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Mano não dá nome a inimigos e diz que imagina sucessor no Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

06/12/2014 20h21

Apesar de anunciar a já aguardada saída do comando do Corinthians, Mano Menezes não quis fazer críticas diretas. Depois de vencer o Criciúma por 2 a 1, neste sábado, o treinador resumiu seu trabalho, elogiou os colegas de grupo e disse imaginar quem será o sucessor no clube. O favorito destacado é Tite.

Questionado sobre os planos para 2015, Mano disse que não pretende assumir clubes imediatamente, embora seu nome seja um dos cotados no Internacional. A ideia do treinador é atuar no exterior a partir do segundo semestre do próximo ano.
Leia os principais pontos da entrevista:
Motivos da saída
Acho que ficou bastante clara a intenção que o Corinthians queria dar para continuidade ou não do trabalho algum tempo atrás. Ou ao menos para as pessoas que possivelmente assumirão o Corinthians na nova administração. Pela experiência que tenho do futebol, a gente sabe ler nas entrelinhas, embora não se posicionem publicamente.
Mário Gobbi
Ajudei um grande amigo a fazer um dos objetivos de sua administração. Em quem aprendi a confiar, em quem aprendi a respeitar e ele a me respeitar. Convivemos desde 2008. Ele me convidou para esse trabalho nesse ano. Penso que fizemos bem. A parte mais importante que levo é o carinho dos torcedores de verdade, que encontro na rua, que vêm ao estádio, e com quem às vezes até converso nos 90 minutos.
Retorno ao Corinthians
Não estou pensando nisso agora. Procurei fazer o que procuro em todos os lugares que trabalho. É dar meu melhor pensando no clube para que esse respeito que um tem pelo outro seja mantido. Agora, o futebol depende muito de quem dirige, da opinião das pessoas. Vai depender muito do momento. Só levo coisas boas do Corinthians como da primeira vez que passei aqui.
Relação com possível diretoria de 2015
Continuo pensando o que sempre disse. A relação do técnico com sua direção tem que ser de extrema confiança porque, ao longo de uma temporada, passamos momentos extremamente difíceis. É nessa hora que a confiança mútua segura o trabalho. Se ela não existe, lá na frente vai balançar, e não quero passar por isso. Se o Corinthians também não quer, as partes entendem da mesma forma para que não tenha continuidade.
Sensação na saída
Saio daqui consciente que realizamos o que nos propomos a realizar na temporada. Vim para fazer uma reformulação. Foi iniciada, foi feita de forma forte e a gente sabia que reformulação, pela experiência que tem, gera desgastes. E disse isso na primeira entrevista que concedi no início da temporada.
Saldo do trabalho
Recuperamos jogadores importantes ao longo da temporada, que voltam a ter confiança no final. Lançamos jogadores promissores. A gente sentiu a satisfação do torcedor em ver Malcom jogar como jogou o tempo quase todo. E classificamos de bônus para a Libertadores.
Andrés Sanchez prejudicou o trabalho?
Essa situação está bem clara há bastante tempo, vocês só queriam que eu falasse. Então não preciso falar. Se
ela está clara...todos sabem quem queria que eu ficasse e quem queria que eu não ficasse. Se vocês sabem, podem dizer. As pessoas têm direito de pensar dessa forma. Sei que o futebol é assim, isso nunca me incomodou.
Frustração por não seguir após reformular?
Não terminar trabalhos sempre gera pelo menos um sentimento que se queria mais. O trabalho mais desgastante é duro. Uns não querem fazer, querem ser bonzinhos. Que deixe para o profissional.
Sucessor no Corinthians
Eu imagino (quem seja). Porque, como disse para vocês alguns dias atrás, você não esconde tão bem essas coisas. Temos relações entre nós profissionais, temos sondagens e às vezes em uma dessas sondagens você descobre seu possível sucessor. Por coincidência. Não tenho nenhuma negociação particularmente, vou decidir na próxima semana o que vou fazer.
Planos para o futuro
Minha ideia em principio para os próximos meses é não dirigir equipe brasileira. Posso dirigir um time fora do Brasil e, se isso não ocorrer, vou estudar nos próximos seis meses. Julgo serem muito importantes para o técnico e se não aproveitar...
Palmeiras
Ouvi questões desrespeitando o Dorival (Júnior) e não passam de boato. Ele me conhece, vivi uma situação parecida e tive a liberdade de pegar o telefone para dizer que não aconteceria. E dessa vez não peguei, porque ele me conhece.
Críticas à imprensa
Até dois ou três meses os senhores me criticavam muito. Ninguém tem paciência para esperar o término do trabalho. Ninguém analisa trabalho como trabalho, apenas como resultado. Se precipita nas avaliações, como aconteceu na seleção brasileira também. Vocês precisam assumir essa parcela, vocês influenciam muito a tomada de decisão.
Colegas de Corinthians
Só tenho que elogiar os profissionais que terminaram o ano comigo, disse isso a eles agora quando encerramos. Eles foram brilhantes, todos terminaram à minha disposição e isso é raro, ainda mais com todos os boatos que se ouvia, e só por isso que se conseguiu (ir à Libertadores).
Investimento no Corinthians
Sempre procuro comparar nosso grupo com outros grupos. Existem muitas frases prontas no futebol que nem sequer são analisadas de forma profunda. Investimento é salário? É contratações, novas aquisições...salário é algo regular que precisa se pagar e muitas vezes nem confirmam o potencial do teu grupo. Temos vários jogadores que estão na folha e não estão neste grupo.
Mudança de mentalidade
Esses programas que fazem um "auê" deseducam o torcedor de futebol. Você não pode estar na terceira vaga da Libertadores, tudo maravilhoso, torcedor elogiando todo mundo, e sai gol no outro estádio e o cara começa a te ofender. Precisamos educar essas pessoas, é nosso público.