brasil tem dirigentes com origem na atividade policial.

UOL Esporte: O caso Neymar. O que fazer para abrir essa caixa preta?
Orlando Rollo:
Fui até a Espanha, conversei com o grupo oposicionista do Barcelona, trouxe uma série de documentos até então inétidos, alguns valores e condições desconhecidos, protocolei no Conselho Deliberativo, mas a própria oposição da Espanha fala que essa negociação 100% ninguém nunca vai saber como aconteceu, pois existe uma sobreposição nos contratos. Existe um contrato principal, cheio de cláusulas de confidencialidade, e existem, aproximadamente, outros dez contratos sobrepostos também cheios de cláusulas assim. Então, esses contratos dificilmente teremos acesso e muito dificilmente teremos acesso integral aos valores e condições. O que garanto é que não vamos desistir de lutar por aquilo que é devido ao Santos Futebol Clube.