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Torneio na Disney empolga, mas causa mal-estar no Flu

O camisa 9 Fred fez parte sua pré-temporada de 2014 no CT da Disney em Orlando - Divulgação
O camisa 9 Fred fez parte sua pré-temporada de 2014 no CT da Disney em Orlando Imagem: Divulgação

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/11/2014 06h00

Um torneio na Disney tem causado polêmica nas Laranjeiras. A participação do Fluminense na Florida Cup nos primeiros dias de janeiro de 2015 empolgou o clube pela possibilidade de promover a marca do Tricolor nos Estados Unidos e lucrar, mas gerou um mal-estar nos bastidores, principalmente por interferir no tempo útil de preparação para a próxima temporada.

A Florida Cup reunirá Fluminense, Corinthians e os alemães Bayer Leverkusen e Colonia em jogos marcados para os dias 15 e 17 de janeiro, no CT da Disney em Orlando e Jacksonville. O mal-estar vem do fato de que o Tricolor terá apenas cinco dias de preparação antes dos amistosos, além do desgaste pelo deslocamento internacional em curto período de tempo.

A participação no torneio surgiu de um convite da 2SV Sports, antiga parceira do Fluminense em seu projeto de internacionalização. A empresa, por exemplo, intermediou a ida do sub-23 tricolor para a Walt Disney Pro Classic no primeiro semestre de 2013, contra times da Major League Soccer (MLS), liga americana profissional de futebol.

O departamento de marketing encampou a participação na Florida Cup como oportunidade de ouro para manter o Fluminense em alta nos Estados Unidos e como fonte de recursos com eventos e outras ativações. A ideia, no entanto, não agradou os integrantes do departamento de futebol do Tricolor, inclusive ao técnico Cristóvão Borges, que chegou a criticar a ida em público recentemente.

Os jogadores também não gostaram da ideia, já que terão poucos dias para se prepararem antes de entrar em campo no primeiro amistoso da pré-temporada, contra o Bayer Leverkusen, no dia 15 de janeiro. O meia Wagner foi o porta-voz da insatisfação em entrevista coletiva concedida nesta semana.

“Vai ser complicado porque pegar uma equipe de qualidade treinando apenas cinco dias, depois de 30 de férias vai ser muito difícil de estar conseguindo competir no mesmo nível. E na Europa já vai estar na metade da temporada... Vamos ver o que acontece. Posso dizer que duas semanas vou descansar bastante, mas depois disso vou ter que começar a correr e me preparar bastante, porque, se chegar lá depois de um mês só descansando e brincando com os filhos, não vou conseguir correr, não”, disse Wagner.

Responsável pela relação com a 2SV Sports, o gerente de futebol do Fluminense, Marcelo Teixeira, é um dos defensores da viagem. Segundo ele, as reclamações são algo natural por causa do apertado calendário do futebol brasileiro, mas o time terá tempo suficiente de preparação após o retorno dos Estados Unidos, no dia 18 de janeiro. A primeira rodada do Campeonato Carioca acontecerá no dia 1º de fevereiro, 13 dias depois.

“Acho natural [as críticas] porque no Brasil temos muita dificuldade com o calendário. Há quanto anos que não temos essa oportunidade de disputar um torneio no exterior? A oportunidade que temos é em janeiro. Não vejo problemas nas declarações, acho natural. Isso faz parte de um processo de mudança no calendário”, argumentou Marcelo Teixeira ao UOL Esporte.  “No começo de 2014, treinamos praticamente só sete dias e fizemos uma partida oficial. Lá teremos dois amistosos em que todos os 11 jogadores podem ser substituídos, jogarão menos tempo”, complementou.

O Fluminense terá sua pré-temporada dividida em três etapas. Na primeira, os jogadores se reapresentarão no Rio de Janeiro para exames e testes físicos por dois dias; depois, no dia 8 de janeiro, viajam para os Estados Unidos, de onde voltam no dia 18 para o encerramento da preparação nas Laranjeiras até o dia 1º de fevereiro, data da estreia no Carioca.

“Essa ida aos Estados Unidos é parte de um plano muito maior nos últimos dois anos. Fomos pra Holanda, emprestamos o Igor Julião, que foi o melhor jovem da MLS. Temos um trabalho grande no futebol americano que culminou nesse convite. Então dentro desse projeto, fizemos a avaliação que valeria jogar um torneio internacional que não acontece há muito tempo. Claro que tem um ganho financeiro também”, explicou Teixeira, que negou que a decisão tenha sido imposta ao futebol tricolor.

“Foi uma decisão tomada em conjunto entre presidência, futebol e marketing do Fluminense”, disse o dirigente.

A última viagem do Fluminense ao exterior não rendeu bons resultados dentro de campo. Na pausa para a Copa das Confederações de 2013, o Tricolor realizou sua intertemporada no mesmo local e emplacou uma sequência de derrotas em seu retorno ao Campeonato Brasileiro que custaram a cabeça do então técnico Abel Braga.