Topo

Secretaria investiga agressão de policiais a jornalista na Vila Belmiro

Do UOL, em São Paulo

01/12/2014 18h55

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo vai abrir nesta segunda-feira um inquérito para investigar agressões de policiais ao jornalista Bruno Cassucci, do jornal Lance!, nos arredores da Vila Belmiro neste domingo. Cassucci relatou que foi agredido e torturado ao registrar uma uma briga entre torcedores e policiais militares nos arredores do estádio, após o jogo entre Santos e Botafogo.

A SSP-SP afirma que irá apurar a responsabilidade dos envolvidos, e que, caso comprove que os incidentes relatados são verdadeiros, vai punir os policiais por abuso de poder.

A Secretaria de Segurança Pública não tolera a prática de abusos por policiais. Um inquérito policial militar (IPM) foi aberto para apurar os fatos relatados pelo jornalista Bruno Cassucci. Se ficarem comprovadas as afirmações do repórter, os policiais serão punidos na forma da lei.

Entenda o caso

Cassucci trabalhava na cobertura da partida, e se aproximou para obter informações sobre uma confusão entre torcedores santistas e Polícia Militar após o apito final. Ao se aproximar, foi ordenado a se afastar pelos policiais, que quando viram que o repórter registrava imagens com o celular, começaram as agressões.

“Estava tirando fotos com o celular quando um policial me viu e, com a arma apontada para mim, gritou para eu encostar na parede, com as mãos para o alto. Eu disse que era jornalista, mas isso parece não ter ajudado, pelo contrário. No procedimento padrão - ao qual já havia sido submetido em abordagens policiais no passado - fui revistado com certa agressividade, mas até aí tudo bem. Depois de verificar que eu estava "limpo", o policial, já cercado por outros, pediu para eu abrir minha mochila, que também foi revistada. O passo seguinte foi tomar meu celular. O oficial pediu para eu desbloquear o aparelho e acessar as imagens. Ele então começou a apagar uma por uma. O procedimento durou uns cinco minutos, que pareceram eternos”, relatou o jornalista em uma rede social.

Durante a queima de arquivo, o repórter relata que recebeu um tapa no rosto de um dos policiais ao olhar para trás. “Enquanto ele fazia isso, uma outra autoridade pediu para eu não olhar para trás. Errei. Instintivamente, segundos depois eu acabei olhando para o celular e então fui agredido no rosto”.

Depois das agressões, Cassucci ainda conte que foi torturado pelos policiais. Um deles chegou a colocar uma bomba de efeito moral dentro de suas calças, e ameaçou detoná-la.

“Um PM aparentando muito nervosismo, se colocou entre mim e a parede, pegou uma bomba de efeito moral, puxou minha calça e a colocou dentro. "Você não é macho? Quero ver ser macho agora". Como fiz durante todo o episódio, expliquei que era jornalista, pedi desculpas, o chamei de "senhor". Ele falou mais algumas coisas que não me lembro agora e saiu”.

Algum tempo depois, com as provas do ocorrido deletadas, o jornalista conta que foi liberado. A briga entre torcedores foi registrada no 7º Distrito Policial de Santos.