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Provocações e disputa de título acirram rivalidade mineira para ano que vem

Bernardo Lacerda

Do UOL, em Belo Horizonte

29/11/2014 06h00

A rivalidade entre Atlético-MG e Cruzeiro, que sempre foi considerada uma das maiores do futebol brasileiro, se acirrou ainda mais na reta final deste ano quando os times decidiram a Copa do Brasil, título conquistado pelo alvinegro mineiro. E essa disputa promete novos e emocionante capítulos em 2015, já que a expectativa é que os vitoriosos trabalhos conduzidos por Levir Culpi e Marcelo Oliveira sejam mantidos, além da base dos dois times titulares.

Os desentendimentos entre as diretorias por causa de ingressos para os visitantes nos dois jogos da decisão da Copa do Brasil e as provocações entre os jogadores reforçam o cenário de rivalidade ainda maior para a próxima temporada. Além do Campeonato Mineiro, Cruzeiro e Atlético já estão garantidos na Libertadores, repetindo o que aconteceu este ano e prometendo uma disputa à parte entre os tradicionalíssimos adversários.

Desde 2013, os dois rivais disputam títulos e alternam a festa em Belo Horizonte. No primeiro ano, o Atlético foi campeão da Libertadores de forma inédita. Pouco depois, o Cruzeiro conquistou o Brasileirão, abafando a comemoração do rival, que ainda conviveu com a derrota inesperada no Mundial de Clubes. Isso gerou gozações do lado celeste contra os atleticanos no final do ano.

Nesta temporada, a rivalidade teve capítulos inéditos que deixarão reflexos para 2015. O Cruzeiro foi campeão Brasileiro. Em determinado momento do torneio, o Atlético chegou a ser uma das ameaças para o rival na busca pela conquista nacional. Antes disso, na decisão do título mineiro, a equipe celeste levou a melhor.

O auge da rivalidade, no entanto, aconteceu na disputa do título da Copa do Brasil. Pela primeira vez dois times de Minas Gerais decidiram título nacional. Após a derrota por 2 a 0 no jogo de ida da final, no Independência, os atletas celestes não amenizaram o tom nos discursos. Apesar da desvantagem, Egídio e Ricardo Goulart disseram que o título ficaria com o Cruzeiro. “Quarta-feira tem mais”, afirmou Goulart, após comemorar o título brasileiro, domingo passado, na vitória sobre o Goiás, por 2 a 1, no Mineirão.

Os atleticanos deixaram as respostas para o final do jogo, na última quarta-feira. Luan afirmou que o rival tremia quando enfrentava o Atlético e decretou: “O Mineirão é nosso salão de festa”. Marcos Rocha afirmou que o rival precisava respeitar o alvinegro de Belo Horizonte: “Futebol se ganha em campo, tem de respeitar”. 

Por sua vez, os cruzeirenses não perderam a chance de retrucar. O goleiro Fábio disse que o título do Brasileiro era mais importante. “Conquistamos o Brasileiro, não dá para comparar os títulos, é muito mais importante”, afirmou. Ricardo Goulart, que mandou recado a Marcos Rocha: “Parabéns para eles, agora manda ele ganhar dois Brasileiros seguidos”. 

Até mesmo na comemoração, após o apito final na quarta-feira, houve rivalidade. Os atleticanos comemoravam com a sua torcida, presente em menor número ao Mineirão, enquanto o time celeste, mandante, foi direto para os seus torcedores e celebrou ainda a conquista do Brasileirão. Jogadores atleticanos não gostaram da atitude dos cruzeirenses. 

“Forçou (Cruzeiro ao comemorar), Brasileiro passou, momento era nosso, eles sentiram um pouco de inveja, eu percebi, quando a gente começou a girar o Mineirão inteiro, pessoal já veio bater de frente. Mas valeu a pena, importante o título, segundo em cima deles, mais um no Mineirão”, rebateu o volante Leandro Donizete.

O zagueiro Leonardo Silva tentou colocar panos quentes nas polêmicas, mas não perdeu a oportunidade de provocar sutilmente o rival. “Nossa motivação maior era a conquista, a gente sabe que isso tudo acontece, mas futebol não é conquistado antes da partida. É conquistado durante a partida, foi o que o Atlético fez”, disse.