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Joia do Fla encanta time inglês, e chefes dão dura se ele não recebe bolas

Adryan (dir.) em jogo da seleção brasileira sub-17 em 2011 - Ulises Ruiz Basurto/Efe
Adryan (dir.) em jogo da seleção brasileira sub-17 em 2011 Imagem: Ulises Ruiz Basurto/Efe

José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

29/11/2014 06h00

Figura carimbada em quase todas as categorias de base da seleção brasileira. Títulos internacionais com a camisa verde e amarela e prêmio de craque em um dos torneios. Tudo isso somado ao desempenho acima da média nas equipes de formação do Flamengo fizeram o garoto Adryan ser considerado uma das maiores joias do futebol nacional.

Foi comparado a Zico pelo tradicional jornal italiano La Gazzetta dello Sport e entrou em lista do tabloide inglês Daily Mirror como um dos jovens mais promissores do futebol mundial. A expectativa e ansiedade criadas dentro da Gávea para que a revelação despontasse rapidamente foram tantas que Adryan estreou precocemente pelo profissional aos 16 anos.

No entanto, depois de 48 jogos em quase três anos, o jogador não correspondeu e perdeu espaço no clube, sendo incluído em uma lista de dispensas. Com contrato até 2016 com o time carioca, foi emprestado no Cagliari, da Itália, no início deste ano. Não foi foi o solo italiano que o fez despontar. Sofreu com uma lesão no joelho direito e quase não jogou.

A mesma Inglaterra cuja imprensa o reverenciou acabou por acolhê-lo. Adryan está agora emprestado até maio do ano que vem no Leeds United, um dos gigantes do país, mas que há muitos anos sofre com campanhas ruins e hoje disputa a segunda divisão.

O jovem, hoje com 20 anos, busca um recomeço e conta que está cheio de moral com o treinador do time, Neil Redfeardn, e com o presidente, Massimo Cellino. Ambos tratam o ex-flamenguista como uma estrela e depositam muita confiança de que possa estourar por lá. O atacante revela que o treinador dá até bronca quando os companheiros não passam a bola quando Adryan está bem posicionado.


“O  treinador era do sub-21 e subiu para o profissional. Antes de começar o treino, ele fala para o time inteiro, que quando pegarem na bola, é para tentar me procurar no campo pra que eu busque fazer algo diferente. Eles estão depositando uma grande confiança em mim, principalmente o treinador. Não tem como não jogar bem desse jeito, pra mim confiança é tudo. As jogadas saem naturalmente. O treinador fala até palavrões pros jogadores quando não me passam a bola", falou Adryan ao UOL Esporte.

“O Massimo Cellino era o presidente do Cagliari e comprou o Leeds. Quis me levar junto para a Inglaterra. O presidente aqui é apaixonado por mim. Ele tem uma vontade absurda de me ver jogar. Ele me deu a camisa 9 aqui”, continuou.

Adryan fez seis jogos até agora pelo Leeds na segunda divisão inglesa, com duas assistências. Fez um gol em um jogo amistoso. O tradicional clube da Inglaterra faz campanha apenas regular na Série B local, na 16ª colocação, 15 pontos atrás do líder Derby County.

O jovem de 20 anos  não entende que tenha queimado etapas ao estrear tão jovem no profissional do Flamengo. Crê que teve sua chance e que se a aproveitasse de uma maneira melhor, o caminho poderia ter sido outro.

“Na minha opinião, as coisas aconteceram no tempo justo. Se eu tivesse arrebentado, feito um monte de gols e jogado muito, ninguém falaria nada sobre isso. As coisas foram dando certo (para subir para o profissional). Fiz bons campeonatos na base, acabei me destacando e sendo a referência.  A pressão era muito grande para que eu jogasse no profissional, explicou.

Nem mesmo a exaltação da imprensa europeia como futuro craque e a comparação com Zico são vistas como algo que atrapalharam a carreira. Adryan diz não gostar da comparação com grandes nomes em termos de expectativa, mas não usa isso para justificar insucessos. A pressão da torcida por bons resultados pesava mais, diz o jovem.

“Essas coisas não me atrapalharam muito, porque no Flamengo é a pressão a coisa mais difícil de lidar. Acaba sendo mais difícil lidar com torcida do que com valores. Era difícil a pressão, mas minha família e os jogadores me ajudaram muito nisso. As pessoas me comparavam com Zico, e aqui na Inglaterra chegaram a comparar com Kaká. Mas eu prefiro evitar esse tipo de situação”, explicou.