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Escutas no Fla aconteciam no estacionamento. E agora vão parar na polícia

A diretoria do presidente Bandeira está pressionada pelas denúncias de grampos - Divulgação/Fla Imagem
A diretoria do presidente Bandeira está pressionada pelas denúncias de grampos Imagem: Divulgação/Fla Imagem

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/11/2014 12h00

As denúncias de espionagem continuam nos bastidores do Flamengo. Depois de acusar a administração Bandeira de Mello de grampear telefones e monitorar e-mails de conselheiros e funcionários, a oposição recebeu informações de que a maioria das escutas aconteciam no estacionamento da Gávea e planeja ir à polícia apresentar queixa.

Responsável, junto com o conselheiro Marcelo Vargas, por protocolar no Conselho Deliberativo o pedido de investigação do caso apelidado de "Urubugate", Gonçalo Veronese revelou a forma como as informações chegaram aos membros da oposição e circularam na Gávea.

Membro do Conselho Fiscal rubro-negro, Veronese contou que as denúncias apontaram para o estacionamento da sede como um dos locais de atuação da empresa By Appointment, inicialmente contratada por seis meses em 2013 para prestar os serviços de assessoria em gestão de qualidade e aluguel de equipamentos.

"O Arthur Alexandre [sócio da empresa] esteve presente em vários eventos da diretoria antes da eleição de 2012. As denúncias apontam que o próprio utilizou um equipamento conhecido como guardião para realizar as escutas no clube. Ele foi visto diversas vezes por gente que frequenta o Flamengo. É tudo muito grave", afirmou.

"As pessoas estão com medo das gravações. É um absurdo se as denúncias forem comprovadas. Protocolamos também o pedido de investigação sobre a utilização de perfis falsos na internet para atacar quem se manifesta contra a direção. Fazem isso nas redes sociais e nos portais de notícias", completou.

Enquanto aguarda a decisão do presidente do Conselho Deliberativo, Delair Dumbrosck, sobre a abertura da comissão de inquérito, os grupos de oposição planejam avançar e esclarecer o caso na polícia.

"Queremos apurar os indícios de que houve grampo ilegal. Não temos certeza se aconteceu desta forma, mas são diversas denúncias. Uma em cima da outra. É o tipo de contrato totalmente inconstitucional. Se as denúncias continuarem, vamos à polícia registrar uma notícia-crime. O delegado examina e decide se abre a investigação. Queremos saber exatamente o que aconteceu", revelou Veronese.

Contrato espionagem Flamengo 1 - Reprodução - Reprodução
Contrato celebrado entre Flamengo e a empresa By Appointment em abril de 2013
Imagem: Reprodução

Com medo de represálias, os funcionários não falam abertamente sobre o assunto. Porém, comentam os acontecimentos nos corredores da Gávea desde que não sejam identificados.

"Mais de uma vez o Arthur foi visto no estacionamento fazendo escutas. Ele foi flagrado pelos seguranças e chegou a ser constrangedor", comentou um funcionário.

O Flamengo diz acreditar que a oposição não provará qualquer denúncia. O Rubro-negro nega os grampos telefônicos e admite apenas que a By Appointment foi contratada para realizar avaliações da rede, verificação de possíveis escutas em salas de reuniões e de hackers no sistema. O contrato foi encerrado há pouco mais de um ano.